Mário Petek: Lições na rotina

Agora numa função pública, ele acha que pode contribuir para aprimorar a comunicação, a partir das experiências que teve em várias atividades na área privada.

Da infância vivida boa parte em Santa Vitória do Palmar, o porto-alegrense Mário Petek, 47 anos, guarda, entre outras lembranças, o rádio. Apaixonado por futebol desde pequeno, o colorado recorria às transmissões radiofônicas para acompanhar o seu time de coração. Nasceu daí a outra grande paixão da sua vida, a comunicação.


Admirador de novas experiências, Mário Petek assumiu em janeiro o cargo de Superintendente de Comunicação da Assembléia Legislativa. Surpreso com o convite do presidente do legislativo, deputado Luiz Fernando Záchia (PMDB), entendeu que a indicação não estava ligada ao fato de ser ou não jornalista e, sim, com a experiência em rádio, TV e na área comercial. Ele, que sempre exerceu cargos em empresas privadas, destaca que trabalhar em uma entidade política é diferente. "Em uma função dessas, a gente começa a partir de onde os outros terminaram e tenta andar um pouco mais pra frente", acredita.


Com planos para a Assembléia, seu maior objetivo é fazer com que a gestão de Záchia tenha um bom reconhecimento público. Para isso, acha necessário ampliar a comunicação da Casa com a sociedade. Produzir uma nova grade de programação para a rádio web e para a televisão e lançar programas com perfis diferentes, voltados para a cultura, estão entre as suas metas. "A idéia é que a rádio e a televisão se aproximem das emissoras de canal aberto, não havendo repetições excessivas na programação", afirma. Também existem planos de tornar a Rádio Web uma rádio aberta e melhorar o sinal da TV Assembléia.


Por linhas tortas


Aos 18 anos, Mário Petek entrou para a Faculdade de Administração, na PUCRS. Mas não concluiu o curso. Na época, dirigia a parte de produção da RBS Vídeo e não conseguia conciliar o trabalho com as aulas. "Produção comercial não tem dia nem hora. Estava sempre faltando aula", revela. Apesar de não planejar a volta para a academia, Petek afirma que todos deveriam retornar para as universidades em busca de especialização.


Foi na TV Guaíba, em meados de 1978, que pela primeira vez, trabalhou em um veículo de comunicação. Mal sabia ele que este era apenas o começo de um longo caminho. Depois passou por outras emissoras de TV, além de rádios e jornais. Por um longo período, atuou na área comercial dentro de veículos como Bandeirantes, RBS e Zero Hora.


A era do videotape


Na Guaíba, além de passar pela área de programação, Petek atuou como operador de VT e acompanhou uma mudança importante para a televisão brasileira: a transição do filme para o vídeotape. Segundo ele, o Rio Grande do Sul foi pioneiro na utilização da nova tecnologia na produção de comerciais. Lembra a chegada das primeiras máquinas de slow-motion, em 1980, que, com os editores automáticos, introduziram uma nova tecnologia. "A vinda dessas máquinas deixou o VT ocioso, e foi aí que as portas para os comerciais se abriram", afirma. Produção de faixas comerciais tornou-se, então, seu novo trabalho.


Da TV Guaíba foi para a sucursal gaúcha da TV Barriga Verde, para assumir o cargo de gerente de Operação comercial. Em 1984 foi para a RBS, ficando cerca de seis anos. Como autônomo, foi representante comercial da Zero Hora em cadernos especiais, e montou o seu próprio jornal, o ?Via Norte?.  Cerca de 13 anos depois, Mário Petek assumiu a direção Comercial da Bandeirantes. Novamente passou a conciliar o lado comercial com o jornalismo, envolvendo-se na operação da televisão e da rádio. "Não comandava a área jornalística mas, além de participar de diversas discussões, integrei o jornalismo com a área comercial", afirma Mário.


Como diretor-geral da emissora, em 2002, teve a experiência que mais o aproximou do jornalismo, estando ligado diretamente a questões editoriais. Foi nessa época que Petek aprofundou seus conhecimentos no rádio. Ajudou a reestruturar a Bandeirantes AM e participou da evolução comercial da rádio Ipanema, deixando-a com um caráter competitivo. Apesar de não ser um jornalista, Mário Petek conheceu a fundo seus sistemas e caminhos. "Tive a felicidade de conhecer essa área que não era minha, e realmente aprendi tudo na prática".


Conciliando talentos


É no jornal ?Via Norte? que Petek tem a chance de conciliar um perfil empreendedor com a comunicação, além de colocar em prática o seu aprendizado ao lado de grandes comunicadores. "O veículo deve servir à população. Divulgar coisas boas e não só as coisas ruins", argumenta. Com anos de experiência, acha difícil existir um jornal isento, porque "as pessoas não são isentas", justifica.


Petek se diz dinâmico e acredita que é a visão comercial, ampliada e competitiva, que possibilita formas diferentes de viabilizar a atividade jornalística. Recorrendo ao passado para traçar os caminhos de sua profissão, mais uma vez cita a Bandeirantes como um exemplo que deu certo na sua carreira. "Na Band a gente quebrou a barreira do jornalismo com o comercial. O jornalismo criava o produto e nós, da área comercial, viabilizávamos a venda", lembra.              


Uma busca incessante


O jornalismo não está presente apenas na sua rotina de trabalho. Apaixonado por comunicação, Petek leva para as horas de lazer a necessidade de se manter informado. "O jornalismo na minha vida é isso, a busca incessante pela informação", comenta.


Entre uma leitura e outra, ele encontra tempo para jogar futebol e reunir os amigos em volta da mesa. O futebol, que é lazer obrigatório, o acompanha todas as quartas e sábados. O grupo já é tradicional e reúne três gerações de jogadores. "A minha é a segunda", diz Petek. A outra diversão vem em dose dupla: "Cozinhar é só o motivo pra reunir os amigos". Massas e risotos são especialidades "da casa". "Acho que cozinhar é a melhor terapia", declara.


Eclético, ele aprecia vários estilos musicais. Do clássico ao rock. Na internet, procura versões diferentes de músicas que fizeram parte da história. E parte da geração disco que, para ele, é o período mais rico da música. 


Segredo do sucesso


Ao longo da carreira profissional, desenvolveu atributos que considera importantes para o deslanchar da profissão. O principal deles, na sua opinião, foi "aprender a despir-se dos egos". Não faz mais distinções quanto à cultura e classe social das pessoas com as quais se relaciona e atribui tal comportamento à maturidade. Sempre exercendo papéis de chefia, ele conclui que saber conviver é "o farol que guia o caminho".  Vê na sinceridade e na capacidade de escutar as suas maiores qualidades. Em contrapartida, admite ter em casa um comportamento contrário. Na vida pessoal, é impaciente, o que ele credita paradoxalmente ao fato de ter um perfil acolhedor no trabalho. Outra característica forte de sua personalidade, e que talvez tenha sido uma das chaves para o sucesso, é o espírito de equipe.


Depois de um período voltado para seus negócios, Petek retorna à rotina de trabalho na Assembléia, onde está seu maior desafio atual. Porém, já faz planos para o fim de seu mandato como superintendente de Comunicação, daqui a 10 meses. "Pretendo me voltar novamente para os meus negócios, que incluem o jornal e o programa ?Minuto Varejo?, do canal 20". A vantagem, segundo ele, de atuar em um projeto próprio é que, além de estar sempre buscando novidades, "tem um ritmo de trabalho diferente de um executivo de uma empresa".

Imagem

Comentários