Comunicador realiza estudo sobre negros no Jornalismo gaúcho

Egresso da Famecos da PUCRS, Gabriel Bandeira questiona o papel dos veículos na luta antirracista

Egresso em Jornalismo pela Famecos da PUCRS, o jornalista Gabriel Bandeira - Crédito: Reprodução/Facebook

Um egresso em Jornalismo pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o jornalista Gabriel Bandeira, realizou um estudo sobre a situação dos negros no mercado da Comunicação. Além dos dados, o trabalho aborda racismo, desigualdade racial na mídia gaúcha e questiona o papel dos veículos na luta antirracista. O projeto de pesquisa visa a atuação desses profissionais na televisão.   

O estudo foi feito sob orientação do Prof. Dr. e comunicador Juremir Machado da Silva. Apesar de representarem 56% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os profissionais negros são apenas 5,97% dos comunicadores de vídeo das sete principais emissoras com programas telejornalísticos no Rio Grande do Sul, aponta a pesquisa. 

Ao todo foram analisados 134 profissionais de vídeo entre os dias 14 e 24 de junho de 2021. Desse número, apenas oito são negros, sendo cinco homens e três mulheres. Os comunicadores são: Fernanda Carvalho, Marck B e Seguidor F, todos do Grupo RBS. Domício Grillo e Fernanda Bastos, da TVE; Marcinho Bléki e Rafael Cavalheiro, do SBT RS e Liliane Pereira, da Record TV RS.

Band TV RS, TV Pampa e RDC TV, que somam 36 profissionais de vídeo, não têm nenhum negro. A pesquisa revisa o trabalho do jornalista Wagner Machado da Silva, publicado em 2009, que encontrou apenas 3 comunicadores negros entre 421 jornalistas analisados, somando 0,71%, na época. 

Conforme Gabriel, o estudo surge a partir de de um incômodo constante do pesquisador sobre a ausência do negro na comunicação. "O Brasil tem uma ferida aberta com o seu passado escravocrata, que tem ramificações até hoje", alerta. "E isso só se acentua em um estado de maioria branca, que historicamente coloca a contribuição negra em segundo plano. Sempre fui um dos poucos negros nas turmas. Nunca tive um professor negro", explica. 

Ainda segundo o pesquisador, o estudo foi uma das maneiras que encontrou de tornar o racismo estrutural do mercado de trabalho visível para as outras pessoas. "O número é chocante, mas, agora, a partir dele, é possível pensar no que será feito daqui pra frente", afirma. 

O estudo completo pode ser acessado e baixado por meio deste link.

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