Quantas vezes por dia alguma empresa diz pra você baixar o app?

"Baixe o app" é o novo "ligue já!".

Jura que você baixa um app porque alguém diz pra você baixar o app? Você é facinho assim? Suspeito que não. Eu, confesso, não sou.

Se eu gosto de um produto, admiro uma marca, curto um serviço, daí sim, eu baixo o app.

Quando faço isso, inclusive, nem me sinto baixando o app. Na verdade, estou facilitando a minha vida, colocando um ótimo serviço na minha mesa, tornando o acesso mais fácil.

Mas, a gente não pode esquecer, antes de oferecer o acesso, nós temos que fazer com que as pessoas gostem do que vão acessar.

Aproveite.

Não perca.

Compre já.

Estes termos que habitam a linguagem publicitária só servem para lembrar o consumidor que a mensagem é publicitária.

Me fiz claro? Deixa eu explicar melhor: você oferece um bom produto por um ótimo preço. O consumidor se interessa, embarca no assunto, está inclinado a consumir. A impressão que eu tenho é que se surge um "aproveite já", meio que já era - a pessoa pára pra pensar, sente que o vendedor colocou o pé na soleira da porta.

É diferente de um "saiba mais", link que leva o usuário a novas informações. Ou de um "é só até amanhã" -  nestes dois casos, temos informação útil.

Tudo o que faz propaganda parecer propaganda é ruim. Tudo o que faz propaganda parecer informação, emoção, conteúdo - é bom.

Aplicar também significa impor.

Vamos parar de infligir nossos aplicativos aos pobres dos consumidores.

Marcelo Pires é diretor criativo da De Brito