IN FORMA

Por Marino Boeira

O balanço do primeiro ano Lula

O primeiro ano do governo Lula chega ao fim e imagino que nem o seu maior defensor será capaz de encontrar algo positivo que justifique as esperanças dos seus eleitores.

Na falta de algum projeto interno de repercussão que dê aos brasileiros alguma perspectiva de avanço na economia, Lula dedicou boa parte do seu tempo a viagens turísticas pelo mundo inteiro.

Dispondo de um avião sempre à sua espera, Lula e sua fiel escudeira, a Janja, já passaram cerca de 2 meses no Exterior, somando os dias em que estiveram fora do Brasil.

O que isso resultou de benefícios para o País?

Rigorosamente, nada.

Os vexames públicos, em que Bolsonaro foi pródigo no Exterior, como comer pizzas na rua em Nova York, não foram repetidos por Lula.

A sua longa convivência com os ricos e poderosos refinou seus hábitos, ainda que vez que outra tenha alguma recaída principalmente na sua linguagem.

No mundo inteiro, Lula ainda ocupa no imaginário das pessoas, a figura do operário, pau de arara, semianalfabeto, que por esforço próprio, ascendeu na política até se tornar presidente de um grande país.

O político vítima de uma grande arbitrariedade, condenado à prisão injustamente, voltou à cena para ganhar uma eleição de um dos seus maiores algozes.

Uma biografia e tanto para encher os olhos de europeus e americanos.

Pena, que por trás dela, existe a realidade de um político internamente comprometido com as forças responsáveis pelo grande atraso econômico e social do Brasil, os banqueiros, industriais, os grandes comerciantes e principalmente os donos do agronegócio e que externamente sempre foi incapaz de formular uma política realmente independente.

Como para a maioria da mídia, a opção ao Lula, é o Bolsonaro e isso é muito pior, o remédio é valorizar suas ridículas propostas de solução das grandes crises internacionais, quase todas elas circunscritas a "uma conversa franca e direta em torno de uma mesa" e se possível em meio à uma rodada de cerveja.

A dúvida é até quando esse discurso vazio do Lula nos encontros internacionais, ouvidos pelos líderes das grandes potências com uma diplomática atenção, vai garantir sua popularidade entre os petistas.

Se no cenário internacional ele nos faz lembrar dois personagens de comédia no cinema, Peter Sellers em O Rato que Ruge e Vittorio Gassman, do Exército Brancaleone, internamente ele se aproxima do Alienista do Machado de Assis, com suas soluções mágicas para os problemas nacionais.

Chegará porém o momento em que a realidade vai se impor e seus apoiadores e seguidores fiéis, vão se dar conta que ele é mais um dos muitos políticos vulgares que sempre fizeram parte da história do Brasil.

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

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