Uma vertente do futurismo que dialoga com a mitigação das desigualdades sociais como uma perspectiva essencial para os próximos tempos: esse é o afrofuturismo. Zaika dos Santos, pesquisadora da área, é fundadora e CEO do Instituto de Inovação Afrofuturismo Arte e STEM que, entre outros serviços, presta consultoria e implementa Inteligência Artificial (IA).

De acordo com a Academia Brasileira de Letras (ABL), o afrofuturismo é um movimento cultural, estético e político que se manifesta no campo da Literatura, do Cinema, da Fotografia, da Moda, da Arte, da Música, a partir da perspectiva negra, caracterizado tanto pela tecnologia avançada quanto pela superação das condições determinadas pela opressão racial, dentro do contexto da vivência africana e diaspórica.

O afrofuturismo trabalha com o revisionismo histórico, ao reposicionar grupos historicamente marginalizados e excluídos dos debates acerca de tecnologia, como populações negras e indígenas, proporcionando o repensar de suas próprias potencialidades e da posição que ocupam no mundo, inclusive, tecnológico. "Afrofuturismo é um movimento especulativo que conceitua arte, ciência, tecnologias e inovação africana e afrodescendente, o que foi negado historicamente à participação de africanos e afrodescendentes no conhecimento universal", relata. 

Nesse sentido, o afrofuturismo age como um catalisador para que grupos sejam fomentados com a emancipação de saberes e participação nos processos inovadores, proporcionando a alfabetização digital para a redução dos descompassos sociais. "Ele fomenta a alfabetização de futuros em coexistência. Nesta transição, ele contribui no revisar da história da tecnologia e da ciência de forma [que vise] à inclusão de alfabetização educacional e emancipação profissional, ou seja, se propõe a conter a evasão da população preta de suas amplas possibilidades de futuro", comenta.