Sempre fui uma devoradora de livros. A paixão começou lá pela metade da década de 70, ainda uma menina, quando vasculhava os aposentos da casa lá na Zona Sul atrás de algum livro esquecido pelos meus pais. Mais tarde, com a obrigatoriedade de ler tanto no ensino de Primeiro Grau (hoje o tal Fundamental) e do Segundo Grau (agora chamado de Ensino Médio), o amor pelos livros cresceu e eu lia uma média bem elevada de livros por mês, na comparação com outros alunos. Tanto assim que gabaritei as questões de Literatura nas provas do vestibular.

Totalmente a favor do porte de livros, a proximidade da Feira do Livro, que ocorre anualmente em Porto Alegre, faz nascer em mim um entusiasmo de adolescente. Pois a partir da sexta-feira da próxima semana, 27 de outubro, a Praça da Alfândega, no centro nervoso da capital gaúcha, torna-se passeio obrigatório para amantes da literatura. O local abriga a 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, nesta edição com horário único para visitação. As barracas da feira, com os mais variados títulos de livros, abrirão às 10h (duas horas mais cedo que na edição de 2022) e encerram suas atividades todos os dias às 20h.

Até o dia 15 de novembro, o evento que já virou referência no calendário de Porto Alegre, inclusive atraindo visitantes de outras cidades, a praça é dos livros. E de todos os que apreciam as boas obras, com a possibilidade interessante de adquiri-las com preços mais acessíveis. Como sou aposentada e estou sempre driblando meu orçamento para sobreviver, pretendo caminhar pela feira apenas para olhar, com muito carinho, os livros expostos nas barracas. Mas quem tem algum dinheiro sobrando, não pode perder a oportunidade de reforçar a biblioteca.

Na realidade, tenho muitos livros armazenados na minha estante para serem lidos. Pela mania quase compulsiva de comprar livros, e livros e livros. Descobri, graças ao confinamento imposto pela pandemia da Covid-19, inúmeras obras que aguardavam a minha leitura. E nem mesmo os dias de isolamento foram suficientes para saldar o déficit. Romances, poemas, biografias e outras histórias lotam os meus armários ávidos para serem folheados.

E, às vezes, tenho uma vontade irresistível e insaciável de reler alguns livros. Foi o que ocorreu com os três livros que tenho sobre Elis Regina desde que fui ver no cinema o magnífico documentário 'Elis & Tom, só tinha de ser com você'. Já devorei novamente a obra 'Elis e eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe', do João Marcello Bôscoli, filho da cantora com Ronaldo Bôscoli. Separados para releitura, os livros 'Elis Regina. Nada será como Antes', do jornalista Júlio Maria, e 'Elis uma biografia musical', do jornalista, músico, compositor e arranjador Arthur de Faria.

Mas, como não me prendo a uma única leitura, ando intercalando minhas horas de recuperação de um recente problema de saúde com dois títulos que aconselho que devem ser comprados na Feira do Livro. Quando não estou levando o canino Quincas Fernando para um passeio no cachorródromo ou tomando um café com as amigas, divido meu tempo com duas obras excelentes. O livro 'Entre um gole e outro - conversas de boteco', que traz crônicas de 11 jornalistas de renome que compõem a Confraria do Alemão, reunida semanalmente todas às quintas no Bar do Alemão ou do Alexandre. E o livro do Tom Belmonte, querido colega com quem dividi bons momentos na Redação do Correio do Povo, dono de um texto impecável que se derrama em doses certas nas páginas do livro 'Círculo de Sangue'.