Magali Schmitt: Palavras que transformam

Sócia da Publier Comunicação, a jornalista de 53 anos deseja impactar a vida das pessoas por meio da Literatura

Magali Schmitt - Crédito: Bruna Fonseca Photography

As palavras são parte do DNA de todos os profissionais da Comunicação. Elas são as ferramentas que moldam a mensagem, dando vida às ideias e conectando pessoas de maneiras profundas e significativas. Palavras têm o poder de informar, persuadir e inspirar, construindo pontes entre indivíduos, culturas e sociedades. Rosa Magali Schmitt Knewitz acredita exatamente nessa força das palavras.

Sócia da Publier Comunicação, onde atua com foco em assessoria e criação de conteúdo, a jornalista de 53 anos tem um enorme apreço pela Literatura, tanto como leitora quanto como escritora. Esses dois interesses despertaram cedo e simultaneamente na vida dela, aos 12 anos de idade. "Foi como se alguém acendesse uma luz, sabe?", explica. De lá pra cá, foi um caminho sem volta. Das visitas à biblioteca pública ao kindle, as palavras a acompanham desde sempre.

Com um gosto eclético, nomes como Erico e Luis Fernando Verissimo, Jorge Amado, Rosa Montero, Saramago e Sidney Sheldon são alguns dos destaques da sua estante. A sua escrita também não segue uma fórmula única. Magali é autora da reflexão '40 na Cabeça', do realismo mágico 'Meu Vampiro Predileto' e dos contos de 'Cabeça de Árvore e outras histórias sem pé nem cabeça'. Além disso, é coautora de 'Entrevistas póstumas: eles deixaram as respostas. Nós fizemos as perguntas', produzido pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI).

O talento para escrever, inclusive, é uma das qualidades que mais admira em si, embora o perfeccionismo, por vezes, traga algumas desavenças. "Implico muito com as palavras, com o uso dos verbos, então nem sempre isso é bom", conta. E vale ressaltar que, como boa comunicadora que é, não é só na forma escrita que as palavras a acompanham. Na forma falada, talvez as palavras a sigam até demais, pois Magali garante que tem tentado "falar menos". "Enxergamos mais e erramos menos quando ouvimos mais e falamos menos. Isso é algo que estou trabalhando", afirma.

Conexões e afetos

Nascida em Novo Hamburgo, em 18 de julho de 1970, a jornalista é filha da dona de casa Pedrinha de Paula - falecida há 12 anos - e do industriário de calçados aposentado Anildo, que, aos 81 anos, segue "um guri", conforme relata Magali. Durante 15 anos, ela manteve o posto de caçula da família, sendo a irmã mais nova de Magda. No entanto, o cargo foi perdido quando o irmão adotivo Fabrício entrou na vida da família. 

Da infância, lembra-se com carinho da convivência com os primos e tios, que considera fundamental na sua formação. "Nossa família é de alemães, né? Bem barulhenta e unida", relata. A conexão mais forte é com o lado do pai, visto que a família morava próxima ao avô paterno Henrique. "Meu pai tem oito irmãos por parte de pai e mais quatro, já falecidos, por parte de mãe. Então tenho primas com 70 anos e outras com menos de 40", conta.

Hoje, ela ainda se reúne com os primos e tios, mas o núcleo familiar é composto pelo marido, Marcos Knewitz, e pelos filhos, Ingrid, de 22 anos, e Henrique, de 19. Neste ano, inclusive, ela completa 25 anos de casada, mas o relacionamento data de muito antes: são 32 anos juntos, somando namoro, noivado e casamento. "Nos conhecemos na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). Eu fazia Jornalismo e ele, Análise de Sistemas", explica.

Quem completa a família são os pets: os gatos Nicolas Cage e Tina Turner e o cachorro Leonardo DiCaprio. A relação de Magali com os felinos é de longa data, pois sempre conviveu com gatos desde pequena. Portanto, a novidade mesmo é o 'Leo', que foi um presente do namorado para a filha e é carinhosamente tratado como neto pela jornalista. "Não que eu não gostasse antes, mas ele mudou completamente a minha forma de ver os cachorros, assim como de todos aqui em casa. É muito amoroso e querido", afirma.

Primeiros passos

Magali iniciou a jornada acadêmica aos 18 anos, em 1988, quando prestou vestibular para Arquitetura. Contudo, pela falta de condições para arcar com o curso e a pouca afinidade com a matemática, ela seguiu a influência de um primo e da melhor amiga: trocou para Jornalismo. O diploma demorou mais do que o planejado para chegar, visto que a condição financeira continuava pouco próspera. "Fazia uma disciplina, depois outra", conta.

Até que, pela metade do curso, a jornalista garantiu um crédito educativo pela Caixa Federal e conseguiu o canudo em junho de 1999. Nessa época, ela já trabalhava no Grupo Sinos, onde passou pelos jornais NH e VS. Logo após a formatura, em dezembro de 1999, Magali decidiu tentar suas chances em Porto Alegre, ao procurar um emprego no Correio do Povo. A contratação foi inusitada: "Cheguei lá na sexta-feira para conversar com Paulo Acosta, chefe de Reportagem da época, e na segunda-feira comecei a trabalhar". Acontece que ela era amiga de Silvia Bica, que já atuava no CP, e o jornal estava procurando alguém com um perfil parecido.

Ser repórter do Correio foi um dos momentos da carreira em que Magali mais se sentiu realizada. "Foi um período em que cresci muito profissionalmente e que determinou a jornalista que eu sou hoje, criteriosa, que gosta de fazer e ver as coisas bem feitas", relata. A estadia na redação durou até 2002, quando nasceu Ingrid, mas esse não foi o fim da relação com o jornal, uma vez que assumiu o desafio de ser correspondente do Vale do Sinos para o impresso e a rádio Guaíba.

Ainda durante a gravidez da filha, Magali havia decidido explorar suas possibilidades em assessoria, ao trabalhar no CP pela manhã e na Prefeitura de São Leopoldo pela tarde. "Aquilo tudo que a gente faz loucamente, né?", brinca. Isso fez com que permanecesse como correspondente por apenas dois anos, antes de dar exclusividade para a Prefeitura de São Leopoldo. O segundo filho nasceu nesse meio-tempo.

Sendo vista e lembrada

Além do paço municipal leopoldense, do qual se despediu em 2004, ela fez a assessoria da Universidade La Salle (Unilasalle) entre 2005 e 2007, antes de retornar ao Grupo Sinos para ser editora dos portais dos veículos até 2009. "Foi minha primeira experiência com Internet, então foi bem legal", destaca. O Grupo RBS foi a próxima parada, onde assumiu um cargo na Comunicação Corporativa do conglomerado midiático, fazendo assessoria de imprensa. "O setor era a menina dos olhos, então me deu bastante noção do que era o outro lado do balcão. Éramos uma equipe enxuta que fazia chover", explica.

Porém, com os dois filhos pequenos, a rotina entre São Leopoldo e Porto Alegre se tornou desgastante. Em 2011, Magali optou pelo empreendedorismo com a Publier Comunicação. Fundada originalmente em 2003 para o atendimento da Prefeitura de São Leopoldo, a empresa havia ficado inativa durante o período da jornalista no Grupo RBS. "Brinco que já fazia home office antes que ele existisse. Quando saí da RBS, fiquei por um tempo fazendo os cadernos comerciais deles em casa, enquanto uma amiga minha, designer, fazia o projeto gráfico", justifica.

Mais tarde, com as mudanças no mercado editorial, Magali começou a se fixar em assessoria. E, embora o regime de trabalho trazido pela pandemia não tenha sido uma novidade para ela, a jornalista admite que, às vezes, sente falta do clima de redação. Inclusive, a vontade pelo convívio foi um dos motivos para ter se juntado à FTCom em 2023 para dar andamento em alguns projetos. "Estava sentindo que precisava voltar um pouco para o mercado de Porto Alegre, ser mais vista e mais lembrada. Aqui em São Leopoldo, acabo ficando um pouco deslocada", justifica.

Mesmo com o fim da parceria com a FTCom, a relação de Magali com a Capital se mantém no associativismo. Isso porque a profissional é diretora de Comunicação da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil do Rio Grande do Sul (ADVB/RS) e diretora de Mídias Sociais da ARI. "Acredito que sozinhos não fazemos nada. Quando você quer mudar alguma coisa, é melhor estar com alguém ou, nesse caso, em uma entidade", defende a jornalista, que acredita na força das instituições.

Multiplicidades

No dia a dia, Magali é versátil: "Desde escrever livro até trocar o óleo do carro". Essa multifuncionalidade também está presente no lado acadêmico, já que optou por ter uma segunda graduação em Moda. "A Comunicação está tão difícil no Rio Grande do Sul, é um mercado apertado. E como já trabalhei nos principais grupos do Estado, sinto que cheguei no teto", explica. Dessa forma, para a jornalista, a nova área é uma possibilidade de ampliar os horizontes e, em algum momento, unir as duas expertises em um mesmo projeto.

Entre o trabalho na Publier e nas entidades, a graduação e os compromissos com a casa e com os filhos, os dias de folga ficaram escassos. "Sou muito inquieta, estou sempre em movimento", pontua. Nas horas de lazer, as séries e, principalmente, os filmes são grandes companheiros. "Quero aprender mais sobre Cinema. É algo que gosto bastante", afirma. Além disso, a prática da escrita acabou ficando um pouco escanteada, hábito que Magali quer retomar. "Digo que escrever é igual a andar de bicicleta, você não esquece, mas perde um pouco da dinâmica de como fazer", defende.

Atualmente, a jornalista está na luta para encontrar uma editora para o romance histórico 'A Casa da Torre', sua mais nova aposta literária, que mistura a história real do Brasil Colônia com o enredo da protagonista Maria Francisca. "Já recebi um monte de 'nãos' de um monte de gente, mas não vou desistir, pois eu acredito muito nesse projeto. Não quero publicar de qualquer jeito, sabe? Quero que ganhe a proporção que eu acho que vale", pontua. 

Pensando no futuro, Magali, com toda certeza, espera não estar mais presa ao tradicional regime de trabalho de oito horas diárias. Porém, não considera largar a Literatura. Muito pelo contrário, o objetivo dela é viver completamente da sua escrita, viajando o mundo e produzindo. "Espero impactar as pessoas com o que penso, falo e escrevo. Que, de alguma forma, aquilo que eu produzo possa mudar para melhor a vida delas", finaliza.

Comentários