O desafio do timing e do fator humano

Por Flavio Paiva

O timing dos negócios naturalmente acelerou bastante, em especial com a entrada das startups. E da transformação digital, que foi disruptiva, transformadora, radical. Porém, como convivem e interagem indivíduos de idades, origens, culturas diferentes, além de empresas com características diferentes, os timings também o são.

Há aqueles negócios em que é preciso exercitar o "nem tão rápido que pareça medo, nem tão devagar que pareça provocação". Ou seja, um timing um pouco mais longo, porque requer um certo tempo de reflexão, de maturação pela outra parte. Não será decidido na hora nem tão rapidamente (como às vezes gostaríamos). A exemplo da agricultura, será preciso plantar, cuidar, germinar, crescer, para então colher.

Porém, há os negócios situados na faixa de startups e empresas da nova economia (naturalmente todas as do Vale do Silício, por exemplo) que são ágeis: dependem de uma ideia viável, escalável, mas o fator humano estará presente: network. Porém, as decisões (até por necessidade, para não sermos atropelados pela concorrência) tendem a ser muito mais rápidas.

Há alguns fatores comuns, no entanto: o humano é um deles. O network, relações antigas ou nem tanto, mas o contato pessoal ainda é amplamente favorável a uma conference, Skype ou qualquer meio. Entretanto, há situações em que isto é inviável, pelas mais diversas razões, então que se use os meios digitais.

Mesmo que se trate de um pitch de três minutos, embora a ideia seja fundamental para convencer (ou não) fundos de venture capital, o entusiasmo de quem apresenta com a ideia, bem como outras características (determinação, foco, clareza, segurança, etc.). E estas são características humanas, que se tem ou não.

O próprio network. Dentro dele, há negócios sendo realizados entre pessoas/empresas que se conhecem há pouco tempo. Mas é natural que se for entre pessoas/empresas que se conhecem há mais tempo e os negócios tenham sido positivos, as coisas fluam com mais facilidade. Portanto, outro fator humano.

A colaboração é uma característica com grande ênfase no Vale do Silício, por grande parte das pessoas ser de origens diferentes. Foi preciso colaborar para sobreviver. E para colaborar, foi preciso que tivessem empatia uns com os outros. De novo, o humano. O fazer colaborativo não é nada novo, se originou junto com os seres humanos, nas suas espécies mais remotas, como forma de enfrentar ameaças que, sozinhos, não teriam como fazer. Perderiam.

Portanto, assim é que timing e fator humano são ingredientes fundamentais e que merecem uma lente de aumento para que compreendamos melhor os fenômenos, mesmo que tudo seja muito acelerado, as coisas acabam revelando uma razão de ser e de existir.

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