Entenda a polêmica na publicidade da Prefeitura de POA

Verba investida, abrangência geográfica e distribuição de investimentos estão sendo contestadas

Contratação de agências de propaganda pela Prefeitura de POA - Reprodução

A maior polêmica de 2019 na Comunicação gaúcha explodiu exatamente no encerramento do ano. Após a novela da licitação da Prefeitura de Porto Alegre para contratação de duas agências de publicidade terminar, o novo enredo envolve a distribuição da verba, o valor investido, a abrangência geográfica das mídias. E isso tudo nas primeiras campanhas que foram ao ar, a do IPTU da Capital e outra institucional, esta com slogan e peças vencedoras do processo licitatório.

De um lado, políticos, jornalistas e contribuintes em diferentes manifestações nas redes sociais contestam a verba publicada no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa), registrando que o valor do contrato com as vencedoras do certame - Morya e Escala, respectivamente - é de mais de R$ 34 milhões. Do outro, o coordenador de Comunicação Social da Prefeitura, Orestes de Andrade Jr., se defende explicando que este é um investimento previsto desde o início do processo e diz respeito a um levantamento orçamentário. Portanto, "a cifra não será totalmente gasta necessariamente", explicou, em nota distribuída a diversos contatos e grupos de WhatsApp.

Além disso, ele também argumenta que, como o governo havia investido nessa área de forma irrisória até o momento, o valor previsto acumulou para o último ano da gestão. Ou seja, se fosse dividido em quatro anos de mandato, a média anual ficaria em R$ 8,6 milhões - o que, segundo o secretário, é a metade dos gastos de gestões anteriores por ano. De acordo com a nota de Orestes, estes chegaram a R$ 19,5 milhões. Números que chegaram ao Coletiva.net dão conta de que, de 2013 a 2016, estes não superaram a casa dos R$ 15 milhões (e este aconteceu em 2014, ano de Copa do Mundo, quando tradicionalmente se aposta mais intensamente em publicidade nos órgãos públicos).

Mais um aspecto muito questionado em diversas manifestações faz referência a anúncios veiculados fora do Rio Grande do Sul, nos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Valor Econômico. A peça divulga o novo slogan adotado pela administração pública e registra 'As reformas que o Brasil precisa, Porto Alegre já fez'. Para muitos, a escolha da abrangência geográfica e também seu conteúdo estão configurando campanha eleitoral antecipada. Na visão de Orestes, em breve contato com o portal, criticar essa questão é "pensamento de caranguejo". Segundo ele, para inovar e avançar, é necessário mostrar ao Brasil e ao mundo que POA fez o dever de casa.

"O anúncio de meia-página publicado no interior destes jornais mostra que Porto Alegre está pronta para receber novos investimentos. Tanto que o site publicado no anúncio é o de Parcerias Estratégicas", esclareceu o gestor. Ele argumentou que a capital gaúcha é a segunda cidade do País em número de startups e isso precisa ser comunicado para fora, sendo isso o básico em Comunicação. E disse ainda: "Na sequência, vamos comunicar que somos o maior polo de cervejarias artesanais. Que temos uma nova orla, uma gastronomia de qualidade, atrativos naturais na zona rural (...) Esse é só o primeiro movimento!", antecipou.

Outro esclarecimento pontual feito por Orestes diz respeito à atuação das agências neste final de ano. Conforme ele, ambas as vencedoras foram convocadas para uma força tarefa por conta dos feriados de Natal e Ano Novo. "A ação institucional era uma campanha praticamente pronta, já que foi a vencedora da licitação. No que tange o IPTU foi uma reforma muito importante, após quase 30 anos. Era essencial que tudo ficasse esclarecido e fosse didático o quanto antes, especialmente porque o desconto é válido até 3 de janeiro", detalhou.

Ele ainda destacou que o investimento ficou na casa dos R$ 10 milhões para cada ação e que essas cifras foram divididas "praticamente meio a meio entre as agências licitadas". Segundo Orestes, a postura da Prefeitura será essa ao longo do contrato, cuidando para que uma ou outra não seja muito mais beneficiada que a outra.

A redação do portal entrou em contato com o coordenador com outros diversos questionamentos acerca da situação, mas não obteve todos esclarecimentos até a publicação desta matéria. A garantia, porém, é de que todos os detalhes serão pontualmente respondidos em breve.

Anúncio veiculado em jornais do centro do País | Crédito: Reprodução

Esta matéria foi publicada em caráter extraordinário - Coletiva.net está com noticiário interrompido, devido ao recesso de final de ano. A atualização será retomada normalmente em 6 de janeiro, a partir das 10h.

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