É Carnaval, e daí?

Por Luan Pires

Eu adoro aquela frase: o ano só começa depois do Carnaval. Humanos adoram um calendário porque podem usar dele para parar o tempo. É igual aos finais de semana, férias, ano novo e por aí vai. É como se dissessem: espera um pouquinho aí problema, vou ali ser feliz um pouco e já volto. Também têm aqueles que usam como ponto de partida: depois do Carnaval vou focar no trabalho, na dieta ou naquele projeto parado. Até mesmo quem não gosta do carnaval em si, gosta do carnaval no sentido de usá-lo como desculpa para uma pausa merecida. 

Não sou contra essa prática. O problema é quando o viver espera o calendário para acontecer. Coitada da segunda-feira nascida com o peso de tantas metas. Abençoada sexta-feira que sempre surge com a leveza dos maravilhosos escapismos humanos. Quando humanos dividem suas vidas entre férias e trabalho,  finais de semana e dias da semana, entre antes e depois do carnaval, vivem numa espera que os faz esquecer do presente.

Não quero ser esnobe aqui porque isso que digo não é algo fácil. Mas, quero que vocês sejam felizes por completo. Felicidade não é amar o seu emprego, ou acordar vibrando ao se atrasar, ficar feliz num ônibus lotado ou sorrir ao ter que conviver com aquele colega insuportável. É entender que seu presente pode ser melhor se você enxergá-lo com carinho e não como uma página a ser amassada e jogada fora até o próximo final de semana. 

Para isso, os humanos precisam entender que o trabalho, colegas e chefes, burocracias e problemas diários não os definem. O que faz o dia ser melhor é encarar o outro com o pensamento de que ele não pode ser capaz de acabar com sua paz. Que ele não merece essa honra. Nem o outro, nem o trabalho, nem aquela meta que virou cobrança. Lembrar do motivo que você faz o que faz, o propósito que deixa sua alma mais feliz e os momentos positivos gerados pelo seu esforço do dia a dia... Isso é um caminho mais saudável. Não é fácil e devo dizer que nem tão justo, eu sei.

De resto, aproveite as pausas do ano sem o pavor de que elas acabem porque a Vida é como você enxerga os problemas e aprende a lidar com eles e não os problemas em si. 

Autor
Luan Nascimento Pires é jornalista e pós-graduado em Comunicação Digital. Tem especialização em diversidade e inclusão, escrita criativa e antropologia digital, bem como em estratégia, estudos geracionais e comportamentos do consumidor. Trabalha com planejamento estratégico e pesquisa em Publicidade e Endomarketing, atuando com marcas como Unimed, Sicredi, Corsan, Coca-Cola, Auxiliadora Predial, Deezer, Feira do Livro, Museu do Festival de Cinema em Gramado, entre outras. Articulista e responsável pelo espaço de diversidade e inclusão na Coletiva.net, com projetos de grupos inclusivos em agências e ações afirmativas no mercado de Comunicação. E-mail para contato: [email protected]

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