Fim do PPGCC: Unisinos apoia busca de iniciativas para proteger o Ensino Superior

Professora e diretora da Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Maura Corcini participou de audiência pública na Assembleia Legislativa

Unisinos apoia busca de soluções para o crescimento da universidade - Divulgação

Na semana passada, a professora e diretora da Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos), Maura Corcini, participou de audiência pública da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa (ALRS). O encontro debateu os fechamentos dos cursos de pós-graduação da instituição, entre eles o de Comunicação, e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Na reunião, foi proposta a criação de um grupo para levar as demandas à equipe de transição do Governo Federal. A gestora disse que a Unisinos é parceira nesse processo, que será liderado pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da ALRS, e em ações que defendam o Ensino Superior.

"A questão não é meramente de intenções, e sim de iniciativas concretas que possam proteger e aperfeiçoar o Ensino Superior, além de estruturar o financiamento da educação", ressaltou ao Coletiva.net. Conforme a docente, a Unisinos entende que há necessidade de medidas estruturais que promovam a saúde financeira e a sustentabilidade da Academia como geradora de conhecimento e qualidade de ensino. "Sendo assim, todas as iniciativas que busquem soluções serão bem-vindas." Para tanto, a instituição é representada pela Associação de Educação Católica (ANEC).

Entre as necessidades apontadas estão o financiamento público dos cursos de graduação e de uma política pública de investimento em pesquisa. Por isso, ela vê com bons olhos todos os esforços junto aos governos Federal e Estadual na busca de uma solução para o déficit de aportes financeiros nas universidades comunitárias - as que são sem fins lucrativos - do Brasil. No entanto, a gestora avaliou que, diante do tamanho da crise e da emergência por soluções, não há previsão de reabrir o PPGCom. "Precisaremos colocar foco no redimensionamento da instituição para garantirmos a qualidade que sempre oferecemos, bem como o comprometimento com aqueles e aquelas que estão na Unisinos."

Ela frisou que os PPGs em processo de desativação têm quatro anos pela frente garantidos, para que as pesquisas de mestrado e de doutorado sejam concluídas com a estrutura de que necessitam. "Precisamos seguir unindo forças com a sociedade e com outras universidades na busca da retomada do crescimento. Qualquer ação que vá nesse sentido, estaremos juntos."

Espaço para debate

Para Maura, a audiência foi uma oportunidade para aprofundar e ampliar a discussão sobre os desafios das universidades públicas e privadas e uma chance para detalhar publicamente e, mais especificamente, para os representantes dos estudantes, as razões que justificam as medidas tomadas pelas organizações. Ela garantiu que se procurou alternativas para  superar o momento, "mas chegamos a um limite de suportabilidade institucional. Tratamos esse assunto com transparência na audiência e tivemos a chance de, mais uma vez, expor e discutir as razões que nos levaram à tomada de decisão de desativarmos 12 de nossos 26 Programas de Pós-Graduação". 

Desativação dos cursos

"Como gestora, posso dizer que a dor sentida na Unisinos, por todos que a dirigem e vivem a experiência de estudar e trabalhar na universidade, é imensa", definiu. Assim como o pró-reitor acadêmico e de Relações Internacionais, Guilherme Trez, havia explicado ao portal em agosto, a diretora detalhou os elementos que levaram a organização ao encerramento dos cursos. Entre eles estão: a queda no número de alunos de graduação; a dificuldade dos estudantes em se manterem na pós-graduação com os valores das bolsas; a necessidade do jovem brasileiro em trabalhar e não poder investir na formação; o crescimento das ofertas de cursos de baixo custo, oferecidos por instituições com fins lucrativos, altamente competitivas e sem compromisso com a ciência e a produção de conhecimento novo; e a crise econômica das famílias brasileiras (potencializada durante a pandemia). 

Presente na audiência, o professor Rafael Campos, representante da Associação dos Docentes da Unisinos, afirmou que essa decisão, no entanto, foi realizada de forma unilateral por parte da reitoria. Afirmação rebatida por Maura. Conforme ela, a reestruturação é decorrente de um conjunto de análises conjunturais, que culminaram nas discussões mobilizadas pelo Planejamento Estratégico Institucional. 

De acordo com a diretora, o processo de desativação foi conduzido pela reitoria junto aos decanos representantes de cada Escola e às diretoras de Finanças e Gestão de Pessoas, da Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, da Unidade de Graduação, bem como do diretor da Unidade de Inovação e Tecnologia. Além disso, no início do semestre, foram mostrados dados de matrículas para a comunidade, para que tivessem ciência da situação. "Em respeito e imensa consideração por todos que construíram a universidade até o momento, fomos a todos os colegiados para conversarmos com os colegas."

Ela entende que uma ação como essa é impactante para todos e que a divulgação poderia ter sido feita de muitas maneiras. Contudo, a emergência da ação e a seriedade da situação conduziu de uma determinada maneira. "Friso que a Unisinos reconhece a manifestação dos estudantes e dos docentes e está aberta para mais uma fala franca. Não estamos contra a comunidade, pelo contrário, estamos com ela, a favor dela e vamos buscar juntos soluções", finalizou.

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