Leo Saballa Jr.: Com passaporte gaúcho

Embora tenha nascido em Santa Catarina, âncora da RBS TV viveu grande parte da vida no Rio Grande do Sul e já se considera naturalizado

Leo Saballa Jr. - Crédito: Daniel Gebauer

A história de Leo Saballa Jr. começa no município de Taió. A região do interior de Santa Catarina, que possui cerca de 18 mil habitantes, fica a 453,1 quilômetros de Porto Alegre e é cidade natal do jornalista que atua no Grupo RBS. Contudo, essa é apenas uma pequena parte da trajetória dele, que não permaneceu nem por uma semana no local. Isso porque, alguns dias depois, o filho de Leo Saballa, jornalista que trabalhava na cidade, e de Rosanea, foi levado para Joinville - onde, aí sim, tem lembranças da infância, além de ter vivido em Tubarão.

Contudo, foi aos 12 anos que Leo passou de catarinense a gaúcho. A mudança de estado se deu devido ao casamento da mãe com o padrasto Geraldo, que reside no Rio Grande do Sul. Hoje, após ter mais tempo de vida em solo rio-grandense, afirma: "Estou há tanto tempo, que já me sinto um gaúcho naturalizado". Foi aqui também que se formou em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), bem como se tornou mestre em Comunicação pela mesma instituição de ensino.

"Nunca pensei em fazer outro curso, tanto que não coloquei segunda opção de graduação", relata ele, que ingressou na profissão por influência do pai. Apesar de não ter morado na infância com o patriarca, visto que os pais são separados, Leo acredita que sempre teve essa ascendência, mesmo que indiretamente. O foco, o qual considera ser a sua grande qualidade, era tanto que fez apenas um vestibular "e passou de cara".

Duas décadas de RBS

O Grupo RBS está na vida de Leo há quase 20 anos, desde os tempos de estágio até a contratação após se formar. Em 2004, o então estudante ingressava no time de colaboradores da Rádio Gaúcha como produtor-editor do 'Chamada Geral Segunda Edição'. Na ocasião, o programa era apresentado por Oziris Marins, por quem tem muita admiração e carinho. Não demorou para se tornar repórter. "Naquela época, mesmo muito jovem, além de realizar reportagens, também apresentei todos os programas de Jornalismo em substituição dos titulares, como 'Gaúcha Hoje', 'Gaúcha Atualidade', 'Chamada Geral', 'Gaúcha Repórter', 'Brasil na Madrugada' e 'Correspondente Ipiranga'".

Entretanto, quando estava no último dia de férias, recebeu uma ligação de André Machado - gestor da Gaúcha naquele período. O motivo? Convidá-lo a trabalhar em Brasília. O tempo para dar a resposta? Uma hora. E, assim, direto da praia, decidiu se mudar para a terra onde, no máximo, teria contato com o Lago Paranoá. "Foi um período bem legal e intenso. Com muito trabalho, mas com muito aprendizado também", cita o profissional que, dois anos depois, regressou a Porto Alegre. Porém, ele, que havia partido sozinho, retornou ao lado da jornalista Maíra Gatto e de um cãozinho.

Assim como Maíra, que também atuava no Grupo RBS, Leo recebeu um convite para voltar a trabalhar em Porto Alegre e, dessa vez, não mais na rádio, mas sim na televisão. A ideia era que apresentasse um programa que seria lançado na TVCom, o 'TVCom 20h' - nome que, inclusive, ajudou a criar. Desde então, os convites para exercer diferentes atribuições na telinha não pararam. Hoje, na segunda passagem como apresentador do 'Bom Dia Rio Grande', é substituto dos outros telejornais da RBS TV. Inclusive, no final de 2023, completa 10 anos como âncora "interino oficial" do 'RBS Notícias'.

"Mais do que leitor de TP"

Para Leo, cada período teve um desafio diferente. No tempo da Gaúcha, era ser muito jovem e substituir apresentadores muito mais experientes; já quando foi para Brasília, precisou chegar e logo conhecer os corredores do Congresso Nacional, bem como saber com quem falar. Para citar o momento de maior satisfação na carreira, não pensa duas vezes: não é um, são vários, pois se trata de quando sai na rua e recebe o carinho dos telespectadores. "Não é só dizer 'ah, aquele ali é da televisão'. É quando me dizem que me assistem todos os dias e me abraçam com carinho", revela ele, completando que percebe que as pessoas o enxergam como alguém que conhecem.

Por isso, saber que a forma que se propõe a trabalhar dá resultado é o que mais o realiza na profissão, uma vez que se propõe a ter empatia com as pessoas e conversar com elas. "Não quero ser só um leitor de teleprompter (TP). Desejo que as pessoas entendam que sou um amigo das manhãs, um parceiro."

Contudo, para chegar nas ruas e receber tanto carinho e reconhecimento, foi - e continua sendo - preciso muito foco e dedicação. Na rotina, tenta dormir cedo, o que é difícil para ele, pois tem uma filha de oito anos, a Malu. Porém, tenta se deitar por volta das 22h, para acordar às 3h30, arrumar-se e tomar café. Como mora perto da TV, leva cerca de sete minutos até o trabalho. Aproximadamente às 4h, chega para trabalhar e encerra o expediente às 12h. Entretanto, a rotina pode variar quando apresenta o 'Jornal do Almoço' ou o 'RBS Notícias'.

Breve luta contra o sono

Quando não está trabalhando, procura encontrar forças no meio desse horário para correr, exercício físico que pratica há cinco anos. De vez em quando, ainda frequenta academia e, em 2023, começou a fazer futevôlei. Tudo isso quando não está cochilando para amenizar o cansaço, visto que acorda muito cedo. "Nossa rotina é uma breve luta contra o sono", brinca.
Leo também arranja tempo para dar atenção à filha e à esposa. Eles inventam brincadeiras, saem para passear e viajam juntos pelo interior do Estado e pelas praias de Santa Catarina. Além disso, frequentam muito a Orla do Guaíba: enquanto ele corre ou vai de bicicleta, mãe e filha andam de roller. "Somos bem grudados", confessa, orgulhoso. O jornalista, inclusive, salienta que tem um "amor enlouquecedor pela filha", ao completar que "ela é a prioridade de tudo".

Outro programa de pai e filha diz respeito ao futebol: Malu acompanha Leo nos jogos do Inter, "o que é motivo de muita felicidade". Adorador do esporte e, principalmente, do time colorado, nunca escondeu para quem vai a sua torcida. "Mesmo anos atrás, quando os jornalistas tinham o costume de não revelar. Prefiro contar porque vou em todos os jogos no Beira-Rio", aponta.

A paixão por futebol, inclusive, não é somente dentro das quatro linhas do campo, mas também com muitos comandos no controle do videogame. Leo adora jogar Fifa, série de videojogos de futebol, lançados anualmente pela Electronic Arts (EA) sob a chancela da EA Sports. "É um dos meus passatempos mais divertidos, apesar de me irritar bastante às vezes", conta, rindo.

Hábitos e preferências

Atualmente, com o horário complicado, tem acompanhado bem pouco séries e filmes. Contudo, cita a trilogia do 'O Poderoso Chefão' como o favorito da vida, enquanto as últimas séries que viu foram 'You' e 'Black Mirror'. A rotina de trabalho também tem impacto em outro hábito que adora: ler. Há um tempo, assinava um clube de leitura e uma vez por mês recebia um livro. Porém, apesar de agora não ser mais possível, pretende voltar a ler mais, assim como retomar a assinatura de obras. 'A Rede de Alice', romance histórico escrito pela norte-americana Kate Quinn, é o título que o jornalista destaca.

Futuramente, pretende ler 'Jesus, o homem mais amado da história', escrito pelo jornalista Rodrigo Alvarez, que trata sobre a vida de Cristo de acordo com documentos. Inclusive, Leo se diz cristão, mas não se considera religioso. É católico "quase que como uma convenção", mas acredita em Deus e em uma energia suprema, que pode o guiar a seguir os caminhos do bem. Além disso, tenta colocar no dia a dia alguns princípios cristãos.

Em relação à música, relata que a escolha entre rock ou MPB depende do dia, humor e local. Gosta muito de indie rock e bandas do gênero, como The Killers e Arctic Monkeys, apesar de não ser fã de uma em específico. Quando o assunto é gastronomia, confessa que prepara apenas churrasco, comida que adora. Além disso, aprecia muito strogonoff, embora ressalte que costuma comer de tudo.

Equilíbrio necessário
Leo resume a infância dos anos 1980 e 1990 vivida em Santa Catarina a muitas brincadeiras na rua, como jogar bola e taco, andar de bicicleta, soltar pipa e brincar com bolas de gude. Tudo isso ao mesmo tempo em que tinha os videogames da época e que jogava bastante. "Brinquei muito, me machuquei bastante e aproveitei minha infância", recorda, ao brincar que foi "uma criança raiz."

Irmão caçula de Andreza, Leo ainda tem um irmão por parte de pai que, curiosamente, chama-se Leonardo. "Olha que criativo o nome do meu irmão. Meu pai é Leo, eu sou Leo Jr. e meu irmão, Leonardo. Quando chamam por Leo, os três olham", conta, aos risos.
Apesar de considerar como grande defeito a desorganização, está longe disso com as palavras. Enquanto pensa bastante antes de cada resposta, até durante a conversa não larga a caneta e o papel. "Meu cérebro funciona mais rabiscando", explica. Ele, que tem como lema buscar sempre ter uma vida com paz e com saúde, entende que se sente realizado, o que não quer dizer que conquistou tudo o que gostaria ou que não tenha mais ambição. Um dos planos, aliás, é lecionar.

Hoje, com quase duas décadas de atuação no Jornalismo, ao olhar para trás e refletir sobre o presente, compreende que é alguém que busca equilibrar trabalho e família, de modo que consiga ser o melhor profissional possível, mas que também não interfira na importância que a família tem na sua vida: é a prioridade de tudo.

Autor
Editora

Comentários