Ana Paixão: Zapeando pelos comerciais

“Pode ser uma pedreira, mas eu tenho tesão é pela área comercial.” É assim que a gerente Ana Paixão Côrtes explica o seu envolvimento …

"Pode ser uma pedreira, mas eu tenho tesão é pela área comercial." É assim que a gerente Ana Paixão Côrtes explica o seu envolvimento com o trabalho. E não é para menos, já que faz isso há mais de 15 anos. Nascida a 12 de maio de 1966, a porto-alegrense sempre quis trabalhar com vendas, com publicidade. Ainda no 2o grau, estudou no Curso Técnico de Publicidade, do Colégio Júlio de Castilhos. Se em algum momento surgiram dúvidas, foi na escolha pela faculdade. Apaixonada por comunicação, não estava certa sobre a "rentabilidade" da profissão de publicitária e prestou vestibular na Famecos para Jornalismo. O engano durou apenas um semestre, o suficiente para descobrir que não gostava de escrever e ainda a tempo de trocar para a habilitação em Publicidade e Propaganda. "Gosto muito de criar, falar, pensar e desenvolver, mas nada na área jornalística." Sua única experiência fora da área comercial foi um estágio em agência, quando estava ainda no 6o semestre da faculdade. Não durou nem três meses: "não deu para aprender muito, porque parecia mais uma recepcionista do que uma parte importante da empresa", conta. Mas no semestre seguinte, foi convidada por uma amiga, que estagiava na área comercial da Rádio Capital, para ocupar uma vaga que surgira. Lá, respondia a Gilberto Lessa, que "foi uma verdadeira escola, dando dicas do que fazer e não fazer, do comportamento adequado nesse departamento, onde eu entrei sem saber de nada." Após nove meses, Lessa foi transferido para a Rádio Princesa e levou suas estagiárias junto. "Houve um certo preconceito por parte dos meus conhecidos, pois era uma rádio popular, de samba, mas foi uma experiência gratificante." Em busca de desafios Ana formou-se em 1988 e no ano seguinte já era contratada da Rádio Gaúcha, onde fazia atendimento a pequenas e médias agências. Ficou no emprego até 1994, quando foi para a Bandeirantes. "Meus amigos criticaram minha decisão, diziam: 'tu és maluca, vais sair da Gaúcha, todo mundo quer trabalhar lá?' Mas foi um passo importante na minha carreira, que me possibilitou novos projetos", diz, acrescentando que poderia ter ficado muito tempo na rádio, onde desenvolvia um bom trabalho, se não estivesse em busca de desafios. Dois anos depois, foi convidada para assumir o escritório comercial de outra rádio, a Antena 1, que possibilitou, em 2001, sua mudança para São Paulo, como gerente do Departamento Comercial da emissora. A estadia na capital paulista não durou muito. Em alguns meses, estava de volta a Porto Alegre. Com uma filha pequena (Vitória, que hoje está com cinco anos) e a recente morte de um irmão, Ana passava por momentos difíceis e, tampouco, não foi fácil se recolocar no mercado gaúcho. "Meu marido (Bira Valdez, diretor da Band RS, com quem é casada desde 1987) é diretor de um grande veículo e, apesar da minha experiência e diversos amigos na área comercial, sinto que as pessoas têm receio de me contratar por isso. Não sei se é receio que vaze informações, ou? Talvez eu seja incompetente mesmo!", conta, achando graça da situação. Após um ano e meio de descanso, Ana voltou para a Band, onde dirige a área comercial. O grupo estava montando um novo núcleo, para conquistar novos clientes, abrir mercados. O convite partiu do próprio Bira Valdez e a deixou receosa, mas aceitou: "Era um projeto novo, eu sempre gostei de desafios, se é difícil eu gosto. Poderia até trabalhar em agências, mas eu optei por trabalhar com clientes e está sendo super satisfatório. Porque tem um volume muito grande de negócios e tem que dedicar a eles muita atenção, muita informação. Um cliente novo é um projeto mais difícil, tem que cativá-lo sempre." Aprendendo sempre Trabalhar na mesma empresa que o marido não faz diferença na vida conjugal. É muito difícil os dois se encontrarem por lá. "Cada um tem o seu trabalho e, às vezes nem sei se ele está no prédio. Também não quero que me vejam como uma extensão do Bira, estou aqui como colega." O casal, normalmente, só tem tempo para se ver em casa. E aí, aproveitam todo o tempo possível para dedicar à filha Vitória, fazendo brincadeiras ou lendo para ela. "Lemos bastante, até porque não temos televisão no quarto. E quando paro para assistir TV, acabo prestando mais atenção é no break comercial, fico zapeando pelo intervalo da concorrência, procurando possíveis clientes", revela. Outra diversão da família é viajar. Porém, o passeio que Ana destaca é sua primeira ida à Europa, em 1992, com uma amiga. "Saímos de mochila nas costas. Foi um desafio encarar outros países, outras línguas. É um conhecimento que ninguém te tira, é indescritível, não se pode dimensionar o aprendizado." Também foi significativa a viagem familiar a Portugal, na época em que ficou sem trabalhar. Ana, Bira, Vitória e Paula (também jornalista e filha do primeiro casamento de seu marido) puderam curtir momentos familiares, o que raramente acontece em Porto Alegre, por falta de tempo. Ana não gosta de falar sobre seus defeitos e qualidades que, segundo ela, são características que os outros é que devem avaliar. Mas não deixa de dizer que se considera muito exigente, não só com as pessoas em volta, como com ela mesma. Porém, não são resultados que ela cobra e sim, dedicação durante o processo. Também diz que é muito transparente e amiga. Não desenvolve muito, para "não parecer que joga purpurina sobre si". Ana aparentemente é tímida, embora passe por cima dessa característica na hora dos negócios. Seu plano para o futuro é estudar mais. Ela já é pós-graduada em Administração e Marketing, mas pensa em fazer um mestrado ou até mesmo outra faculdade. "Gosto de aprender, o estudo possibilita trocas, agora com a minha filha um pouco maior eu vou tentar voltar. É bom para a formação pessoal e para ganhar mais conhecimento."

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