Fake news: fenômeno antigo que desafia imprensa, governos e empresas de tecnologia

Painel na Web Summit questionou se é possível deter o avanço das notícias falsas, mas oradores não chegaram a um consenso

Convidados falam sobre fake news - Divulgação/Coletiva.net

Por Cleidi Pereira, de Lisboa, Portugal

"Uma mentira dá uma volta inteira no mundo antes de a verdade ter a oportunidade de se vestir." A frase de Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido (por duas vezes, nos anos 1940 e 1950), demonstra que as fake news são um problema antigo, segundo a primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic. Ela participou, nesta terça-feira, 6, de um painel na Web Summit sobre como deter o avanço das notícias falsas. O debate também contou com as participações de Mitchell Baker, presidente-executiva da Mozilla, e David Pemsel, CEO do The Guardian. "Vivemos em um mundo de fake news. É uma tendência global e contemporânea, mas não é uma coisa nova", disse Brnabic.

Embora reconheça que as notícias falsas também estejam começando a causar problemas em seu país, a primeira-ministra afirmou não acreditar que a "regulação em excesso" seja a melhor alternativa. "Não acho que isso irá melhorar a sociedade e não é bom para a democracia." De acordo com Brnabic, é preciso investir em educação, uma forma de "empoderar as pessoas", mas não somente por causa das fake news: "Precisamos voltar, ensinar as crianças a pensar e questionar as informações. Provavelmente, esta seja a coisa mais difícil, mas temos de fazer".

Já o CEO The Guardian destacou a importância do papel da imprensa nesta frente de combate. Pemsel também admitiu que o problema não é novo, mas ressaltou que o fenômeno ganhou outras proporções com o advento das novas tecnologias, como smartphones e redes sociais. A complexidade e dimensão do problema, segundo ele, exigem medidas mais duras por parte dos governos e das próprias empresas. "Os líderes precisam intervir para controlar a situação", pois, segundo ele, "no tempo de Churchill, não havia plataformas com capacidade de reunir milhões de pessoas e tornar os conteúdos virais", advertiu.

Presidente-executiva da Mozilla, Mitchell Baker disse não acreditar que irá parar a proliferação de notícias falsas, um fenômeno que sempre existiu. "Não acho que vamos conseguir consertar a humanidade através da tecnologia."

Considerada a maior conferência de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa, a Web Summit nasceu em 2010, em Dublin, na Irlanda, e se mudou em 2016 para Lisboa, onde deverá permanecer por mais uma década. Nesta edição, cerca de 70 mil pessoas de 159 países devem passar pela Altice Arena e pela Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, até a próxima quinta-feira, dia 8. A cobertura em tempo real de Coletiva.net tem apoio de BriviaDez e Grupo Bandeirantes.

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