Leila Pereira nos mostra como usar o futebol para combater o machismo

Por Mariana Nunes, para Coletiva.net

Crédito: Arquivo pessoal

O Palmeiras de Leila Pereira incomoda dentro de campo - quem acompanha minimamente o futebol brasileiro nos últimos anos sabe bem disso. Mas ele também incomoda fora: é o único clube da série A a ter na cadeira da presidência uma mulher. Aqui em Porto Alegre, na nossa dupla Gre-Nal, não temos nenhuma dirigente mulher, por exemplo. 

A Leila é autêntica. Ousada. Não tem medo de falar o que pensa. É muito difícil que alguma entrevista dela não gere algum tipo de repercussão pós. Ela não se deixa intimidar com um vestiário de futebol. Nem com uma arquibancada. Até as torcidas organizadas do Palmeiras ela já enfrentou. 

E ela fez história mais uma vez convocando uma entrevista coletiva e chamando somente repórteres mulheres para a cobertura. "Quero que eles sintam o que nós sentimos desde que nascemos", disse sobre a ausência masculina. É difícil transformar em palavras a simbologia deste gesto.

Nenhum veículo foi proibido de participar. Aqueles que ficaram excluídos, não contam com repórteres mulheres em seu quadro de funcionários. Em pleno 2024. No mínimo, isto gera uma reflexão (ou deveria). Certamente, a atitude de Leila não vai acabar com o machismo no esporte. Mas usar uma marca com a força do Palmeiras (sim, clubes de futebol são marcas) pode servir como exemplo de ação prática nesse sentido. 

Eu frequento arquibancadas de estádio desde os meus 11 anos de idade. Hoje, aos 30, sei que evoluímos bastante. Mas ainda há um longo caminho pela frente. E este caminho passa pela existência de outras Leilas. Sei que elas virão. 

Que nós, mulheres, possamos ter coragem de ocupar os lugares que desejamos. E que tenhamos sempre força para passar por cima de todas as restrições que nos impedem de chegar aonde queremos.

Mariana Nunes é coordenadora do núcleo de Assessoria de Imprensa da Éfe Reputação de Marcas ([email protected])

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