O sonho que eu não sonhei (de novo ele!)

Por Márcia Christofoli, para Coletiva.net

Márcia Christofoli - Crédito: Arquivo pessoal

Eu não sei se outros jornalistas ou escritores, ou ainda os que se arriscam em discorrer sobre algum assunto, fazem isso, mas toda vez que preciso escrever um texto, paro para ler o que já escrevi antes. Isso mesmo, eu bebo da minha própria fonte. E esse é um exercício que me faz ter sentimentos diversos. Reler meus próprios alfarrábios me levam de volta para o contexto daquela oportunidade, e eu consigo sentir exatamente o mesmo de quando assinei aquelas palavras. Pois bem, o aniversário de 25 anos de Coletiva.net e o pedido de um artigo comemorativo me fizeram voltar aos primeiros que escrevi aqui, geralmente em datas especiais.

Já contei sobre a minha trajetória de estagiária a sócia-diretora, contei pérolas da minha vida de repórter, discorri sobre o Dia da Mulher, detalhei perrengues enfrentados desde que assumi o comando da empresa. Enfim, já me expus bastante - e tudo bem! Voltando ao exercício de reler meus textos antigos, percebi o quanto de sentimento sempre emprego em meus parágrafos e também o tanto de caminho que percorri nesta empresa aniversariante. 

E não, eu não vou relembrar nada do meu tempo de estagiária, quando mal sabia os veículos que pertenciam aos seus grupos, tampouco o nome de quem compunha o mercado da Comunicação; Não vou falar de todos os anos como repórter, das gafes que cometi, das entrevistas inesquecíveis que fiz, das oportunidades que talvez não as tivesse recebido não fosse este portal; Não vou citar o quão valiosos foram os anos que passei fora da redação, mas sempre ligada ao Coletiva.net por projetos especiais - tempo esse que me proporcionou ter uma visão ainda mais completa desta empresa; Não vou repetir o quão assustadores foram meus primeiros meses como empresária, o tanto que errei e aprendi.

Então, já que falei brevemente de tudo que não falaria, quero voltar a falar de sentimentos, pois é disso que se faz uma trajetória de 25 anos - fazendo parte de 15 deles. A gente se propõe a noticiar o dia a dia do mercado da Comunicação, registramos em matérias pessoas e empresas, com suas respectivas trajetórias, criamos projetos, produtos, conteúdos, "inventamos moda" como eu gosto de falar pra equipe. E também nos aventuramos no diário exercício de futurologia, quando nos debruçamos em tendências da nossa área. Sabem o que esses aspectos têm em comum? No fim das contas, tudo se trata de PESSOAS. E somente elas (ou melhor, nós!) temos sentimentos.

Nas redes sociais, está registrado uma série de vídeos que recebemos com felicitações pelo marco dos 25 anos. E ouvir cada um deles é ainda mais engrandecedor. Aumenta a nossa disposição em continuar realizando, mas diretamente proporcional é o tamanho da nossa responsabilidade com isso. A missão é árdua, a seriedade com que encaramos a profissão de contar histórias, também. A absoluta convicção de trabalhar sempre com a verdade é o que faz desse portal o famoso "case de sucesso". Ter tanto tempo de atividade e se manter relevante em um meio tão exigente como o dos comunicadores, eu sei, não é para qualquer um.

Os erros da estagiária ainda acontecem - e suas consequências, hoje, são bem mais letais do que quando eu era estudante; as oportunidades de entrevistas incríveis são mais raras pra mim, mas sei que tenho uma equipe vivendo tudo isso de forma plena; a visão da empresa, o olhar estratégico e o (ainda pouco) conhecimento adquirido até aqui já me salvaram um tanto de vezes; os medos e as angústias de empreender também continuam intactos, mas junto deles vem a coragem e vontade enorme de fazer acontecer.

Lembram dos sentimentos? São deles que falo, são eles que deixo florescer sempre que tenho que escrever, são deles que bebo toda vez que me questiono. Já usei esse título uma porção de vezes pra falar de Coletiva.net, afinal, ainda não achei algo que represente mais do que afirmar que comandar o portal (e as revistas, e a rádio, e a TV, e os eventos, e os projetos, e zaz e zaz e zaz) nada mais é do que "a realização de um sonhei que eu nunca sonhei". Talvez porque mantenho o mesmo amor pela marca desde que passei de leitora a estagiária, há 15 anos. Ouvir parabéns de tantos amigos, parceiros e profissionais a quem admiro me dá ainda mais certeza de outra frase que eu não canso de exaltar: nenhuma empresa até hoje fez meu coração bater como o Coletiva faz. Vida longa!

Márcia Christofoli é diretora de Coletiva.net

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