O homem que amava palavras

Por José Antônio Moraes de Oliveira

"A lição é a seguinte: nunca desista, 

nunca, nunca. Em nada".

Winston Churchill.

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Ele foi um dos raros homens de seu tempo que sabia usar o poder e a força da palavra, oral ou escrita. Winston Spencer Churchill publicou mais de 40 livros, escreveu quatro mil artigos para jornais e revistas, dois roteiros para o cinema e pronunciou centenas de discursos. Sua produção literária foi estimada pelos biógrafos em doze milhões de palavras. Esgrimista do verbo, alguns de seus discursos ficaram na História, como quando alertou os britânicos sobre a militarização da Alemanha e os discursos ameaçadores de Adolf Hitler.

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Winston Churchill dramatizava suas falas e chistes, temperadas com ironia e sarcasmo, fazendo a festa dos tablóides londrinos. Para biógrafos, como a inglesa Dominique Enright, constituem peças do requintado pensamento elisabetano. São inumeráveis  os exemplos como seu conselho de como preservar energia:

"Não faças sentado o que possas fazer deitado.

E não faças de pé, o que podes fazer sentado."

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Certa vez, um jornalista após entrevistá-lo nos dias finais de seu mandato como Primeiro Ministro, não resistiu à bajulação:

"- Sir Winston, é um privilégio entrevistá-lo aos 80 anos.

Espero ter a oportunidade de repetir o feito nos seus 100 anos".

A resposta que ouviu: 

"- Meu jovem, você parece gozar de boa saúde

e aparenta estar em boa forma.

Não vejo razão alguma que o impeça".

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Controverso e sem medir palavras, criava admiradores e inimigos à esquerda e à direita. Como quando comparava capitalismo e socialismo:

"A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas.

A vantagem do socialismo é a igualdistribuição das misérias."

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Ou quando criticava o comportamento da classe média britânica: 

 "As pessoas se dividem em três classes:

as que se matam trabalhando,

as que se matam com preocupações

e aquelas que se matam de tédio".

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E quando ouvia alguém tentar julgar acontecimentos de épocas passadas, alertava:

"Quem julgar o passado, perderá o futuro."

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Até mesmo Charles De Gaulle, que mantinha certas reservas a seu respeito, admitiu a importância histórica da aproximação de Churchill com o presidente Franklin Delano Roosevelt.

"Uma amizade que salvou a Europa".

Poucas e raras vezes Winston Churchill foi unanimidade entre os ingleses. Os trabalhistas o criticavam por sua posição contrária à independência da Índia, enquanto os conservadores, por seu anti-nazismo de primeira hora. Mas ao final, consagrou-se como um líder inquestionável nos sombrios dias da II Guerra Mundial. Seu discurso "Nunca desista", permanece desde sempre como uma ode à coragem:

"A lição é a seguinte: nunca desista, nunca, nunca, nunca

Em nada. Grande ou pequeno, importante ou não. 

Nunca desista. Nunca se renda à força, nunca se renda

ao poder aparentemente esmagador do inimigo. 

Nunca se renda, exceto às convicções de honra e bom senso."

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Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

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