Patrícia da Cruz Cavalheiro: De malas prontas

Patrícia Cavalheiro, repórter da Rede Globo no Rio Grande do Sul, ama viver sem rotina

Por Alexandre Pinto - 14/02/2014
O estilo de vida sem rotina, algo natural para quem faz reportagens em televisão, é praticado por Patrícia da Cruz Cavalheiro. Apaixonada pela profissão que escolheu, a jornalista da RBST TV procura vivenciar cada acontecimento, sempre em busca da melhor história, ao atuar no núcleo de reportagem da Rede Globo no Rio Grande do Sul.
São reportagens geralmente elogiadas por apresentarem um toque de sensibilidade característico, segundo opiniões avalizadas pelos colegas, chefes e telespectadores. A cobertura sobre o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, por exemplo, contou com a participação da jornalista, que ouvia famílias abaladas pela tragédia e, com sensibilidade e cuidado, apresentava as histórias no vídeo.
A busca pelo sonho de se tornar uma jornalista reconhecida transformou uma criança curiosa em uma experiente profissional. Ainda como estudante, bateu na porta da sede RBS TV, em Pelotas, cidade onde nasceu em 22 de fevereiro de 1975, e tentou se candidatar à vaga recém-aberta para âncora do Jornal do Almoço. Não conseguiu, claro, mas a atitude lhe valeu o ingresso na empresa como estagiária - e nunca mais deixou de trabalhar em televisão.
Em breve a carreira será deixada um pouquinho de lado para poder enfrentar o desafio da maternidade, pela primeira vez, com a chegada de Armando, fruto do casamento de dois anos com Leandro Dalmoura. Longe dos pais, Avelino Nasser Cavalheiro e Gisela da Cruz Cavalheiro, que moram em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, a criação do filho será um aprendizado para o jovem casal, disso tem certeza.
DNA jornalístico
A família de Patrícia é natural de Pelotas, mas já foram moradores de Caxias do Sul, Maringá, no Paraná, Porto Alegre e Santa Maria, entre outros municípios. Os filhos precisaram estudar em várias escolas porque o pai, representante na área de vendas de uma multinacional, precisava viajar constantemente. Para manter a família unida, cultivava-se o hábito de unir todos em casa nos finais de semana.
O gosto pela profissão foi incentivado pelos pais, que sempre lhe estimularam a correr riscos e não perder boas oportunidades. "Guardo com muito carinho este conselho dos meus pais, que me dá coragem para enfrentar os desafios e, ao mesmo tempo, me deixa segura por saber que posso contar com eles."
A paixão pela área televisiva que havia começado cedo - já na infância a brincadeira preferida era narrar notícias - foi incentivada pelos colegas, que lhe deram o empurrão para bater na porta da RBS TV. Logo depois de se formar, em 1996, passou uma temporada no SBT do Paraná. Retornou ao Rio Grande do Sul após oito meses e, pela segunda vez no Grupo RBS, passou pelo Canal Rural, pela Tvcom e pela sucursal de Brasília. Há seis anos está no núcleo da Globo em Porto Alegre.
Como se vê, uma vida dedicada exclusivamente ao telejornalismo, do que não se queixa. "O trabalho de repórter exige muito. O hard news é o que eu mais gosto de fazer. Para estar ali no meio da notícia, é preciso estar cem por cento disponível. Sempre de malas prontas", ensina. É um ritmo frenético, que só agora se desacelera por conta da maternidade, que exigiu alguns improvisos na hora de realizar reportagens que implicaram em se aventurar de barco, helicóptero ou jipe. Nas últimas semanas passou a conhecer uma outra face do jornalismo ao começar a atuar na produção para o Globo Repórter.
Os desafios
Repórter não tem rotina, registra Patrícia, pois precisa sempre estar preparado para qualquer eventualidade que surgir. Na tragédia de Santa Maria, a cobertura fez com que ficasse 21 dias consecutivos longe de casa. Ainda no início da carreira, passou por uma situação complicada  ao realizar uma reportagem em Foz do Iguaçu. A denúncia de que um carro oficial fazia a travessia na rota de contrabando desagradou autoridades e a equipe acabou presa na aduana. Só foram liberados depois da intervenção do advogado e de executivos da emissora.
Tinha 20 anos e pela primeira vez estava longe dos pais. Tanta adrenalina deixou como resultado uma gastroenterite - e, durante três dias, ficou hospitalizada em uma cidade onde não conhecia ninguém. Para Patrícia, situações difíceis como esta foram vivências importantes que levaram ao amadurecimento. "Não dá para ficar preso numa bolha. É preciso sentir na pele para entender o sofrimento das pessoas. No jornalismo é necessário se expor, estar em contato com o público e trocar experiências com os colegas", opina.
Foi na cobertura do Carnaval fora de época de Uruguaiana que conheceu Leandro, que também estava lá a trabalho como executivo de marketing de uma cervejaria. Em duas semanas já estavam morando juntos, na Capital. "Tudo acontece quando a gente encontra a pessoa certa", avalia a futura mãe, sem esconder a ansiedade pela espera do primeiro filho.
Uma vida prática
Patrícia Cavalheiro acredita ser uma pessoa "super desapegada". "Eu não me dedico a nada que depois possa me fazer sofrer para desapegar. Procuro inclusive não acumular muita roupa. E tento ser uma pessoa o mais flexível possível, para estar sempre livre", afirma. A amizade dos colegas de trabalho é fundamental para a vida pessoal e profissional da repórter. "Dou muito valor a toda a equipe da redação. São meus amigos", salienta.
Por conta do trabalho, está sempre programando algo de última hora para fazer. Depois de uma jornada normal gosta de ir ao cinema, andar de bicicleta, tomar um café com amigos. Aí, fora do ambiente de trabalho, recupera as baterias lendo um livro de ficção, vendo despretensiosamente um programa na TV ou saboreando a companhia de pessoas queridas. Diz estar acostumada com o estilo de vida que pratica. "Tudo pode acontecer a qualquer momento", acredita.
Para manter-se bem informada, procura estar conectada dentro e fora da redação pelas redes sociais e portais de notícias. "Utilizo a internet e demais ferramentas móveis, mas não sou neurótica por tecnologia", admite. A personalidade calma permite ouvir as pessoas e possibilita aproveitar bem o dia. Agora, Patrícia e Leandro prometem curtir um novo momento ao lado do primeiro filho, sempre com paciência e compaixão. "Queremos aproveitar cada minuto e não iremos abrir mão de nada. Certamente todos os conselhos serão levados em conta e, com certeza, iremos dar o nosso melhor ao Armando."
Espera voltar da licença-maternidade com uma nova perspectiva de vida. A busca incansável pela melhor história continuará sendo almejada: no retorno à redação da RBS TV, Patrícia Cavalheiro pretende desbravar ainda mais o Estado, pois acredita que por aqui ainda há "muita coisa boa para contar".
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