Flávio Dal Pizzol: Convicção no que quer

Comunicador compartilha sua paixão por café, pelo cachorro Choco e dá pistas do time do coração

Flávio Dal Pizzol

Os atuais cabelos brancos do apresentador e radialista da Rádio Grenal Flávio Dal Pizzol entregam que ele vem de uma "escola de veteranos" do Jornalismo Esportivo. Talvez por isso ainda seja tão difícil revelar o time do coração. Porém, deixa escapar algumas dicas ao longo da entrevista. Prestes a completar 57 anos, o segundo, de quatro filhos do lojista de peças para automóveis Theodomiro Dal Pizzol, comenta que agora está virando moda o pessoal aderir a esta prática de entregar seu time. Conforme ele, esta atitude pode ser até pelo aspecto econômico que muitos acabaram abrindo a preferência. "Na real, eu não vejo vantagem nenhuma em divulgar, mas, esporadicamente, o pessoal faz listas nas redes sociais tentando, teoricamente, entregar os times dos jornalistas. No meu caso, a maioria esmagadora erra. Não é o que colocam ali", sugere.

Solteiro e sem herdeiros, é apaixonado por animais. Tanto é que o Choco, um pequeno e agitado Yorkshire, é tratado como filho. Contando que o cão é mais famoso que ele na rádio e nas suas redes sociais, o pet é permanentemente lembrado pelos ouvintes que ligam para seu programa. "Teve um dia em que eu estava no ar e uma amiga o levou ao estúdio. Quando o Choco me viu, pulou em cima de mim e me deu uma lambida. Aquela coisa do carinho dos animais", diverte-se. Como atualmente os programas são gravados para divulgar nas redes sociais, o público assistiu àquela cena. O resultado? "Segundo a Marjana Vargas (diretora de Conteúdo da Rede Pampa), foi o maior número de acessos, até então, no programa", comemora.

Ainda sobre Choco, o irmão do engenheiro químico Marcus, do técnico químico Alessandro e do lojista Max diz que conviver com seu animalzinho de estimação é uma das maiores alegrias, pois é quem o alegra e lhe faz companhia. Além disso, acaba conhecendo muitas pessoas pelo bairro em suas caminhadas com o pet.

Uma boa dose de café

O radialista, que nasceu em Esteio e por opção resolveu morar até os 18 anos com os avós paternos, Otávio e Angelina, em um minissítio na mesma cidade, hoje é morador da Rua da Praia, no Centro Histórico. Lembra que, quando trabalhava na Rádio Guaíba, levava apenas cinco minutos até o estúdio da Caldas Júnior. A vida que leva sozinho não é sinônimo de rotina triste ou sem graça. Pelo contrário, muitas atividades o fazem sair de casa ou mesmo se sentir acompanhado dentro dela.

É o caso da sua fé. Apesar de ser católico e morar próximo à Igreja Nossa Senhora das Dores, não costuma frequentar o local, mas não é por isso que não exerce a doutrina. Não abre mão de, aos domingos pela manhã, acompanhar as missas pela televisão, algo que lhe dá boas energias. Outro exemplo é que se considera um "hiperviciado em café", e compartilha que um dos seus maiores hobbies é frequentar as cafeterias da cidade. "Gosto muito de ir aos shoppings, encontrar meus amigos, mas sempre os bate-papos precisam ter a ver com café", explica. Conversar com as pessoas e familiares, inclusive, está entre os principais prazeres de vida.

Rádio Esportivo

Apesar de ser formado em Eletrônica pela Escola Técnica Estadual Parobé, os botões, fios e conexões nunca foram sua área. Sendo radialista pela Fundação Padre Landell de Moura (Feplam), desde 1991, seu lugar sempre fora o microfone. Começou a carreira como locutor na antiga loja Mesbla, depois de fazer um curso de dicção na Cruz Vermelha, mas a paixão pelo Jornalismo Esportivo já o havia fisgado quando ia aos estádios de futebol com o pai e, ainda menino, ficava observando a movimentação dos repórteres. Era com aquele universo que ele se encantava.

O tempo passou, atuou em outras áreas, até ser indicado por um amigo para a Rádio Cinderela, em Campo Bom. Lá, fez cobertura de jogos da região, além de matérias e coberturas de Política e de Geral. Mas foi ao indicar o narrador Orestes de Andrade para Luiz Carlos Reche, na Rádio Guaíba, que surgiu uma oportunidade. Este último, aliás, é considerado um das referências profissionais, ao lado de Lauro Quadros. Dois meses depois da indicação, quando estava cobrindo um jogo do 15 de Novembro, escutou pelo plantão da rádio, ao vivo, que o Orestes de Andrade lhe mandava um abraço e avisava que o pessoal Guaíba também queria falar com ele. "Fiquei quieto e nervoso. Afinal, era a rádio dos meus sonhos na época", confessa.

No outro dia, já estava fazendo teste na emissora do extinto Grupo Caldas Júnior (hoje, Record RS), onde atuou por 22 anos. Foi quando conheceu diversos continentes cobrindo jogos de futebol e passou de repórter esportivo e setorista para âncora, fazendo o antes e depois dos jogos, até chegar a comentarista e apresentador, mesma função que exerce hoje na Rádio Grenal, da Rede Pampa. Desde 2017 na nova casa, foi vencedor do Prêmio Press, de 2019, com o programa Dupla em Debate.

Contestador e curioso na vida pessoal e na profissão, é categórico ao dizer que, se tivesse que escolher outra área, seria a do Direito, pois, além de ser estimulante e instigante, também se trabalha muito com o uso das palavras e se assemelha à Comunicação.

Para quem torce

Sobre o time do coração, entrega que a sua preferência poderia já ter vazado, pois teve duas oportunidades de trabalhar no local. Na primeira, foi convidado por um dos times da dupla Grenal, há cerca de sete anos, para trabalhar na Assessoria de Imprensa, mas acabou não aceitando. A segunda foi quando saiu da Rádio Guaíba, em 2017. Estava acertado para trabalhar no mesmo clube, porém acabou não se confirmando por uma situação que prefere não contar para não ter que divulgar o clube. "Posso até dar uma letra: eu tinha acertado para ir para lá, mas tem um atleta que pediu para que a direção contratasse o assessor dele, que estava precisando, e nesta aí, acabei dançando. Senão, todo mundo já saberia o meu time", ri.

Ainda na trajetória profissional, cita que cobriu mais de 70 Grenais, três Copas América, Copa das Confederações, Olimpíadas, três Copas do Mundo, Amistosos do Brasil, além de Copa do Brasil, Libertadores e Mundial. Nunca foi muito de fotos, guarda apenas algumas imagens de uma ou outra situação com algum jogador, como Ronaldinho Gaúcho, ex-Grêmio, de quem é bem próximo, e Andres D'Alessandro, jogador do Internacional.

Já as credenciais das principais competições que cobriu estão bem guardadas e, eventualmente, são compartilhadas nas redes sociais. Criando mais um suspense sobre o time do coração, conta que tem uma plaquinha do mesmo em casa. "Muito bem guardado para não dar confusão", brinca, permanecendo com o tom de mistério.

Puxões de orelhas

Enquanto recorre à música para desopilar, principalmente dos anos 1970, assim como MPB, com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, os livros são um sonífero para ele, que tem entre suas preferências os títulos de História e Política, o que também se reflete no interesse pelos filmes antigos, principalmente bangue-bangue, de guerra e segurança pública.

Nos dias de folga, assiste bastante aos jogos de futebol da rodada e programas jornalísticos. O gosto pelo esporte mais praticado no mundo se estende também à modalidade de salão, bem diferente do vôlei ou basquete, dos quais não gosta. Ao citar que sempre foi "um pouco gordinho", quando criança até gostava de jogar futebol, porém, devido ao peso, tinha certa desvantagem. Na adolescência, conseguiu criar o hábito de praticar futsal, como ala direito, até quebrar por duas vezes o pé e deixar de lado o esporte.

Atualmente, deveria praticar atividades físicas por ordem médica, mas admite que não o faz. A única que realiza com prazer são as caminhadas, mas, por ser bastante preguiçoso, acaba levando dos médicos puxões de orelhas, que se estendem também aos hábitos alimentares. Como bom italiano, não dispensa massa, pizzas, batatas fritas, hambúrguer, nem salada de maionese, mas passa longe dos legumes e verduras. Desde que descobriu o Diabetes, há cinco anos, emagreceu bastante e, hoje, mantém-se no peso ideal, tentando ter uma alimentação mais equilibrada.

Determinado e dedicado, Dal Pizzol pontua que se cobra demais e que, muitas vezes, acaba ficando chateado quando seus objetivos não são alcançados ou alguém lhe frustra. Mais ainda no aspecto profissional, já que é apaixonado pelo que faz e não pretende parar tão cedo. Tanto é que para próxima década espera mesmo é estar trabalhando, indo diversas vezes mais ao Rio de Janeiro e já ter conhecido a Itália.

Convicto do que quer, define-se como uma pessoa inquieta, que puxou à mãe, a dona de casa Nazi Dal Pizzol, sua principal referência de vida. A matriarca, que no auge de seus 80 anos tem disposição de uma guria de 30, é descrita pelo filho como acelerada, extraordinária, maravilhosa e cheia de energia. Realizado e feliz, diz que Deus lhe estendeu a mão e que tem mais a agradecer do que a reclamar. "Acredito muito nas energias e que devemos sempre passar as boas para as pessoas", sugere.

 

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