Outubro Rosa: "Eu enfrentei com todas as minhas forças", fala a curada Rosane Marchetti

Depoimento da jornalista encerra a série especial do Coletiva.net sobre a campanha mundial que alerta sobre o câncer de mama

Curada do câncer mama, Rosane Marchetti, luta para diminuir os índices da doença no RS - Reprodução/Instagram

Foi durante um exame de rotina que Rosane Marchetti descobriu que estava com câncer de mama. "Eu não tinha saída: desistir ou enfrentar! Eu enfrentei com todas as minhas forças", disse em entrevista ao Coletiva.net. A conversa com a jornalista encerra a série especial do portal divulgada ao longo desta semana sobre a ação mundial que alerta para a importância do diagnóstico precoce da doença.

Conforme o levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que em 2021 ocorram 66.280 casos novos, ou seja, 43,74 por 100 mil mulheres. Com 4.050 em números de casos e  com 69,50% em taxa bruta -  incidência por neoplasia maligna da mama por 100 mil, o Rio Grande do Sul é o quarto e o quinto, respectivamente, nos dois índices, no ranking no Brasil.

Este levantamento e ações da mídia no Estado pautaram o primeiro conteúdo, bem como o depoimento da jornalista Alice Bastos Neves. No segundo, a conversa com Laura Azevedo, head de Inteligência Criativa da Moove. O terceiro contou com o depoimento de Fernanda Rosito, fundadora da FR Press. 

Estar pronta para a luta

Assim como descobriu em um exame de rotina, Rosane defende a importância da realização deles. Apesar de nunca esperar que apareça algo, a realidade pode surpreender. "Então, é importante estar preparado. É para isso que servem os exames. Estar pronta para a luta, caso necessário." Ela confessa que o diagnóstico a "tirou do chão", ainda mais depois de saber da agressividade do tumor. Mesmo pequeno, com um milímetro, ele era bem perigoso. 

Na época, em 2001, ela apresentava o 'Jornal do Almoço', na RBS TV. A decisão, junto com o chefe de redação, foi se afastar do trabalho para se dedicar ao tratamento. Atualmente, no entanto, ela tem outra visão. "Infelizmente, penso, hoje, que nós tínhamos muito preconceito sobre pessoas com câncer. Graças às mobilizações e atitudes de médicos e pacientes é uma realidade que mudou muito."

Ela acredita que contribuiu para dar dignidade aos pacientes com a enfermidade, ao nunca usar peruca, apenas um boné. "Porque muita gente se sentia constrangida, até o dia em que, durante uma entrevista à jornalista Regina Lima, tirei o boné e ostentei minha careca, sem medo que isso diminuiria minha dignidade."

Era uma espécie de recado: "olhem pra mim. A gente  quase sempre perde o cabelo durante o tratamento, mas isso não me diminui. E olha que meu cabelo era o que mais gostava em mim."

Para passar pelo processo, ela diz que, emocionalmente, contou com apoio da família: o marido a ajudava e falava que tudo iria passar, a filha lhe dava esperança e a mãe foi inspiração, afinal era uma vitoriosa do câncer. Além dos amigos, as redes sociais e a equipe médica do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento - as médicas Daniela Rosa e Maira Caleffi, a psicóloga Luci, a nutricionista Paloma e a fisioterapeuta Alessandra Tessaro.

Luta para diminuir os índices da doença 

Curada e fazendo exames anualmente, Rosane afirma que enfrentar a enfermidade despertou nela ainda mais a batalha para ajudar a diminuir a morte por câncer de mama. Para tanto, ela pressiona autoridades, participa de mobilizações, posta constantemente em redes sociais, realiza lives com especialistas e com pacientes. "Câncer não é nada fácil! É uma doença que provoca dores emocionais internas não apenas no doente, mas na família inteira, então imagina a situação das mulheres pobres sem atendimento a tempo, sem acesso aos exames." Ainda, pelo Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), a comunicadora atua em campanhas de conscientização e de pressão ao poder público . 

Para quem está passando pelo o que ela enfrentou, ela manda uma mensagem positiva. A jornalista sabe que muitas vezes é difícil levantar da cama, porque, dependendo do tipo de câncer, o tratamento é diferente, mais agressivo, mas mudar de hábito é fundamental. "Exercícios na medida do possível, pensamento de esperança, fé, mudar a programação do cérebro: 'sim a doença existe, vou enfrentar e vencer e aproveitar um dia de cada vez no que ele tiver de bom'. Ah, e passe um batom, vista uma roupa bacana, com cabelo ou careca, passeie por aí sem medo."

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