Boletim da ARI: Entre destaques, ex-agentes da ditadura são denunciados pela morte de Vladimir Herzog

Tambor da Aldeia também destaca ataques sofridos por jornalistas em março

Associação Riograndense de Imprensa - Reprodução

O Tambor da Aldeia, boletim mensal da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), traz, entre os seus destaques, a notícia de que o Ministério Público Federal (MPF) denunciou, em 16 de março, após 45 anos, ex-agentes da ditadura militar pelo envolvimento na morte do jornalista Vladimir Herzog. O profissional era diretor de jornalismo da TV Cultura e responsável pelo telejornal 'Hora da Notícia', quando foi morto, em 25 de outubro de 1975. Na noite anterior, autoridades assumiram o controle do canal e exigiram que Herzog fosse interrogado. Ele compareceu voluntariamente no dia seguinte, foi interrogado e torturado. Na época, as autoridades alegaram que o jornalista tinha se suicidado, o que a família sempre contestou. Foram denunciados pelo MPF o então chefe de comando da 2ª Seção do Estado-Maior do II Exército, José Barros Paes, o comandante do DOI-Codi à época, Audir Maciel, o ex-agente da unidade Altair Casadei, os médicos legistas Harry Shibata e Arildo de Toledo, além do promotor de Justiça Militar aposentado Durval Araújo.

O informativo da ARI também ressalta que a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudiou o ataque feito ao jornalista e professor Felipe Boff, paraninfo de uma turma de Comunicação Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, que foi vaiado e xingado durante a cerimônia de formatura em 7 de março. O profissional foi hostilizado por parte da plateia ao mencionar em seu discurso as agressões à imprensa feitas pelo presidente da República e mencionar a propagação de informações falsas nas redes sociais. O professor, padrinho dos 21 jornalistas formandos, saiu do evento escoltado por seguranças.

O Tambor da Aldeia também dá ênfase para dois casos de assassinatos de jornalistas ao redor do mundo. No México, a jornalista María Elena Ferral, do Diario de Xalapa, foi baleada oito vezes no centro de Papantla, no estado de Veracruz, no início da tarde de 30 de março. Ela morreu seis horas depois. Ela, que também era diretora do site de notícias Quinto Poder, já havia recebido ameaças. O Escritório Especial em Crimes Eleitorais e Crimes Contra a Liberdade de Expressão do Ministério Público investiga o caso. Na Guatemala, o apresentador Bryan Leonel Guerra, do canal TLCOM, morreu em 3 de março, após ser baleado na cidade de Chiquimula. Guerra havia denunciado ameaças de morte por meio de redes sociais, de acordo com o comunicado divulgado pela Associação de Jornalistas da Guatemala (APG), após o atentado a tiros. A organização disse que a Polícia Civil Nacional e o promotor público não consideraram as ameaças importantes.

Para finalizar, o boletim da ARI ressalta que publishers do New York Times, Wall Street Journal e Washington Post publicaram, em 24 de março, um comunicado crítico à decisão do governo chinês de banir o trabalho de jornalistas americanos dos três veículos naquele país. Os 13 jornalistas que atuavam nas sucursais chinesas desses veículos foram impedidos de noticiar da China. A medida foi uma retaliação diplomática do governo da nação asiática a recente decisão dos Estados Unidos de passar a classificar as sucursais da mídia estatal chinesa como 'missão estrangeira', de modo a aumentar o controle sobre sua atuação. Além de restringir jornalistas do país norte-americano de trabalhar dentro de suas fronteiras, a China vem expulsando correspondentes americanos, incluindo três jornalistas do Wall Street Journal em fevereiro.

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