Para que seu livro não seja mero papel pintado

Por Mateus Colombo Mendes, para Coletiva.net

Mateus Colombo Mendes - Crédito: Maicon Hinrichsen

Reputação, em suma, é o modo como alguém é visto pelos demais. Não importa se nos ocupamos disso ou não: o fato é que alguma reputação, boa ou má, sempre teremos. Delimitando a questão à seara da opinião pública, é o modo como o público percebe um líder ou uma organização. Uma boa imagem é construída de posicionamentos pertinentes, expressos via imprensa, redes sociais e todos os meios disponíveis. 

Do artigo de jornal ao discurso na tribuna, muitos são os produtos que servem a essa finalidade. Mas a joia dessa coroa tem nome e sobrenome: produção editorial. Ou livro, simplesmente. Porém, ao mesmo tempo em que cabe estimular a publicação de biografias inspiradoras, é preciso ressalvar: livro não é para qualquer um. Ou, ao menos, não deveria ser. 

As dinâmicas digitais geraram a impressão de que o sucesso e a notoriedade são facilmente acessíveis. Com isso, muitas são as reputações aparentemente sólidas que se veem como dignas de serem publicadas e lidas. Essa falsa percepção resulta em um sem-fim de obras desinteressantes, mal-produzidas e pouco lidas. E essa dinâmica se potencializa na medida em que maus profissionais se aproveitam dessas possibilidades.

O escritor argentino Jorge Luis Borges dizia que é muito fácil saber o que é um clássico da literatura: basicamente, você sabe quando está diante de um. O mesmo vale para outras artes, como a pintura: sabe-se quando se está olhando para rabiscos pedantes e quando se está diante de uma obra de arte. Assim é para as vidas e trajetórias que merecem um livro. 

Somente quem tem uma reputação sólida - com muito a dizer e a contar, com autoridade e legado - é digno de ser lido. Um empresário ou uma empresa cuja atuação impacta a vida de toda uma sociedade. Uma autoridade pública de importantes serviços prestados. Uma instituição de relevância incontestável. Todos sabemos quando estamos diante de protagonistas de histórias que merecem ser publicadas. O resto é só papel pintado.

Mateus Colombo Mendes é editor, escritor e coordenador da Critério Editorial

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