Aristides Germani: O italiano detalhista

Quando começa a narrar sua vida, os gestos e articulações já indicam que este é um profissional muito detalhista, o que, no caso, é …

Quando começa a narrar sua vida, os gestos e articulações já indicam que este é um profissional muito detalhista, o que, no caso, é bastante apropriado para a especialização que exerce. Ele é Aristides Germani Filho, o papa em cerimoniais no Rio Grande do Sul, que revela com orgulho: "Nasci para fazer isto". De origem italiana por parte de pai e mãe, este sagitariano nascido em Porto Alegre no dia 15 de dezembro de 1941 é hoje um cidadão culto e viajado, que continua a dedicar sua vida a cuidar dos bastidores e do êxito, claro, de todos os eventos que ajuda a organizar ou comandar. Aos 61 anos, o chefe do cerimonial do Palácio Piratini está de volta ao lugar onde iniciou sua carreira. Sua trajetória profissional iniciou no final dos anos 50, durante o governo de Perachi Barcelos, quando atuou no cerimonial como assistente da chefe Ingrid Bercht. Aristides recorda que ficou impressionado quando pisou a primeira vez nos corredores palacianos. "Eu era encarregado de auxiliar na confecção dos convites. Na época todos eram manuscritos", recorda ele, que também não imaginava que aquela primeira tarefa marcaria o princípio de uma carreira totalmente dedicada às lides do cerimonial. A partir desta estréia no Palácio, Aristides teve depois passagens pelos cerimoniais do Ministério da Justiça - no mandato do ministro Armando Falcão - e dos governadores Amaral de Souza e Pedro Simon. Também deixou sua marca nos gabinetes presidenciais da Assembléia Legislativa e da Câmara de Vereadores. E hoje, para não fugir à escrita, está de volta ao cerimonial do Palácio Piratini, atendendo com a mesma competência de sempre as demandas apresentadas pelo casal Cláudia e Germano Rigotto. Graças a sua experiência, transita bem em todos os setores e ambientes. Talvez porque também a sua formação ajude: Aristides é formado em Jornalismo e História. É verdade que dedicou apenas dois anos de sua vida à profissão de jornalista, quando foi colunista social do Jornal do Comércio e da extinta Folha da Tarde, mas sabe como poucos estabelecer uma boa relação com repórteres e fotógrafos cercam as autoridades.
Seguindo os passos
Aristides Germani leva uma vida agitada, longe da monotonia. Sempre atento aos passos do governador Rigotto, ele divide-se com sua equipe para atender as exigências da agenda oficial, com suas solenidades e salamaleques esmerando-se para "deixar tudo na mais absoluta perfeição". No entanto, ele não se queixa da correria, diz orgulhar-se do que faz e declara-se apaixonado pela profissão. Todas as manhãs sai de casa sem tomar café e vai direto para o Palácio. Como mora sozinho e se dá nota zero para o quesito "cozinha", costuma fazer as refeições nos arredores do Piratini. À noite raramente está em casa, pois acompanha a maioria das atividades do Governador. "Como responsável pelo cerimonial devo orientar e antecipar as autoridades sobre o que realmente irá acontecer, então eu e a equipe nos revezamos em acompanhar o governador nas inúmeras solenidades em que estará presente", destaca Aristides. A obrigação não o deixa livre também aos fins de semanas. "Nunca posso dizer que não tenho nada no fim de semana, pois sempre surge um evento". Porém, sempre que a agenda parece mais livre, Aristides viaja para Torres, onde a família tem uma casa. Ali pode praticar mais tranqüilamente sua atividade física preferida, as caminhadas - embora confesse que no frio não se anima muito a caminhar não. De qualquer forma, faz fisioterapia especial, acompanhada de ginástica, duas vezes por semana.
Pelo mundo afora
Apreciador de música clássica, escuta algumas raridades no seu local de trabalho. E, detalhe importante: os colegas devem opinar sobre o clássico. Adora cinema, e faz questão de assistir os filmes em "tela grande". A cultura adquirida se sustenta com a voracidade pela leitura: chega a ler dois livros ao mesmo tempo. " Não gosto muito de ficção, muito menos de histórias tristes. Gosto de ler biografias, acredito que este tipo de leitura me enriquece", comenta ele. Viajar é outra grande paixão, o que explica por que está sempre planejando uma viagem. Dentre todas já realizadas - praticamente pelo mundo inteiro, com exceção dos países da África e Ásia, Aristides destaca a Rússia. "É um lugar em que gostaria de voltar para rever as maravilhas que tem lá. É um país encantador". Nem um pouco intimidado com a violência, se fosse para escolher um lugar para passar o resto de sua vida, Aristides opta pela "cidade maravilhosa", Rio de Janeiro. E faz questão de revelar que as oportunidades de conhecer muitos países e se tornar um homem com boa cultura e "viajado" foram proporcionadas por seu pai, Aristides Amadeu Germani. Sagitariano, "com muito orgulho", o perfil do signo cai como uma luva para Aristides. Com um espírito aventureiro, ele não nega que age às vezes por impulso, e revela que há alguns momentos em que bate o arrependimento. Mesmo atuando com políticos, Aristides enfatiza que seu trabalho não envolve política, mas destaca nele o fato de propiciar "estar de bem com o mundo". "Acho que esse bom humor eu transmito com meu trabalho aqui". Aposentado há três anos, Aristides diz que por enquanto não tem vontade de pendurar as chuteiras - ou, talvez seja mais adequado registrar, guardar as luvas -, mas diz que gostaria de diminuir o ritmo de trabalho. Ele acredita que precisa dedicar mais tempo para cuidar de sua qualidade de vida. "Estou muito satisfeito profissionalmente, ainda não quero parar de trabalhar".

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