Há exatos quatro anos, desde que aceitei o desafio de presidir o Conselho de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), defini um objetivo central: contribuir para que o Judiciário aumentasse sua interlocução com o povo gaúcho e com suas instituições representativas. Sentia-me, então, incomodado pelo estigma de distanciamento, de enclausuramento, percebido e manifestado por muita gente, fortalecido, inclusive, por alguns veículos de comunicação. Logo percebi que, para atingir o objetivo, muito mais do que um bom serviço de ouvidoria, seria fundamental estruturar fisicamente e com recursos humanos a área responsável pela nossa comunicação institucional. Afinal, por mais que se avance na gestão, sem nos comunicarmos de maneira eficaz com os públicos interno e externo, não há como fortalecer a imagem de uma organização, ainda mais, do setor público.

Embora estudioso e entusiasta da comunicação, não tenho essa formação em meu currículo. Por total respeito aos profissionais da área, nos cercamos de alguns dos mais competentes e constituímos a Direção de Comunicação Social do TJRS em 2021 - até então, possuíamos assessorias de Imprensa e de Relações Públicas atuantes, mas sem articulação entre si. E agregamos à nova estrutura um departamento para desenvolver o marketing institucional e a comunicação digital. A operação conjunta passou a seguir conceitos e técnicas de comunicação integrada, a partir do projeto Redação Conectada.

Desde então, efetivamente, nos conectamos aos públicos de relacionamento institucional, aos usuários do sistema de Justiça e ao público em geral, especialmente por meio dos nossos perfis oficiais nas principais redes sociais digitais. Com isso, nesse período, conquistamos mais de 340 mil seguidores que, além de receber nossos conteúdos diariamente em diferentes formatos, passaram a interagir conosco e a multiplicar nossas mensagens. Somos hoje o segundo Tribunal de Justiça do país em número de seguidores.

Passamos a transmitir ao vivo algumas de nossas atividades, desde solenidades, eventos culturais e até júris populares de grande repercussão. A finalidade é promover a transparência do serviço público, garantir equidade de acesso à imprensa e colaborar na educação para a cidadania. Desta maneira, deixamos de apenas responder às demandas dos veículos de comunicação e passamos a oferecer conteúdo qualificado. Seguimos prestigiando o trabalho dos veículos de comunicação, seja ao atender a uma média de 30 solicitações diárias, ao jamais deixar uma pergunta sem resposta e, ainda, ao prestigiar a imprensa profissional e livre com o Prêmio Themis de Jornalismo, anualmente concedido.

Entre os indicadores que apontam para o sucesso da nossa atuação, estão os diversos reconhecimentos públicos que temos recebido, principalmente nos dois últimos anos. De parte da "audiência", recebemos o Prêmio Nacional Social Media Gov, na categoria Transparência, pelo trabalho de excelência em nossas redes sociais. Da "imprensa", ganhamos o Prêmio ARI de Assessoria de Comunicação, promovido pela histórica Associação Riograndense de Imprensa. No segmento de "imagem institucional", fomos vencedores do Top de Marketing da ADVB na categoria Serviços Públicos, o primeiro de um Poder Público. E, pelo "sistema de Justiça", fomos agraciados com dois troféus de 1º lugar no Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça, considerado o Oscar da área, nas categorias Mídias Sociais e Artigo Acadêmico, concorrendo entre 400 cases de todo o país.

Ao elencar esse conjunto de argumentos, acredito ser possível considerar o objetivo central atingido, com a ampliação das formas de interlocução entre Judiciário e sociedade. Mas, enfim, são os desafios que nos movem. Entre eles, está a necessidade  imprescindível de integrar a comunicação ao ecossistema de inovação tecnológica, em especial, aos recursos de inteligência artificial e business intelligence (BI). O TJRS buscará esse caminho.

Antonio Vinicius Amaro da Silveira é desembargador, segundo vice-presidente do TJRS e presidente do Conselho de Comunicação Social