Atenção é mais relevante do que a própria relevância

Por Fernando Garros, para Coletiva.net

Fernando Garros - Crédito: Arquivo pessoal

Responda rápido: onde você viu recentemente o vídeo de uma marca que te emocionou? Sim, pode ter sido esse de fim de ano da Chevrolet. Ou o do rebranding do Itaú Unibanco. Eu respondo: no WhatsApp. 

Por que? 

Porque alguém lhe enviou. Alguém conhecido, da sua confiança, da sua família ou do seu círculo íntimo. 

Estamos passando por um grande dilema.

Nunca na história do marketing tivemos tantas oportunidades de falar com os consumidores, em momentos diferentes, sobre as marcas. Mas nunca foi tão difícil fazer com que eles vejam, lembrem e gravem as mensagens. 

Se você se lembra, Barry Schwartz em seu livro O Paradoxo da Escolha - Por Que Mais É Menos - já falava em 2004 na teoria de que eliminando-se as muitas escolhas, o consumidor poderia reduzir bastante sua ansiedade de compra. Tendo menos marcas na mente, o consumidor optaria por aquelas que lhe trouxessem maior atendimento completo às suas necessidades. 

Mas, se o problema já era a proliferação de marcas, some-se a isso a proliferação de canais. Podemos comprar tudo, em todo lugar. E aí vem a questão-chave deste texto: estando em todo lugar, sua marca está sendo realmente vista, comentada e comentada? 

Estamos nos saturando de informação. 

E mais do que nunca, as pessoas estão evitando propaganda. Assinamos Spotify e YouTube Premium para não termos anúncios. São intrusivos. O ambulante chato que entra numa conversa pra vender biscoito na rua. 

O marketing digital virou isso. Um banner onde ninguém quer, um video que atrapalha o que você estava vendo. Um inbound que você não pediu. Deixou, mas não pediu.

O que faz a gente parar no feed? E o pior: o que nos faz compartilhar algo? A informação é tanta, que o discurso das marcas acaba nem sendo o da relevância, mas o da atenção mesmo. 

Atenção é a nova moeda do mundo. 

Por isso, quando sua tia recebe um vídeo emocionante de uma marca, um meme engraçado, uma música cativante e acaba compartilhando pelo zap da família, a ideia venceu. Porque ela foi capaz de quebrar todas as barreiras do funil e foi cair em cheio no coração de quem ela queria e até de quem não queria. 

O WhatsApp é a nova mesa de bar. Do almoço do domingo. Da roda de chimarrão do Sul. É ali que se comentam as coisas do dia. Importantes ou não. 

Sua marca estar ali, ser comentada ali e ser compartilhada ali é hoje o maior prêmio de marketing effectiveness que ela pode ter. 

Para isso, você tem que saber entrar na conversa. Conhecer de gente. Entender idiossincrasias, costumes, hábitos, personas. E ter ideias capazes de atravessar o caminho tortuoso em que o marketing se tornou.

E captar o coração das pessoas onde elas estão. 

Porque, por trás eu não sei. Mas na frente das telas, ainda tem gente. 

Fernando Garros é cofundador e CEO da Be Nice To People ([email protected])

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