Nada substitui um especialista. Mas jornalistas que iniciam a trajetória de cobrir temas ligados à ciência precisam entender, pelo menos, como funcionam os estudos científicos. Assim, podem barrar a publicação de notícias sobre aqueles que não são úteis à população, não são confiáveis de alguma maneira, ou são experimentais demais para valer à pena por enquanto.
Esta foi a recomendação dada por Luíza Alvim, formada em Medicina e em Comunicação Social, ao encerrar sua entrevista da reportagem ?Saúde mental como pauta no Jornalismo e bandeira no Marketing?. O guia abaixo não pretende abordar tudo sobre os estudos, quanto menos ser um ponto final em relação ao processo da pesquisa. Mas sim, instigar e auxiliar as focas da área e eventuais interessados a começarem a entender melhor como esse mundo funciona.
Tipos de estudos
Talvez, em algum momento da sua formação no Ensino Fundamental, você tenha aprendido sobre método científico e estudos que utilizam grupo de controle. Na faculdade, a chegada do temido Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é, muitas vezes, o primeiro contato do estudante com a produção de ciência. Quando se trata de pesquisas científicas de maior fôlego, o universo de possibilidades de abordagens é bem maior.
To peer or not to peer
Já ouviu falar em Peer Reviewed, ou Revisão por Pares? É um sistema no qual os artigos são avaliados por especialistas na área que não estão envolvidos diretamente no estudo. Eles olham para o trabalho de forma crítica, observando a qualidade, originalidade, metodologia, resultados e conclusões do estudo. Isso ajuda a garantir a credibilidade das publicações.
Todo mundo tem viés
Vieses não são, necessariamente, indicadores da má conduta do pesquisador. Tratam-se de desvios sistemáticos que podem até ser involuntários. Cientistas trabalham para contornar, ao máximo, esse problema. E os jornalistas precisam estar cientes da existência deles para manter o senso crítico.
A lista completa de vieses é extensa. Abaixo, citamos alguns deles:
Passo a passo simplificado:
1. Comece com revisões sistemáticas: elas oferecem uma visão abrangente do tema, sintetizando os resultados de vários estudos. Procure em bases de dados acadêmicas, como PubMed, Scopus ou Web of Science. 2. Confira as fontes: dê preferência a estudos revisados por pares e publicados em revistas científicas reconhecidas. 3. Analise a metodologia: considere o tamanho da amostra, o desenho do estudo, a validade estatística dos resultados e se ele foi controlado de maneira adequada. 4. Verifique as conclusões: certifique-se de que as conclusões do estudo são suportadas pelos dados apresentados. Se houver declarações que vão além dos resultados, seja cauteloso. 5. Procure um especialista: um cientista que pesquisa o assunto em questão sempre vai agregar na matéria e pode dizer se há um consenso na comunidade acadêmica sobre aquela conclusão.