Thiago Bizarro: Em constante desafio

Para o Bacharel em Arquitetura, Thiago Bizarro, o universo da comunicação é sempre desafiador

Arquivo pessoal
Com menos de um ano de idade, Thiago de Lima Bizarro veio para Porto Alegre de Bagé. Seu pai Otávio, militar, trouxe a família para a Capital por conta de uma transferência. A mãe, Tânia, deixou o emprego para cuidar dos três filhos: Thiago, Alexandre e Fernanda. Sobre a decisão, o caçula desabafa: "Eu tenho uma filha e já acho que dá trabalho demais, imagina três".
Aos 31 anos, Bizarro é diretor de Criação da Dez Comunicação e, após passar por diversas agências, setores e variadas experiências, conta: "Ser um arquiteto no meio do mercado de Comunicação, que é competitivo, e ter que somar o aprendizado com a entrega, é muito desafiador. Eu me sinto desafiado em praticamente todos os momentos e eu te digo que, uma das coisas que me deixa feliz no trabalho, é que me sinto desafiado até agora."
Neste ano Thiago de Lima Bizarro foi indicado à categoria de melhor diretor de Criação do Salão da Propaganda 2014 da Associação Riograndense de Propaganda (ARP). Para ele, o ponto alto da carreira, até hoje, foi subir ao palco com Rafael Bohrer, da Global, e Régis Montagna, da Escala. "O que me realiza hoje é o fato de estar trabalhando num lugar que eu sempre gostei e esse lugar ter me dado oportunidade de crescer profissionalmente", diz.
Inquietude inerente
Desde criança, Thiago conta que sempre foi agitado - costumava fazer todas as atividades facultativas no colégio, em clubes e, quando lhe sobrava tempo, brincava com seus amigos na rua. "Não sei se chegava a ser hiperativo, mas eu era bem inquieto", reconhece. Tratava de se ocupar com várias atividades ao mesmo tempo: futebol, tênis, vôlei, natação. Na época do colégio, fazia datilografia, curso de informática. "Eu sempre tratava de ocupar o maior tempo possível do meu dia. Quando não estava nessas atividades, invariavelmente estava na rua", conta. Nasceu em Bagé, em 16 de março de 1983, mas viveu toda a infância e a adolescência na Zona Norte de Porto Alegre, entre os bairros Jardim Lindóia e Jardim Planalto, onde ainda hoje moram seus pais.
Estudou até a terceira série no Colégio Adventista e, em 1992, foi para o Colégio São Judas Tadeu. Durante o ensino médio, Thiago fez diversos testes vocacionais e os resultados sempre indicavam algo relacionado ao Design, à Propaganda ou à Comunicação. "Eu ia fazer Design, só que não tinha nenhum curso da área em Porto Alegre na época. O único lugar que tinha era a Ulbra, que estava abrindo a primeira turma e não tinha um conceito ainda", relata Thiago. Chegou a pensar em estudar em Santa Maria, pois a Universidade de lá oferecia o curso de Design, mas decidiu não sair da Capital.
Após visitar diversas empresas de Design, percebeu que a maioria dos designers daquela época eram arquitetos. Então, em 1999, ingressou no curso de Arquitetura no Centro Universitário Ritter dos Reis, onde conheceu a esposa, a arquiteta Tamine, com quem tem a filha Luiza, de um ano e quatro meses. Entrou na faculdade de Arquitetura porque entendeu que ia ser próximo do Design, mas nunca estagiou na área. No período, fez cursos de extensão sobre Branding e Planejamento de Comunicação.
Durante os cinco anos e meio de graduação, Thiago se tornou um "sortudo" no quesito networking. Com seu jeito extrovertido, sempre comunicativo e disposto a tentar algo novo, conquistava pessoas com quem convivia. No início da faculdade trabalhou na Comunicative, pequena agência de uma namorada da época. "Em agência pequena tu acaba fazendo tudo, né. Tu é Diretor de Arte, às vezes é Atendimento, Arte Finalista também. Tu aprende bastante da habilidade de vender, de lidar com o cliente", explica.
Com a vontade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, Thiago reconhece que acaba sendo um pouco desorganizado. "Acho que é porque eu tento abraçar a maior parte das coisas que eu posso e isso acaba fugindo do meu alcance", lamenta. Para ele, desde a infância, é difícil tomar uma decisão pragmática e não questionar tudo que o cerca, pois a inquietude e a curiosidade sempre o acompanharam.
Networking essencial
Em meados de 2003, decidiu fazer a Escola de Criação da ESPM, onde conheceu Alexandre Assumpção, que o convidou para estagiar na e21. Após o estágio, que rendeu boas amizades e experiências importantes, decidiu que abriria uma empresa com mais dois colegas da faculdade que também trabalhavam com Design. Durante um ano e meio tiveram uma startup, cujos trabalhos eram conquistados graças ao ciclo de relacionamento deles. O escritório era do tio de um dos colegas. "Eu devia ter uns 20 anos e conseguia tirar uma grana que nenhum dos meus amigos tirava, porque afinal eu era dono de um negócio e a empresa teve um sucesso bem legal", recorda Thiago.
Como já estava finalizando a graduação, Thiago decidiu deixar a empresa para viajar. Começou a ver possibilidades de fazer algum curso no exterior, porque ainda se considerava muito jovem para estagnar no mesmo lugar pelo resto da vida e questionou: "Será que eu quero ser o profissional que eu sou agora, pelo resto da minha vida? Comecei a questionar se eu não tinha que aprender mais coisas, conviver com mais gente, aprender muito mais". Os planos de estudar em outro país não deram certo, o que o levou a se decidir por mais um curso na ESPM.
Thiago já estava formado e aproveitou a oportunidade para realizar a especialização sobre Branding, com o objetivo de ingressar no mercado publicitário. Neste curso conheceu Gustavo Guedes, que tinha acabado de abrir um negócio em Novo Hamburgo chamado "3, 2, 1 Conceitos Inteligentes", uma empresa híbrida entre Design e Propaganda. Como era de se esperar, mais uma vez o networking estava a favor de Thiago e ele foi trabalhar no "3, 2, 1" como Atendimento, e em seguida já estava atuando na Criação. "Foi um dos lugares mais legais que eu já trabalhei. Na época a gente atendeu clientes como Diadora, Coca-Cola e Adidas.", lembra.
Publicitário de verdade
Com essa experiência, conseguiu construir um portfólio bacana e foi chamado para uma entrevista na Global, então GlobalComm - o ano era 2006 -, que tinha sede no mesmo prédio da Dez. Aos 23 anos, foi aprovado para a vaga, começou a trabalhar na agência e, ao mesmo tempo, passou a viver com Tamine. Dois anos depois, recebeu uma mensagem da Dez, chamando-o ao 10º andar para uma conversa. "Eu lembro que a Dez era a agência que eu achava mais legal, até por causa das campanhas universitárias", recorda. Entrevistado para integrar o núcleo de Design da agência, aceitou o convite. "O VP de Criação, Saul Duque, me deu uma pista de corrida pra desenvolver. Eu entrei aqui como designer que tinha alguma afinidade com Propaganda. Aqui eu me tornei um publicitário mesmo. Eu me sinto muito mais alguém da Comunicação hoje", relata. Thiago está há quase sete anos na Dez e assumiu a liderança plena do time de Criação da agência em 2013.
A maior parte do tempo em que não está trabalhando é dedicada à filha, Luiza. Por residir perto da agência, costuma realizar os trajetos de ida e volta com uma bicicleta. Além do ciclismo, gosta muito de futebol e se considera um bom colorado. "Meu dia-a-dia é bem dedicado à agência e à família. No geral, sou bem caseiro. Gosto de receber gente em casa e cozinhar", diz.
Admite que não possui objetivos a longo prazo, por ser "intenso todos os dias". É muito focado no que faz e prefere viver o que está acontecendo agora. Apesar de não apresentar uma meta concreta, conseguiria se imaginar trabalhando com criatividade em outros segmentos. "Não sei onde vou estar ou o que vou estar fazendo daqui 10 anos, muito provavelmente vou continuar casado, cuidando da minha filha e ver o que dá pra fazer pra continuar me renovando e me sentindo desafiado", expõe.

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