Comentários de jornalistas viram recurso de disputa eleitoral

Uso de recorte de jornais e trechos de programas de rádio não agradou comunicadores

O uso de trechos de colunas e comentários de jornalistas como forma de atacar o adversário entrou para os programas eleitorais. Nesta segunda-feira, 20, a propaganda eleitoral do candidato Tarso Genro (PT) dedicou cerca de um minuto e quarenta segundos a mostrar o "que os jornalistas comentam sobre a falta de propostas de ( José Ivo) Sartori" (PMDB). Apresentou parte de conteúdos de jornais e programas de rádio, com comentários dos jornalistas Juremir Machado da Silva, do Correio do Povo, e Carolina Bahia, Daniel Scola e Rosane de Oliveira, do Grupo RBS. O programa encerrou com trecho em que Rosane dizia que Sartori estava "pedindo aos eleitores do Rio Grande do Sul um voto de confiança, um 'cheque em branco'?", expressão que passou a ser utilizada por Tarso em debates.
O recurso já fora utilizado em edições anteriores de programas eleitorais e não agradou aos comunicadores da RBS. A jornalista Carolina Bahia fez um comentário indignado no Facebook, desautorizando qualquer envolvimento de seu nome com campanha política. Ela, Rosane e Daniel Scola foram surpreendidos com a reprodução de uma conversa entre eles no horário de TV da candidatura de Tarso. De acordo com o coordenador de Comunicação de campanha de Tarso, João Ferrer, decidiu-se pelo uso do material no programa por estar relacionado a fatos já apresentados sobre a candidatura do adversário no decorrer da campanha. "Não havia impeditivo e assim que recebemos a notificação, paramos de usar", explicou. O uso desse tipo de recurso em situações futuras não está descartado.
Pelas redes sociais, Rosane ratificou o posicionamento sobre o assunto já registrado em seu blog. A jornalista ressaltou que não autoriza o uso de seu nome em propaganda eleitoral; lembrou que, em 30 anos de profissão, nunca teve vínculo com partido político; e afirmou que o uso do comentário induzia os eleitores a pensarem que colaborou com a campanha. "O argumento de que tudo o que vai ao ar se torna de domínio público não convence: a utilização de uma fala minha na propaganda eleitoral denota intenção de confundir os eleitores." 
Coordenador de Marketing da campanha de Sartori, Marcos Martinelli afirma que trechos de conteúdos de veículos de comunicação não são mais reproduzidos em programas de seu candidato, em respeito a orientações de veículos de comunicação e à vontade dos jornalistas. "São informações descontextualizadas, que não contribuem em nada para a função jornalística."

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