Cinegrafista da RBS TV é agredido durante confusão em jogo entre Internacional e Caxias

Imagem capturada por Gabriel Bolfoni mostra torcedor colorado desferindo um chute contra ele

Caso aconteceu durante confusão generalizada após término da partida - Reprodução/Twitter

Neste domingo, o último finalista do Gauchão 2023 foi definido na partida entre Internacional e Caxias, no estádio Beira-Rio. Porém, o jogo ficou marcado por mais um episódio de violência, quando jogadores de ambos os times trocaram agressões. Uma das vítimas dos atos violentos foi o cinegrafista da RBS TV, Gabriel Bolfoni. Conforme imagens captadas por ele, um torcedor colorado, que invadiu o campo com uma criança no colo, desferiu um chute contra o profissional.

Após a partida, que terminou com a vitória da equipe caxiense nos pênaltis, jogadores do Inter foram para cima dos atletas adversários. No meio da confusão, um torcedor mandante invadiu o campo com sua filha nos braços e agrediu um jogador do Caxias e, ao tentar fugir, passou por Gabriel e o chutou. Nas redes sociais, o comunicador se manifestou. "Após o susto e a dor do machucado, começo a perceber o absurdo que representa a imagem que gravei. Como podem achar isso aceitável?", escreveu. 

O Grupo RBS também se pronunciou em relação ao ocorrido. "O Grupo RBS reforça seu repúdio a toda e qualquer forma de violência dirigida a jornalistas em atividade profissional", diz a manifestação. De acordo com o comunicado, a empresa, além de se solidarizar com Gabriel, está prestando "todo o apoio" a ele.

Confira as imagens:

Caso de polícia

Embora tenha sido identificado pela Polícia Civil (PC), o agressor, de 33 anos, não teve o nome divulgado. Ele responderá por dois inquéritos, um por lesão corporal leve em relação ao cinegrafista, delito que prevê pena de três meses a um ano de detenção. O outro será pelo artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por submeter a filha a vexame e constrangimento, com pena de seis meses a dois anos de prisão.

Sem antecedentes criminais, de acordo com a PC, o torcedor chegou à segunda Delegacia de Porto Alegre, por volta das 17h, desta segunda-feira, 27, para prestar depoimento. Além disso, não houve flagrante do atentado, uma vez que o agressor saiu do estádio após o episódio e não chegou a ser submetido ao Juizado do Torcedor.

Manifestações 

Em conjunto, a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (Arfoc-RS), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Porto Alegre (Sitgpoa), com o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), repudiaram o ocorrido. "Os sindicatos que assinam essa nota e que representam a imprensa gaúcha, mais uma vez, exigem que as autoridades públicas trabalhem de forma a proteger os profissionais que fazem cobertura dos fatos jornalísticos", diz o comunicado.

Também em nota, o Internacional repudiou os atos e informou que disponibilizará às autoridades as imagens do circuito interno de câmeras do Beira-Rio. "Ainda, o Colorado reforça que não compactua com a atitude tomada por uma minoria da torcida presente no confronto, válido pelo Gauchão", publica. O clube suspendeu o homem do quadro social.

Confira as manifestações na íntegra: 

Arfoc-RS, Sindjors e Sitgpoa

Um homem de 33 anos, de Canoas, sócio do Sport Clube Internacional, com uma criança de três anos no colo, invadiu o gramado, após a partida em que o Caxias venceu o Inter, em jogo válido pela semifinal do Campeonato Gaúcho, e, além de agredir o jogador Nahan, do clube da serra, pelas costas, ainda "chutou" um cinegrafista da RBS TV, cenas registradas em imagens. O nome do agressor, que responderá a dois inquéritos, não pode ser divulgado em respeito ao ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, que protege a menina menor de idade. 

A direção do clube colorado emitiu nota, afirmando que colabora com a investigação, mantendo contato com os dois delegados responsáveis pelo caso e, também, analisa o Estatuto do Torcedor para decidir a medida a ser adotada em relação ao sócio. Ele será submetido ao Conselho de Ética do clube. 

O presidente da ARFOC RS, Rodrigo Ziebell, lamenta que os profissionais da imprensa trabalhem em condições que os colocam em risco, como "não poderem passar pelo túnel, terem que sair no meio da torcida ou ficar trabalhando ao lado de um cilindro de CO2 vazando, com profissionais os manuseando sem EPI. Uma tragédia anunciada e ninguém está vendo nada, ou melhor, não querem ver", denuncia ele.

Os sindicatos que assinam essa nota e que representam a imprensa gaúcha, mais uma vez, exigem que as autoridades públicas trabalhem de forma a proteger os profissionais que fazem cobertura dos fatos jornalísticos, seja no esporte, na política, nos fatos do cotidiano. "Não podemos mais aceitar esse estado de violência constante a que somos submetidos", afirma Laura Santos Rocha, presidenta do SindJoRS. Além do repúdio à violência, à qual os sindicatos pedem que a justiça aja de forma exemplar, também reiteram a inconformidade com a falta de respeito aos profissionais no exercício de sua profissão, tão importante para uma sociedade que vive numa democracia.

Grupo RBS

A respeito da agressão sofrida pelo repórter cinematográfico Gabriel Bolfoni, da RBS TV, após um torcedor ter invadido o campo em meio à briga entre jogadores ao fim da partida de Internacional e Caxias, neste domingo (26), no Beira-Rio, o Grupo RBS reforça seu repúdio a toda e qualquer forma de violência dirigida a jornalistas em atividade profissional. Nos solidarizamos com Gabriel, a quem estamos prestamos todo apoio, e reiteramos a defesa da liberdade de imprensa.

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