Bárbara Fabres: Organizada e (muito) feliz

Gerente de Comunicação e Gestão de Marcas do Grupo RBS, ela encontrou no Marketing a área perfeita para unir suas paixões

Bárbara Fabres, gerente de Comunicação e Gestão de Marcas do Grupo RBS - Arquivo Pessoal

O dia estava muito frio, mas nem as tradicionais baixas temperaturas de Porto Alegre nesta época do ano fizeram Bárbara Mayer Fabres estar menos radiante. Afinal, fazia apenas 36 horas do dia mais feliz da vida dela até o momento. É que a gerente de Comunicação e Gestão de Marcas do Grupo RBS se casou no sábado anterior e pôde, após alguns adiamentos por conta da pandemia da Covid-19, celebrar o amor com o diretor de Fomento da Secretaria da Cultura do Governo do Estado, Rafael Balle. Nesse contexto, Babs, como é mais conhecida, sorria mais do que já lhe é peculiar. 

Se alguém perguntar a alguns dos mais de 10 profissionais que ela lidera uma característica marcante, certamente aparecerá diversas vezes "apaixonada pelo que faz". Ela é assim: intensa, entregue e alguém que ama o ofício há 15 anos - sendo 13 na empresa de mídia. Quase não dá para acreditar que, antes de se encantar pelo mundo da Comunicação, queria ser médica, a exemplo do pai, o obstetra Ubirajara. Segundo ela, a vontade veio especialmente por ver na mãe, a administradora Janice, que trabalhou muitos anos em governos, ausente na rotina da pequena Babs. "Criei na minha cabeça infantil que o que a minha mãe fazia era chato, e o que o pai fazia era legal, afinal, ele estava sempre comigo", explica.

A maturidade veio e, com ela, uma decepção por não ser aprovada na primeira tentativa no vestibular de Medicina, após tanta dedicação aos estudos. Com o intuito de "se testar", acabou cursando Administração com ênfase em Marketing (primeiro na Leonardo da Vinci Business School, depois, transferida para a ESPM, onde se graduou em 2009). Foi quando, mesmo bem jovem, já que ingressou no mundo acadêmico aos 16 anos, apaixonou-se pela área, pois conseguia unir algumas das suas características, como a de gostar de organizar e planejar, unindo-as ao lado mais artístico e lúdico da criatividade.

Cultura familiar

Ao resgatar um pouco da trajetória pessoal e familiar de Babs, logo é possível perceber que ela sempre teve conexão com aspectos culturais. Afinal, dona Janice foi pianista, musicista e concertista e, junto de seu Bira, puderam proporcionar a ela e à irmã mais nova, Paola (carinhosamente chamada de Lola), experiências e aprendizados. Estes passavam por aula de teatro, pintura, desenho, além de viagens e frequentes idas ao cinema. "Por isso o Marketing me encantou. Fazia muito sentido unir as questões mais duras, de estratégia, com o lado que me permitia criar", relaciona ela. Além disso, as pequenas sempre foram incentivadas a investir em conhecimento. "Tínhamos que ler um livro e contar a história, escolher uma matéria de revista e conversar em família", recorda.

Falar em união familiar é fácil demais para Babs, que sorri ainda mais quando cita seus personagens. Quando lembra que herdou da mãe o gosto pelas artes, revela que chegou a tocar piano durante 10 anos, incluindo apresentações musicais. Ela se emociona quando fala dessa fase. "Nunca mais voltei a tocar, pois fui engolida pelo trabalho. Acho que o choro é de raiva de mim mesma, por ter deixado para trás essa paixão. Ainda quero sentar com a minha mãe um dia desses pra que ela me lembre como é", deseja.

Seu Bira também é amante da música, tanto que, com 70 anos recém-completados, deu show na pista do casamento da filha mais velha, dançando Twist até o chão. O patriarca celebrou seu aniversário dois dias antes do matrimônio de Babs, com uma festa à fantasia, com temática de viagens. "Já deu para entender de onde herdei essas questões culturais e criativas, não é?". A relação com Lola poderia render horas de conversa, pois é só elogios ao convívio fraterno. Vencida a fase infantil de brigas recorrentes, passaram a ser inseparáveis. 

Com visível orgulho, conta que a caçula é formada em Design e em Artes Visuais, curadora e crítica de arte contemporânea. "A mana é muito especial. Ela mantém essa veia artística em mim de forma pulsante", derrete-se. Vivendo há quase 10 anos na capital paulista, Babs diz que é duro saber que a irmã não volta mais, mas que aprenderam a conviver com a distância e a se verem com certa frequência, presencial ou virtualmente. 

Rafa, o marido, acompanha esse ritmo familiar, pois também o mantém com os seus. "Durante a pandemia, por exemplo, decidimos não ver absolutamente ninguém para que pudéssemos continuar convivendo com nossos pais." E por falar no companheiro, ela admite que tem vontade de ser mãe, sim, e que está mais aberta a esta ideia atualmente por ter encontrado alguém que nutre o mesmo desejo.

O lazer que importa

Como não é de se espantar, o casal se conheceu no meio de uma pista de dança, numa despretensiosa balada. "Em um mês, o Rafa estava conhecendo a minha família", conta, como quem se assusta com a rapidez. Dois anos de pandemia, que poderiam ter arruinado o relacionamento, serviram, na verdade, para unir ainda mais os dois, que passaram a dividir o mesmo espaço de trabalho, a casa. "Na contramão do que muito se viu, o isolamento fez com que a gente se conectasse ainda mais." 

Além da admiração profissional que um tem pelo outro, os recém-casados também gostam "das coisas mais clichês", como passar o dia no sofá, maratonando séries, e se exercitarem juntos, seja com um personal trainer, ou pedalando pela Orla do Guaíba, já que moram a duas quadras do espaço revitalizado. E por falar em série, Babs gosta de assistir a todas que estão pipocando na opinião pública, para que possa tirar a própria conclusão. Além de Grey's Anatomy, a mais recente foi O Conto da Aia, baseado no livro de Margaret Atwood, escrito em 1985. Isso sem deixar de lado "qualquer reality show besta", como Big Brother Brasil, Brincando com fogo ou Casamento às cegas, afinal, gosta de um besteirol vez ou outra. 

Por conta do ritmo profissional intenso, não tem conseguido se dedicar aos livros, e sente até uma ponta de vergonha ao reconhecer isso, mas garante que Zero Hora é leitura obrigatória todas as manhãs, além de consumir diversos conteúdos mais densos durante o trabalho. "Tenho muitos títulos que comprei ou ganhei, mas não ando conseguindo vencê-los. O livro que estou lendo, ainda que bem devagar, é 'O segredo da Dinamarca', de Helen Russell", detalha.

Uma vida de RBS 

Com mais de 10 anos de casa, teve experiências anteriores, das quais guardou bons aprendizados, como seus dois estágios anteriores, no Banrisul e na Gerdau. Neste último, inclusive, surpreendeu-se com o que viveu, pois esperava encontrar uma empresa mais engessada. Ao lado da ex-gestora Ana Finkler e de mais quatro colegas, foi se apaixonando ainda mais pelo Marketing. "Descobri que era possível me divertir no trabalho. Era uma equipe pequena que tornava os dias muito leves. Aliás, a Ana é certamente uma das minhas inspirações até hoje", elogia.

Quando decidiu que queria ser trainee, o Grupo RBS entrou para o radar de empresas almejadas. E assim foi. Ela e mais seis colegas foram escolhidos em uma seleção que contou com cerca de dois mil candidatos. "Foi um processo longo e intenso, mas me sinto orgulhosa de ter conseguido", diz. De lá pra cá, desafios, muitos setores, cargos, equipes, mas o que mais leva em consideração quando percebe o tempo de casa é o ambiente dinâmico, de transformações constantes e oportunidades de aprendizado, bem como de portas que se abrem. 

Do trabalho para vida

E nessas andanças por áreas como Comunicação, Marca, Multimídia, Inteligência de Mercado, Planejamento, Relacionamento - até uma breve passagem por veículo, quando integrou a equipe do Donna -, Babs exerce, há mais de uma década, funções de gestão. Entre muitos colegas, líderes inspiradores e liderados que dão orgulho, ela tem naturalidade em torná-los amigos, muitos deles nem estão mais no seu dia a dia, mas permanecem convivendo. Uma boa parte dessa lista, inclusive, estava no seu casamento recente, sendo que alguns testemunharam o matrimônio do altar mesmo, como padrinhos e madrinhas.

Ela sabe que é necessário separar o pessoal do profissional em vários momentos, mas argumenta: "Somos um ser humano único, indissociável, e fica impossível que esses papéis não se misturem. Passamos a maior parte da nossa vida trabalhando. Fazer tantos amigos nesse ambiente sempre aconteceu naturalmente, a gente se abre para isso e vai criando laços".

Atualmente, o time de Babs trabalha em formato híbrido, indo até a sede duas vezes por semana. Para ela, este é o melhor cenário, pois une a produtividade que o home office proporciona, podendo ter um olhar mais cuidadoso à qualidade de vida, com a convivência cinestésica que profissionais de Comunicação precisam. Inclusive, dessa rotina surgem muitos feedbacks, e de mão dupla, pois a gerente faz questão de questionar a opinião da equipe sobre sua gestão. 

Quando conta isso, confessa que teve um período em que se perdeu um pouco na função, estava com o escopo muito ampliado e se desconectou da equipe. Nas palavras dela, foi um 'acorda, Bárbara' fundamental para seu crescimento. Desde então, fica aliviada quando ouve elogios como capacidade de ser multitarefas, de organização, disponível e aberta. "Eu me preocupo de verdade em entregar tempo de qualidade para quem trabalha comigo, aprendi isso com meus líderes. Acho que também diriam que sou uma pessoa divertida", fala, rindo de si mesma.

Ambições também

Comandar os 60 anos do Grupo RBS foi um dos projetos mais desafiadores e marcantes, pois se tratava de algo grande, complexo, com muitas pontas a serem amarradas, inclusive com equipes que nem estavam sob sua liderança. A entrega deu certo e é um dos feitos dos quais mais se orgulha. Foi nessa época que se aproximou de Duda Melzer, então presidente da empresa. Com isso, foi chamada por ele para trabalhar com governança familiar. Era um assunto totalmente novo,  com o qual não tinha nenhuma experiência, mas foi, por um ano, gerente de desenvolvimento da família Sirotsky. "Estudei muito sobre o tema, li tudo que era livro, fui a eventos, tudo para me conectar com o assunto", relata. 

Por conta de todas essas experiências, Babs acredita que se torna uma profissional de Marketing cada vez mais completa, mesmo se vendo ainda por muitos anos na RBS. Sabe que tem muito a aprender ainda, porém entende que, a cada ano, dá um passo a mais na carreira, ganhando corpo, equipe, desafios e cargos, tudo que simboliza crescimento e desenvolvimento. "Tenho a ambição de um dia me tornar uma CMO (diretora de Marketing, em tradução livre). Quero continuar trabalhando com Comunicação, com projetos de alto impacto, que é o que mais me motiva: transformar a vida das pessoas de alguma forma."

Ainda quando olha para o futuro, deseja seguir desenvolvendo equipes e preparando pessoas, mas admite que não faz planos para muito longo prazo, pois tudo para ela surgiu e aconteceu de forma natural. Se questionada sobre quem é Bárbara Fabres, a resposta aparece depois de uma pausa silenciosa e simplifica: "É uma pessoa alegre, feliz e organizada. Que traz essas características para a vida pessoal e profissional, pois esses dois lados precisam estar combinados e equilibrados".

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