Objeto de polêmica antes mesmo de seu lançamento, a campanha "Seu filho é o que você come" foi apresentada nesta segunda-feira, 21, em coletiva de imprensa pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS). No evento, a entidade explicou que a ação, desenvolvida pela Paim, tem como objetivo chamar atenção das mães para a importância da alimentação saudável durante o período de gestação e de lactação. Os primeiros mil dias de um bebê, desde a gestação até os dois primeiros anos da criança, são fundamentais para evitar doenças como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças do coração na vida adulta.
"Sabemos que tudo o que acontece com a criança terá impacto importante no tipo de adulto que esta criança vai ser. Temos altos índices de obesidade e baixos índices de aleitamento materno exclusivo no País", alertou a presidente da entidade, Patrícia Miranda do Lago. A ação ganhou repercussão após ter sido veiculada em sites internacionais, em que foi descrita como "perturbadora". No Daily Mail, uma entidade chamou a atenção para o fato de as peças estarem em inglês e, até então, não terem sido veiculadas no Brasil. Vice-presidente da Paim e diretor de Criação, Rodrigo Pinto diz que essa foi a estratégia escolhida pela agência para gerar buzz, já que se trata de um cliente sem bugdet para veiculação em mídias como televisão. "Eu não chamaria de campanha, foi um trabalho. Nosso briefing era colocar os 1000 dias em pauta", resumiu.
A campanha estará em hospitais e clínicas pediátricas nesta semana - profissionais também podem retirar materiais de divulgação na sede da entidade. Cerca de 50% dos bebês com menos de um ano de idade já experimentaram refrigerante. Pediatra do Comitê de Nutrologia da entidade, Matias Epifanio diz que os números mostram a necessidade de campanhas como esta e ressalta que o objetivo não é desestimular a amamentação. "Bem pelo contrário, queremos incentivar o aleitamento materno e que a mãe tenha uma alimentação saudável. A mãe precisa ter consciência que a falta de alguns alimentos pode fazer com que a criança tenha uma série de problemas no futuro. Estudos já mostraram que até o rendimento escolar pode ser afetado com a falta de nutrientes", destaca Matias.
Na última sexta-feira, 18, diante da repercussão da campanha, a entidade divulgou nota oficial, afirmando que o trabalho busca a conscientização da população. A Sociedade de Pediatria também informou que a campanha foi desenvolvida sem custos pela Paim, como ação social, e que não tem nenhuma relação com a indústria farmacêutica ou de alimentos, "como tem sido veiculado por algumas mídias maldosas e tendenciosas".