Ilhado: jornalista Gabriel Santtos não consegue sair de Arroio do Meio

Comunicador foi cobrir as enchentes na cidade em 30 de abril e não pode voltar para casa

Gabriel Santtos está ilhado desde 30 de abril - Crédito: Arquivo Pessoal

O jornalista Gabriel Santtos, do jornal A Hora, está ilhado, desde 30 de abril, em Arroio do Meio, devido às enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. Em conversa com a equipe de reportagem de Coletiva.net, o comunicador contou que foi para a cidade para cobrir as fortes chuvas, que começaram no dia anterior, quando acabou ficando preso.

Conforme Gabriel, na segunda-feira, 29 de abril, já estava produzindo conteúdos para as redes sociais e para o jornal, que viraram a capa da edição do dia seguinte, sobre os alagamentos e a elevação dos arroios. Na terça-feira, 30, iniciaram o plantão na rádio às 6h e ele foi para Arroio do Meio, pois é o responsável por cobrir o município. No mesmo dia, uma forte chuva atingiu o município e o profissional decidiu, por opção, ficar na cidade.

Gabriel contou que na quarta-feira, 1º, os rios começaram a subir, o que causou queda de duas pontes, fazendo com que o comunicador ficasse ilhado na cidade. A primeira ponte que caiu dava acesso a Lajeado, município onde mora, e a segunda é a da ERS-130.

O comunicador dormiu em diversos pontos diferentes. Segundo ele, a primeira estadia foi no sótão do Museu Municipal, porém, na madrugada, precisou sair, pois o local seria utilizado como abrigo para famílias. A segunda noite foi na prefeitura e nas últimas conseguiu se abrigar na casa de amigos.  

O objetivo de Gabriel é tentar chegar à casa dos pais, que moram em Travesseiro, cerca de 20 quilômetros de onde encontra-se, o que acredita ser possível com a melhora do tempo e a vinda do sol. "Mas assim como todo mundo, estou com pouco combustível no carro e os postos da cidade não têm gasolina. Acabei ficando ilhado em Arroio do Meio, basicamente há uma semana", lamentou. 

Por conta da queda da ponte que dá acesso a Lajeado, Gabriel não consegue retornar para casa, só com travessia de barcos. A outra ponte que caiu é entre Travesseiro e  Marques de Souza, que daria acesso à casa dos pais. "Tem outro acesso por uma estrada de Arroio do Meio a Travesseiro, que já tem uma parte desobstruída, mas há outro trecho que precisa ser feita a recomposição da estrada  com material, porque o rio acabou se elevando muito lá e ainda não tem acesso."

Conforme Gabriel, a cidade, pelo que acompanha, está um caos. "Teve um cálculo da Defesa Civil que diz que dos 22 mil habitantes, 12 mil foram afetados  diretamente pela elevação do rio, no interior teve muita ponte que caiu, então tem comunidades da própria cidade que não têm mais acesso entre elas", explicou.

Gabriel contou que há muitos helicópteros na cidade, e que tem bairros que não existem mais. "É surreal, a cidade suja, tem gente alocada na igreja, na Rua Coberta, que era um local de eventos. É uma questão de sobrevivência do pessoal vivendo com o básico."

O comunicador afirmou que Arroio do Meio está em colapso, pois as pessoas não estão conseguindo retornar à normalidade. "As maiores empresas como a Dália Alimentos, Minuano e BRF foram inundadas. Bremil, Girando Sol e Neugebauer não têm como escoar mais a produção. O comércio todo na área central está afetado também", explicou.


Em decorrência da tragédia que atinge o Estado, considerada a maior da história do Rio Grande do Sul, Coletiva.net optou por mudar, provisoriamente, seu olhar editorial. Por tempo indeterminado, o noticiário do portal se focará em dar luz aos acontecimentos relacionados às chuvas e enchentes no mundo da Comunicação. Além disso, destacará a editoria Panorama como uma fonte de serviços. Vale ressaltar que nossos canais estão abertos a todas empresas de nosso ecossistema e comunicadores que queiram noticiar suas iniciativas em prol da população afetada. Informações excepcionais, não relacionadas ao episódio climático, também serão contempladas.

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