Combatendo o racismo com mais racismo
Por Renato Dornelles

O racismo está enraizado e incrustado em boa parte das sociedades a ponto de as pessoas não se darem conta de que o cometem. Agem com naturalidade de forma preconceituosa até mesmo quando pensam que estão combatendo a discriminação.
A gafe do momento foi do presidente da Conmebol, entidade que congrega o futebol sul-americano, Alejandro Domínguez. Em um discurso em português, numa analogia, disse que a Conmebol Libertadores sem os clubes brasileiros seria como "Tarzan sem Chita".
O discurso racista e infeliz foi feito na esteira do caso envolvendo o jovem Luighi, de 18 anos, do time sub20 do Palmeiras. O rapaz foi vítima de racismo explícito no Paraguai, durante uma partida, com torcedores do Cerro Porteño lhe provocando com imitações de macacos.
Diante da omissão da Conmebol em relação ao caso, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu que os clubes brasileiros não participassem de competições organizadas pela entidade sul-americana.
Foi aí que, ao analisar essa possibilidade, Domínguez fez a analogia, claramente chamando os brasileiros de macacos. A presidente Leila tem razão. Mesmo que não boicotem as competições da Conmebol, os dirigentes brasileiros precisam se unir e exigir medidas efetivas contra o racismo no futebol. As palavras do presidente da Conmebol comprovam a gravidade.