A importância de estratégias de Comunicação na gestão pública em casos de eventos climáticos extremos

Por Giovani Gafforelli, para Coletiva.net

Giovani Gafforelli - Crédito: Vinicius Thormann/PMC

O aquecimento global acelerou as consequências do efeito estufa e, com isso, prefeituras e gestores públicos precisam estar preparados para comunicar ações e serviços de utilidade pública de forma eficiente. Enquanto repórter e apresentador da Rádio Guaíba, tive a oportunidade de cobrir o evento climático que devastou cidades do Vale do Taquari, na Região Central do Rio Grande do Sul, em setembro de 2023. Na ocasião, encontramos (imprensa) muitas dificuldades para obter informações sobre o que estava acontecendo nos municípios atingidos, em função dos problemas de telefonia, conexão de internet, entre outros. A solução encontrada na ocasião foi o diálogo com colegas da imprensa local destas cidades para termos noção do que estava acontecendo nas localidades.

Na repercussão desta cobertura, entrevistei Estael Sias, da MetSul Meteorologia, para entender se o atual sistema de Avisos e Alertas adotado pelo Governo do Estado era eficiente. Para quem está lendo compreender do que se trata, o sistema consiste no envio de mensagens de SMS para quem está cadastrado (na ocasião menos de 6% da população gaúcha recebia as mensagens). Em países de primeiro mundo como os Estados Unidos, na iminência de uma intempérie, avisos surgem nas telas de computadores, televisores e celulares e nas rádios, para alertar que a vida das pessoas está em risco. A especialista me explicou que os alertas emitidos pela entidade são feitos de forma clara, objetiva e usando palavras fortes para demonstrar o tamanho do risco que as populações estão correndo.

Como secretário adjunto de Comunicação, na Prefeitura de Canoas, precisei gerenciar uma crise causada por um temporal que assolou a cidade e destruiu casas, alagou ruas e derrubou árvores e placas, causando diversos problemas para à população, como a falta de energia elétrica e interrupção do abastecimento de água. Mais importante que emitir um 'Alerta de Temporal', é preciso saber a diferença entre alertas e avisos. Os avisos podem ser usados para situações menos severas, que podem causar algum tipo de transtorno. O alerta deve ser utilizado apenas em casos que ofereçam risco de vida e precisa ser emitido a tempo das pessoas se abrigarem em locais seguros. 

Em janeiro de 2024, as previsões se confirmaram e o alerta de temporal foi disparado com considerável antecedência, tanto que, às 18h, poucas pessoas ainda circulavam pelas ruas de Canoas. A chuva prevista para iniciar pelas 20h foi antecedida pela falta de energia elétrica e dificuldades de comunicação entre as equipes da Prefeitura. Com os obstáculos encontrados e os aprendizados de eventos climáticos anteriores (também estive à frente do gerenciamento da microexplosão, em 2022), decidimos que o melhor ambiente para estabelecer uma comunicação com a população e os veículos de imprensa, além de passar informações de utilidade pública, eram as redes sociais. Mesmo com muitos problemas de conexão à internet, optamos pela utilização do Instagram e do Twitter, onde poderíamos passar informações de forma rápida e instantânea. 

Em relatórios de monitoramento de redes sociais, a Agência Moove (empresa licitada para prestar serviços de comunicação para Prefeitura de Canoas) nos apontou como referência na forma de comunicar, no alcance das publicações e também nas interações, deixando-nos à frente de prefeituras como a da Capital, por exemplo. Isto comprova a eficiência da estratégia adotada. No Facebook foram 26 postagens, atingindo 85,4 mil contas e sete mil interações (curtidas, comentários e reações). No Instagram foram 143 stories e 26 posts, além de 10 reels que atingiram a expressiva marca de 450,9 mil views, com sete mil interações e mais de 250 mil contas alcançadas. No Twitter (ou rede social X, como preferirem), foram 99 tuítes, mais de 121 mil contas alcançadas e 911 interações.

É sempre bom lembrar que mesmo existindo entidades que realizam as previsões do tempo, elas nem sempre estão corretas. É difícil medir o estrago de uma chuva ou temporal até que aconteça. Porém, é fundamental ter em mente as diferenças entre alertas e avisos. O timing para colocar em prática estratégias e avaliar que vidas estão em jogo é desafiador. Com os eventos climáticos extremos acontecendo com cada vez mais frequência, é de extrema importância estarmos preparados para estabelecer uma comunicação rápida e eficiente com a imprensa e principalmente, com a população.

Giovani Gafforelli é secretário-adjunto do Escritório de Comunicação da Prefeitura de Canoas ([email protected])

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