Algumas pessoas se assustam com desafios, enquanto outras fazem deles os motores para uma trajetória de sucesso. Rodrigo Minella Dipp, co-CEO da Agência Escala, faz parte do segundo grupo. Durante toda sua carreira abraçou oportunidades que tinham objetivos claros, afinal, segundo ele, nunca entrou em nenhuma missão sem ter muito clara a direção que teria que ir e o que esperavam dele. Para o porto-alegrense de 43 anos, isso é um fator fundamental para planejar o caminho e ter protagonismo. Essa última palavra é como um mantra para Dipp: "tem que entrar para fazer acontecer, não pra cumprir tabela".
Graduado em Administração na PUCRS em 2005 e pós-graduado em Finanças pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e Estratégia e Finanças pelo Insper, ele garante que busca estar cercado de pessoas que também busquem fazer com que as empresas nas quais trabalham evoluam para outro patamar, bem como suas próprias carreiras.
Tal intensidade vem junto da responsabilidade, hoje ainda maior, ao estar à frente de uma das mais tradicionais agências de comunicação do Rio Grande do Sul, com cerca de 120 pessoas entre colaboradores diretos e prestadores de serviço. "Essa fase recente, em que assumi essa nova função, sem dúvidas, é a mais desafiadora pelo compromisso de seguir fazendo o negócio expandir e, ao mesmo tempo, muitos profissionais que estão ali dependem muito do meu trabalho e de um bom ambiente para que eles possam se desenvolver", garante.
Apesar de estar na Escala há mais de 10 anos, foi há pouco mais de dois anos que assumiu a posição de co-CEO, marco que considera sua maior conquista profissional, não só pelo seu próprio momento, mas por perceber também a conexão que as demais pessoas têm com a empresa. "Todos os lugares que passei, guardo com muito carinho e consigo associar com as minhas realizações pessoais, isso que espero que os colaboradores da agência sintam também."
Outro fator, é a relação de confiança com os demais sócios, que, de acordo com Dipp, mantém uma sintonia, somada à admiração e ao respeito. Por terem formações e experiências distintas, acredita que cada um dos oito sócios consegue ver o negócio por ângulos diferentes e complementares, ao mesmo tempo em que se atentam a compreender o olhar do outro.
Oportunidades na comunicação
Irmão mais velho da Camila e filho de Sandra Minella Dipp, professora e corretora de imóveis, e Luiz Fernando Dipp, bancário, ele esteve no segmento do pai apenas durante a faculdade, quando sua primeira oportunidade de inserção no mercado de trabalho foi com um estágio no Banrisul. Mas logo depois, em 2003, se aproximou da Comunicação - a qual não se afastaria mais -, com o ingresso no Grupo RBS, onde transitou em diferentes empresas da holding.
Já de início, gostou do ambiente e achou que ele seria propício para crescer. De estagiário de Planejamento Estratégico, área que sempre gostou, seguiu como analista de Planejamento Financeiro e coordenador Administrativo Financeiro da Unidade de Negócios de Rádios do Grupo.
O salto de carreira como gerente veio com o estímulo de morar em São Paulo para a joint venture da RBS com a Globo, a GEO Eventos, empresa de entretenimento, shows e ações de acesso a estádios. Lá sua missão durante dois anos foi desenvolver um novo negócio do zero. Depois seguiu no Sudeste, só que no Rio de Janeiro, quando o Grupo adquiriu a Hi Mídia, focada em Marketing Digital. Neste período, o objetivo foi fazer com que a organização se adequasse ao modelo da holding.
Seguindo no meio digital, retornou às suas origens, em 2012, como gerente executivo de Gestão e Finanças da equipe que teria como meta tornar os jornais do grupo digitais e com um futuro próspero, sem acelerar a queda do veículo impresso. "Foi uma trajetória linda, que me aproximou da comunicação em diferentes realidades, o que contribuiu com um conhecimento sobre áreas que são extremamente relevantes na minha atuação hoje", reflete.
Apenas o que ele considera um "período sabático" de três meses de estudos e turismo pelos Estados Unidos o separaram do início da sua jornada na Escala. Em 2014, chegou como diretor Financeiro, para a integração e desenvolvimento de novos projetos com o Grupo ABC. Foi onde se identificou com a cultura organizacional e seguiu por oito anos na posição até assumir a função atual.
Protagonismo também na família
Manuela, de nove anos, e Luca, de 5 anos, são os responsáveis por dar a ele o título de pai, o qual considera o seu papel mais importante e desafiador. Responsável principalmente pela rotina noturna dos filhos, ele busca na escola e os leva nas aulas de natação - nas quais também se exercita somadas às idas à academia - e futebol, além de manter o hábito de jantar junto com eles diariamente, pois sua esposa, Ana Flávia, geralmente chega mais tarde do trabalho, na área judiciária. Para além das atividades diárias, ele faz questão de estar presente no desenvolvimento escolar dos filhos, com ajuda nos estudos pré-provas. "Acho fundamental ser também um pai intenso e participativo", afirma.
A família teve início após uma viagem de férias para a Bahia. Foi lá que conheceu a paranaense Ana, em 2008. Desde então, mantiveram um relacionamento, noivaram e ela mudou-se com ele para São Paulo, para o Rio de Janeiro e depois para Porto Alegre. Também tiveram um período por Campo Bom, onde ela passou em um concurso e, após a primeira gravidez, foi onde moraram para facilitar o deslocamento dela para o trabalho. Anos mais tarde, retornaram à Capital.
Juntos, eles gostam de estar com a família e com os amigos. Também mantêm as visitas à fazenda da família em Vacaria, onde ele passava suas férias na infância com os avós e que guarda as lembranças do avô criando gado e envolvido nas plantações. Acredita que seja um grande privilégio poder criar essas memórias também em seus filhos, com menos intensidade nas idas ao campo, mas como momentos de qualidade juntos e de conexão com a natureza.
Somado a cozinhar, especialmente churrasco, as viagens estão entre os programas preferidos. Ir de carro para a casa dos sogros em Jacarezinho, no Paraná, passou de uma necessidade durante a pandemia, para um prazer de dirigir por longas estradas. Com a lógica de que futebol tem que ser entretenimento e diversão, assiste e acompanha as partidas do seu time do coração, o Grêmio, mas prefere vê-las pela televisão a ir ao estádio.
Legados da sua caminhada
Desde o início da sua carreira, percebe muitas mudanças nas atividades. Assim como a tecnologia que evoluiu e segue em constante desenvolvimento com o surgimento de novas plataformas e ferramentas, considera que as dinâmicas entre as pessoas é o que mais sente diferença. E, como gestor, é um dos fatores que o faz refletir constantemente na sua rotina, a fim de seguir fazendo com que as pessoas vejam valor em estar na empresa.
Para a sua atividade, traz consigo referências de cada um dos profissionais com quem já atuou. "Tive gestores que me dei melhor e outros menos, mas de todos levei coisas positivas. Tive muitas pessoas boas no meu entorno, não apenas os líderes, mas também os demais colegas, e levo um pouco de cada um deles comigo", sublinha.
Com a motivação de seguir um legado de reconhecimento e de uma história de crescimento de mais de 50 anos da Escala, Dipp considera esse seu melhor momento profissional. Orgulhoso de onde chegou, mas também de sua caminhada até os dias atuais, sente-se realizado, feliz e constantemente desafiado. "Vejo com muito carinho os legados que deixei nas empresas que trabalhei e nas pessoas com quem eu dividi meus dias. Agora enxergo com onde estou e sonho com onde podemos chegar. Isso me motiva", reflete.
Para o futuro, almeja uma empresa ainda mais forte, com ambiente acolhedor, propício para o desenvolvimentos dos profissionais do time. Isso é o que considera seu objetivo para os próximos anos e, para ele, missão dada é missão cumprida.