É possível pensar em amor quando se fala em Política?

Por Christian Jung, para Coletiva.net

Christian Jung - Crédito: Arquivo pessoal

"Todas as pessoas virtuosas 

deveriam ter acesso à política, 

independentemente da sua origem." 

Sócrates

Ano que vem, em junho de 2024, consta no portal de Recursos Humanos do estado que completarei 25 anos de serviço, especificamente como Mestre de Cerimônias oficial do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Durante esse período conduzindo solenidades dos mais diferentes formatos, ainda me surpreendo com o poder da oratória, e de que maneira assertiva algumas personalidade políticas e até mesmo cidadãos comuns, que têm oportunidade de fazer uso da palavra, podem surpreender.

Verdade que, por vezes, as falas são repetitivas e sem graça, abordando o óbvio - o poder de se expressar através da fala não é para qualquer um. Não é à toa que tantos cursos de oratória estão disponíveis.

Desenhar a arte da política por meio da fala tornou-se um exercício ao longo desses quase 25 anos de trabalho. Não nasci pensando que seria um MC e muito menos que trabalharia ao lado da maior autoridade do Estado. Isso me proporcionou a oportunidade de conviver com diversos outros atores políticos e meu aprendizado nesse campo me levou a refletir sobre áreas interligadas, como História, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Economia e Direito.

Sendo assim, aprendi que a política não deve ser menosprezada, como muitas vezes algumas pessoas fazem parecer, reduzindo-a a algo voltado apenas para benefício próprio ou um plano de carreira. Muitos dos que conheci não estão lá apenas para se dar bem, mas sim com o objetivo de transformar ações em um bem comum.

O conceito de "fazer política" foi rebaixado à medida que a polarização se acentuou. O debate, refletido nas redes sociais, se limitou em muitos casos a "faz arminha que passa" e "faz o L e chora!". Frases que apenas reforçam a ideia de que não se pode esperar nada de bom da política e dos políticos!

No entanto, minha atividade, como mencionei no início deste artigo, a de Mestre de Cerimônias, me permite aprender constantemente. E isso é maravilhoso. Tenho a oportunidade de assistir de perto aos discursos que precedem a ação, às promessas seguidas da inauguração e aos recursos disponíveis para a população.

Eu sei, não vivemos em um mar de rosas, mas leiam esta bela analogia feita pelo secretário de estado de Sistemas Penal e Socioeducativo, Luiz Henrique Vianna, na inauguração do Centro de Convivência e Profissionalização da Fundação de Atendimento Socioeducativo:

"Não há dom maior do que viver. Viver é quase sinônimo de amar. Porque a gente não pode amar sozinho e também não pode viver sozinho. E, digo ainda, que a política é um dos maiores meios em que se pode demonstrar o amor. Efetivamente amar é fazer o que é preciso ser feito para que o outro esteja bem, para que o outro fique cada vez melhor. E nesses governos, o Rio Grande do Sul passa por uma grande transformação em que o povo gaúcho pode acreditar em viver, viver melhor, e o investimento de mais de milhões, como é feito aqui, não se faz para quem não se ama. Quem de nós é capaz de investir tanto, se não houver amor." 

Uma fala que nos inspira a pensar que a política deve ser um ato de amor e cuidado pelo bem-estar do outro. E como tal, nos sentimos integrantes deste instrumento disponível para todos. No entanto, para que isso se realize, precisamos avaliar cuidadosamente na hora de escolher, por meio do voto, quem transformará essa ação de amar em realidade, não deixando projetos apenas no papel e nas palavras, mas sim na valorização da vida das pessoas, na arte e na ciência de governar!

Christian Jung é publicitário, locutor e mestre de cerimônias

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