Violência contra jornalistas no Brasil cai pela metade em 2017

Dados são do relatório da Agert, divulgado nesta quarta-feira

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Os casos de violência contra jornalistas caíram pela metade em 2017, conforme aponta o relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), divulgado nesta quarta-feira, 21. Segundo o documento, os números de agressões e mortes de profissionais de imprensa no País diminuíram cerca de 50% em comparação com 2016. Mesmo assim, o presidente da entidade, Paulo Tonet Camargo, destacou que o Brasil está entre os países mais perigosos para o exercício da profissão e diz acreditar que a diminuição dos protestos de rua em 2017 favoreceu o resultado.

O documento contabilizou um assassinato de jornalista em razão da profissão, contra dois em 2016 e oito em 2015. Foram 82 casos de violência envolvendo 116 profissionais, que não resultaram em morte, o que mostra uma queda de 52,34% em relação ao ano anterior. Camargo, no entanto, lembrou que, somente em 2018, dois profissionais de imprensa foram assassinados. "Acentua-se um sentimento de incompreensão sobre o real papel do Jornalismo, dos profissionais e dos veículos de Comunicação", lamentou.

Dos 82 casos de violência sem morte, 35 foram agressões físicas. Os principais agressores, conforme o relatório, foram ocupantes de cargos públicos, populares e parentes de alvos de reportagem. Houve 10 ameaças em que os principais autores também foram os ocupantes de cargos públicos, três atentados, seis detenções, quatro intimidações, um caso de assédio sexual e quatro de vandalismo, como a sabotagem de torres de transmissão. Também foram listados casos de profissionais que foram expulsos dos locais onde fariam a cobertura jornalística.

De acordo com um relatório da ONG Repórteres sem Fronteiras de 2017, o País está na 103ª posição do ranking de liberdade de imprensa, em um total de 180 nações. No ano anterior, estava em 104º lugar. "O Brasil melhorou uma posição. Mas, em 2010, estávamos em 58º lugar. Ainda que tenha ocorrida a melhora de um ponto, se considerarmos historicamente esses índices, o Brasil decaiu", avaliou Camargo.

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), por sua vez, coloca o Brasil na oitava posição na lista de países com mais crimes sem solução envolvendo profissionais de Comunicação. O presidente da Abert destacou que em mais de nove de cada 10 casos, os autores não são julgados e a impunidade gera um estímulo a essas reações violentas aos jornalistas no exercício da profissão. "É uma licença para matar e isso é muito grave." Os casos de agressões e ameaças registradas no ano passado ocorreram, principalmente, no Sudeste, em especial, em São Paulo.

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