Ricardo Piccoli: Como uma onda no mar

COO da Sinergy demonstra persistência em seus objetivos e resiliência para mudar

Ricardo Piccoli - Crédito: Divulgação/Coletiva.net

Como diz a canção de Lulu Santos: "Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas, como o mar, em um infinito indo e vindo." Este trecho, e o restante da música certamente podem definir o COO da Sinergy, Ricardo Pinto Piccoli. Surfista apaixonado pelo esporte desde criança, mudou de rumo muitas vezes durante a vida. Porém, nenhuma decisão foi tomada de uma hora para outra. Pelo contrário, tudo foi muito bem pensado com antecedência. Objetivos de longo prazo, que uma hora ou outra tinha certeza que aconteceriam.

Em muitos momentos, o surf esteve ao seu lado. As duas primeiras empresas que criou foram justamente sobre o esporte. Aos 12 anos - sim, com esta idade mesmo -, abriu uma loja de surfwear, que confeccionava roupas para a prática. Após um ano e meio, entretanto, cansou do trabalho. Isso porque via os amigos andando de skate e brincando, enquanto ele passava as tardes indo na costureira, comprando aviamentos e tecidos. Mais tarde, aos 17, foi a vez de montar uma oficina de conserto de pranchas. "Foi muito bacana, porque aprendi sobre o dia a dia, como lidar com pessoas e clientes", recorda.

Pegar ondas também trouxe uma aptidão: gastronomia. Quando jovem, sempre viajava com os amigos para surfar e, como ninguém sabia preparar nada, o cardápio era sempre o mesmo: massa com salsicha. Por isso, quando retornava do colégio, era ao lado da cozinheira que se instalava, para questionar tudo sobre a preparação das refeições. Mesmo depois de se tornar o cozinheiro oficial do grupo, não parou por aí. Traz a culinária até hoje, tendo o ceviche como especialidade - apesar de confessar que algumas vezes se passa na pimenta, pois adora o tempero. 

Paixão pela água

A paquera com o surf começou aos 14 anos. "Eu via meia-dúzia de surfistas e não tinha nem roupa de borracha, era tudo muito caro", rememora. A mãe, Iolanda, odiava e não queria que ele surfasse de jeito nenhum. Quando percebeu que o filho mais velho estava em um relacionamento mais do que sério, entendeu que não tinha mais jeito de proibir. A convivência com o esporte foi proporcionada por uma praia de Santa Catarina, conhecida pela prática: Garopaba. Ricardo era frequentador assíduo do local, ao pegar a estrada para lá em quase todos os finais de semana.

Com a paixão também chegou a vontade de competir. "Eu entrava em tudo quanto era evento para conquistar as medalhas", conta. Na adolescência, também jogou por muitos anos vôlei. Quando está valendo algo, tem a sensação de estar com um frio na barriga, o que o motiva mais. "Não digo que desejo ser o melhor, mas busco ser um dos. Sempre fui muito bom em tudo o que fiz, porque me dedico e entro de cabeça".

Aos 40 anos, quando decidiu largar o emprego e morar por um ano nos Estados Unidos, o surf também esteve presente. O ano sabático tinha a desculpa de ser dedicado ao inglês. "Fazia o curso e todo dia comparecia às aulas, mas passei mais curtindo e surfando na Califórnia", diverte-se. Como o destino foi São Francisco, no Vale do Silício, na época visitou diversas empresas. Isso o fez abrir seus horizontes.

E o que passa em sua telinha? Surf, é claro. Ao lado de vôlei, basquete e atletismo, quando está na época de Olimpíadas. Colorado, adora futebol e vai ao estádio acompanhar o time do coração. E as citações ao mundo esportivo não param. Quando não está trabalhando, dedica-se à saúde. Não abre mão de fazer exercícios físicos e todo dia realiza alguma prática. Dentre elas estão: esportes que envolvam água, é claro. Além deles, tênis, musculação, snowboard, bicicleta, pilates e ioga. "Cada dia faço algo diferente para não enjoar. Se isso acontecer, não tenho mais vontade de continuar", conta.

E pelo profissional

Rotina, aliás, não faz parte do vocabulário de Ricardo. "Odeio ter algo preeestabelecido", confessa, ao enfatizar que não tem ações costumeiras no trabalho, mas, sim, tarefas, desafios e projetos. Está sempre buscando o novo, e não tem nada que faça duas vezes no mesmo mês.

Com uma carga horária que vai das 6h às 22h, revela que é extremamente dedicado ao trabalho. Além de participar do quadro societário da empresa de mídia externa, ainda integra outras 12 empresas por meio dos conselhos de Administração e de consultorias. "Ou seja: dedico 80% do meu tempo à Sinergy e 20% às outras", comenta. Solteiro e sem filhos, confessa que ainda não conseguiu despender tempo aos relacionamentos. "A minha vida pessoal sempre fica em segundo plano", admite.

Businessman

Por inspiração do pai, Pedro, empresário do ramo de Transportes, todas as brincadeiras de infância envolviam empreendedorismo. Desde pegar todas as notas do Banco Imobiliário até plantar temperos nas floreiras da mãe para vender no Armazém. "Ele nos ensinou a valorizar e batalhar pelo dinheiro", relata.

A liberdade, contudo, vem com um lado negativo: a extrema cobrança e o perfeccionismo - o que considera ser seu maior defeito. "Sou muito exigente com os outros também, mas sempre brinco que, se estou pegando no pé das pessoas, é porque acredito nelas", diz. Este é outro traço que carrega do pai, que sempre o encorajou a desejar mais e melhor. Também se define como uma pessoa muito justa, e que consegue ter empatia pelos outros. 

De exatas

Aos 12 anos já sabia o que desejava cursar na faculdade: Análise de Sistemas. Isso porque, nesta idade, ganhou um computador da mãe - o primeiro modelo pessoal que chegou ao Brasil. Incentivado por ela, que estudou Ciências Contábeis, ainda fez na época um curso de programação na PUC. E, para ele, bastou. "Sempre tive muitos objetivos, mas todos de longo prazo. Nunca fui imediatista e acho que isso me ajudou muito, pois sei aonde quero chegar", reflete.

Após começar a graduação pretendida desde a infância, assumiu como gerente de Tecnologia em uma empresa de ônibus. Na época, especializou-se na área de Transportes. Aos 22 anos, montou a Critério Business Mobile, que alavancou a sua carreira. Ela criava softwares para empresas. "Para mim foi um momento muito importante, porque tive a oportunidade de participar de mais de 150 projetos. Desde o desenvolvimento de uma plataforma para a Petrobrás, até a criação de um prontuário para um hospital de São Paulo", recorda.

Mas também de humanas

Após 18 anos e prestes a completar 40 anos, deu uma reviravolta na carreira. Vendeu a empresa de Tecnologia e foi viver seu ano sabático. Na volta, percebeu uma oportunidade de mercado em uma área totalmente diferente: Marketing. Ao ficar responsável pela implementação do TEU, sistema de bilhetagem eletrônica dos transportes da Região Metropolitana, identificou uma deficiência de mídia nos ônibus da área. Com isso, fechou um contrato de exclusividade para a venda de busdoor às empresas destes lugares. Foi assim que, em 2014, surgiu a Exibe Mídia.  

Depois de quatro anos, teve a oportunidade de reencontrar um amigo de colégio, o Luis Eduardo Ferreira - um dos sócios majoritários da Sinergy. A irmã, Lara, insistia que ele conhecia o Eduardo, dono da empresa. Porém, Ricardo não se recordava de nenhum colega com este nome. Ao procurar no LinkedIn reconheceu: era o Luis. "Até brinquei com ele: sofreu tanto bullying, que precisou mudar de nome", diverte-se. Com a saída de um dos sócios da Sinergy, foi convidado para integrar o quadro societário. 

Reinventar-se após quatro décadas de vida o marcou muito. "Foi um desafio muito grande. No primeiro Jantar da Propaganda, só conhecia meu cunhado (Fábio Bernardi) e minha irmã, porque são da área", rememora. Após quatro anos, porém, reconhece metade dos convidados. "Consegui conquistar espaço em pouco tempo. Na área da Tecnologia, para ser reconhecido pelo mercado levei mais de 15 anos", orgulha-se.

O Marketing, inclusive, é a nova paixão. "Estou adorando, é muito mais leve do que a TI", revela. Para ele, a área é mais descontraída e gosta muito das questões inovadoras do nicho, e de poder ter a liberdade de soltar a criatividade.

De volta aos estudos

Apaixonado pelo ensino, aborda que nunca o deixa de lado quando o assunto é atualização e aprendizado. Odeia se acomodar. Além da graduação, ainda tem no currículo os cursos de pós-graduação em Gestão Empresarial e especialização em Trade Marketing. Porém, a novidade está na segunda faculdade: Publicidade e Propaganda.

Ao entrar de cabeça neste mundo, e por entender que precisa ter propriedade no que fala, hoje é um dos estudantes da Famecos - Escola de Comunicação e Design da PUC. O curioso é que, na época que cursou a primeira faculdade comentou com os amigos que iria fazê-la aos 40 anos. "Hoje, eles brincam e ficam pasmos que eu dizia isso há 20 anos", relata.

Além de trocar ideias com os colegas de turma sobre a área, também ganhou parceiros para saídas. Por isso, o círculo de amigos é na faixa dos 20 aos 25 anos. "Os mais velhos são casados e têm filhos. É muito difícil sair com eles", diz. Devido ao que as novas companhias escutavam, curte de tudo um pouco: desde Funk até Sertanejo. Gosta muito de Surf Music - obviamente -, além de bandas dos anos 80, tais como 'Australian Crawl', 'The Police', 'U2', 'Legião Urbana', 'Ultraje a Rigor', 'Engenheiros do Havaí', 'Kid Abelha', 'Lulu Santos' e 'Paralamas do Sucesso'. 

Apesar de regressar ao mundo acadêmico, a leitura se limita aos estudos para a faculdade e o trabalho. "Não é algo que seja relaxante para mim e que eu goste de fazer no tempo livre", admite.

Nem tudo é trabalho

Enquanto Ricardo ama trabalhar, a família, por outro lado, reclama muito do tempo excessivo dedicado ao profissional. Contudo, enfatiza: "Mas é claro que não abro mão dos meus pais, irmãos e sobrinhos". Ele, que tem dois irmãos mais novos, o advogado Flávio e Lara, aponta que, devido ao tamanho pequeno da família, sempre tentam estar próximos. "Temos uma relação muito boa, somos muito ligados uns aos outros", relata, ao abrir o coração: "Sou abençoado por ter eles".

Como mora sozinho, precisa de um barulhinho para pegar no sono. Por isso, sempre que vai dormir coloca a TV no modo sleep - que desliga após a programação de determinado horário. Além dos esportes, a telinha também é sintonizada para acompanhar algum filme. Sempre acha um tempinho para ver algum longa-metragem na televisão ou na Netflix.

Apesar de gostar de muitas obras cinematográficas, não consegue escolher a favorita. A cada uma que assiste pensa que gostou mais do que a anterior, e assim segue. "Sou generalista: gosto um pouco de cada", fala. Dentre os prediletos, estão os inspirados na vida de Steve Jobs e Bill Gates - por adorar produções baseadas na história de alguém -, além de 'O Curioso Caso de Benjamin Button' e de 'Caçadores de Emoção'. O que não suporta de jeito nenhum são os de terror. Odeia levar susto.

Ser generalista, como ele mesmo diz, é o que faz Ricardo ser ele. Isso acontece na escolha de filmes, práticas esportivas e áreas de interesse profissional. Perpassando pelos mais diversos universos, ao demonstrar persistência em seus objetivos e resiliência para mudar, ele certamente é de tudo um pouco deste mundo.

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