Declaração dos Direitos Desumanos
Esta versão atualizada da Declaração Universal dos Direitos do Homem é a propósito de um original muito conhecido da boca pra fora e que andou circulando nas mãos de um sorridente presidente americano, que o exibiu como modelo de teoria e até como cunha em negociações internacionais. Omiti alguns artigos apenas por falta de espaço e não, como fazem certos países, por falta de interesse neles.
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Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direito. Mas não podem morrer assim.
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Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas na Declaração original, desde que esteja disposto a correr o risco.
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Ninguém será mantido em escravidão ou servidão. A não ser por vínculo empregatício.
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Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel que não possa aguentar.
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Todos são iguais perante a lei. Isto é, todos tremem.
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Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança. Sem exageros.
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Todo homem tem direito a receber remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais: mercurocromo, gaze, esparadrapo.
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Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado, salvo honrosas exceções.
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Todo homem tem direito a um julgamento justo e imparcial de vez em quando.
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Todo homem é inocente até prova em contrário, forjada ou não.
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Todo homem tem direito à vida privada e à proteção. Nem que para isso tenha que ir parar numa cela.
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Todo homem, quando perseguido, tem direito a procurar asilo em outros países que perseguem menos.
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Todo homem tem direito a uma nacionalidade, embora isso não lhe traga direito algum.
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Todo homem tem direito à propriedade ou, pelo menos, ao aluguel dela.
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Todo homem tem direito à liberdade de pensamento. Mas que isso não lhe suba à cabeça.
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Todo homem tem direito à liberdade de expressão. Corporal, bem entendido.
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Todo homem tem direito ao trabalho, mesmo que não queira.
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Todo homem tem direito à instrução. Inclusive quem ensina.
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Todo homem tem direito de participar do governo do seu país. De preferência votando ou sendo votado.
(Publicado originalmente em 1979, em parceria com o querido e saudoso amigo Carlos Carvalho, escritor e dramaturgo.)