O setor de comunicação é dinâmico

Recentemente, nós, que pertencemos ao universo das comunicações, sofremos muito com algumas notícias sobre encerramento de atividades, mudança de foco e "enxugamento" de vagas …

Recentemente, nós, que pertencemos ao universo das comunicações, sofremos muito com algumas notícias sobre encerramento de atividades, mudança de foco e "enxugamento" de vagas em vários setores da mídia, como as demissões na Veja, na Folha de São Paulo, no Estadão, e aqui, a migração de O Sul de sua versão impressa para, primeiramente uma disponibilidade na versão em PDF - depois o lançamento em formato de portal. No setor de rádio, o lamento foi pela mudança de Rádio Ipanema, que operava em FM e passou a ser oferecida na versão web. Milhares de ouvintes, ou fãs, como preferem ser identificados, ficaram inconformados. O que tudo isso significa? Uma fase de transição ou crise?
Definam como quiserem, mas a realidade é assim mesmo, cruel. O sistema de comunicação a que nos acostumamos nos últimos 30, 40 anos, não existe mais. Os tempos mudaram, a tecnologia evoluiu, os leitores, ouvintes, telespectadores e navegadores também mudaram e a tendência é que, em breve, a maioria concentrará sua busca de informações, entretenimento, etc, nos novos formatos que estão surgindo - e outros que vão aparecer.
Por isso, vou adaptar/usar duas expressões consagradas por famosos dirigentes de futebol do Rio Grande do Sul. O ex-presidente do Inter, Frederico Arnaldo Ballvê, diante de uma situação crítica, amarga, saiu-se com esta frase: "Vamos fazer do limão, uma limonada". Ou seja, resumidamente, aproveitar o que se apresenta de ruim para aprender lições e tirar proveito disso no futuro. Já o ex-presidente do Grêmio Rafael Bandeira, na tentativa filosófica de explicar por que um clube alterna bons e mais momentos, deixou sua máxima: "O futebol é dinâmico". Em resumo, vive em ciclos.
As duas frases podem ser aplicadas à atual fase do setor de comunicações. É preciso entender que cada segmento alterna bons e maus momentos, nem tudo é maravilhoso sempre, assim como nada será trágico de forma permanente. É preciso descobrir em cada fato como dar a volta por cima, buscar alternativas, muitas vezes - usando outra frase do futebol - "mudar não mudando". Enfim, entender que "a comunicação também é dinâmica". Precisamos isso sim, deixar de apenas reclamar e buscar soluções, adaptar novos meios, formas e valorizar o que existe de bom.
Em meio a essas turbulências também surgiram notícias boas. E vou citar apenas dois exemplos na contramão da citada crise da mídia impressa: o Jornal de Canoas e a revista do condomínio-bairro Jardim Europa. O jornal começou a circular no último dia 11 de maio, em Canoas, em  iniciativa do empresário Moacir Menezes, cuja empresa de comunicação já detém os diários Jornal de Gravataí e Correio de Cachoeirinha, além do semanário Folha Patrulhense, de Santo Antônio da Patrulha. O Jornal de Canoas terá edições de segunda à sexta-feira, impressão em policromia e tiragem de 3.500 exemplares. A revista do Jardim Europa segue uma tendência muito bem explorada em São Paulo, mas de pouca presença por estes pagos. As revistas são de alta qualidade gráfica, assuntos interessantes e distribuídas gratuitamente aos moradores/condôminos.
Além desses segmentos, também é preciso valorizar as agências/empresas de comunicação, segmento que tem se especializado muito, evoluiu bastante e vem absorvendo muitos profissionais que saem das faculdades. Vou falar sobre esse tema novamente diante do bom desempenho de algumas empresas gaúchas disputa de prêmios regionais/nacionais de comunicação corporativa. Também é preciso saudar uma iniciativa dos clubes de futebol, onde os principais estão valorizando a função do jornalista.
Em abril passado, quando coordenei os contatos das premiações da ACEG no Gauchão 2015, com os Troféus Fairplay e Gol de Placa, tive o prazer de descobrir que a maioria dos clubes que disputaram o campeonato tem assessoria de imprensa, inclusive a modesta União Frederiquense, de Frederico Westphalen, que infelizmente não conseguiu se manter na Divisão Especial. Quando precisei conferir alguns dados fui encaminhado ao assessor de imprensa do clube. A dupla Gre-Nal montaram verdadeiros exércitos de jornalistas para atender a todas as áreas: site, impressa, TV, rádio e mídias sociais. Dá gosto de ver  trabalho que fazem. Seria bom que outras entidades também valorizassem a comunicação como os clubes.
Por isso, concordo: a comunicação é dinâmica, pois quando uma porta é fechada, no mínimo uma nova janela se abre. E assim vamos em frente!

Autor
Júlio Sortica é jornalista formado pela Ufrgs. Foi repórter do Diário de Notícias, Zero Hora, Folha da Tarde, Jornal do Comércio, Correio do Povo, Revista Consumidor, editor da Plástico Sul, diretor de O Sul e coordenador de Comunicação da Secretaria de Planejamento do Estado do RS. Fez várias coberturas internacionais, editou publicações segmentadas.

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