Antonio Carlos Macedo relembra duas décadas de parceria com o ouvinte

Comunicador da rádio Gaúcha é considerado um dos pioneiros na interação das emissoras com o público

Antonio Carlos Macedo

O comunicador Antonio Carlos Macedo, da rádio Gaúcha, relembrou as duas décadas que a rádio tem parceria com os ouvintes. Ele, que é âncora na emissora e considerado um dos pioneiros na interação das emissoras com o público, recordou que, até meados dos anos 1990, a participação da audiência estava restrita aos horários de baixa audiência, em especial durante a madrugada. "Esta história começou a mudar 20 anos atrás, em 1997, por meio do Chamada Geral, da Rádio Gaúcha, que colocou o público no espaço nobre do radiojornalismo", contou.

Segundo Macedo, ele e a equipe, na época, queriam "quebrar o gelo" do Chamada Geral, feito essencialmente de boletins gravados pela reportagem. "Foi quando lembrei do conselho de um dos primeiros chefes de reportagem da CNN à sua equipe. Ele insistia na busca de pautas nas ruas, alegando que as boas histórias estavam no meio do povo e não nos gabinetes de políticos e figurões. Decidimos apostar na ideia e surgiu, então, o quadro 'Ouvintes no Chamada Geral'", recordou.

O quadro era veiculado durante as duas edições do programa, quando um telefone fixo era liberado dentro do estúdio para o público. Macedo contou que o próprio apresentador atendia às ligações durante as reportagens e nos intervalos. "Nomes e telefones ficavam anotados e a conversa era gravada. O âncora registrava as reivindicações e queixas mais significativas, transmitindo um trecho da gravação como ilustração. E os temas importantes eram transferidos à chefia de reportagem, como pauta para reportagens", explicou.

Em entrevista ao Coletiva.net, o comunicador falou que, na época, a iniciativa foi um choque cultural. "De tão acostumados a fazer reportagens a partir de autoridades, os repórteres mais antigos se sentiam constrangidos em ter que preparar matérias originadas na audiência", pontuou, e complementou dizendo que a resistência cedeu com o passar do tempo.

A partir de 2007, as mensagens via SMS deram ainda mais relevância à participação do público. "Ao permitir o envio de alertas dos mais variados lugares, o telefone móvel transformou o ouvinte em repórter, com relatos em primeira mão de acidentes, condições adversas do tempo, crimes, manifestações e outros eventos que antes poderiam demorar horas para chegar ao conhecimento das redações", argumentou. Macedo ainda lembrou a substituição do torpedo pelo WhatsApp em 2014, o que permitiu o envio imediato de vídeos, fotos e áudios. "Quadro completado por Facebook e Twitter, que também se transformaram em importantes ferramentas de interação com a sociedade", destacou.

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