A revolução dos 60+
Por Alessander Bellaver, para Coletiva.net

Por instinto, não gostamos de falar sobre envelhecer. Mas, diariamente, somos lembrados dos avanços da ciência e da saúde. A expectativa de vida está cada vez mais adiante. Faz parte da vida pensar em seu ciclo. Nosso presente é viver melhor. Precisamos deixar os preconceitos de lado e entender o que é, de fato, envelhecer. Como diria Albert Camus: "Envelhecer é o único meio de viver muito tempo".
A última edição do Censo - com base em dados de 2022 e publicada em outubro do ano seguinte - revela um Brasil que envelhece rápido. Entre 1970 e 2022, a população aumentou pouco mais de 2,2 vezes: de 90 milhões para 203,1 milhões de pessoas. Porém, os brasileiros com mais de 65 anos se multiplicaram por 7,5 (de 2,95 milhões para 22,2 milhões), enquanto os acima de 80 anos decuplicaram (de 451 mil para 4,6 milhões).
Com isso, estamos presenciando o surgimento de um novo grupo social: o das pessoas que hoje têm entre 60 e 80 anos. Nasceram a partir da década de 50, foram jovens nos anos 60 e 70. Uma geração revolucionária que encarou vários tabus, como a pílula anticoncepcional, o feminismo e a contracultura. Eles passaram do telefone fixo para as videochamadas. Dos discos de vinil e fitas K7 para a música online.
Isso tudo prova que se tem alguém que está acostumado a mudanças, inovação e novas tecnologias, são exatamente eles. Ou seja, não dá para enquadrá-los nos velhos padrões, tanto na hora de vender produtos e serviços como conceber um empreendimento imobiliário.
O público 60+ está se tornando cada dia mais protagonista, escolhendo e consumindo o que deseja, opinando sobre tudo e tendo uma participação muito ativa na dinâmica social, cultural e econômica. Por isso, coisa de velho é pensar velho! É refletir olhando para o passado. Longevidade, por outro lado, é olhar para o futuro. Mas, atenção: o futuro é também investir no conhecimento - já que o desconhecimento é o principal motor do preconceito e da pasteurização que dominam quaisquer conversas a respeito dos idosos.
Vamos celebrar a maturidade e olhar para o novo. Este artigo não é sobre idade; é sobre saber se reinventar. Afinal, nós, publicitários, somos assim. Inquietos, entusiastas! Você já pensou que a maturidade pode ser o melhor momento das nossas vidas?
Alessander Bellaver é gerente de Marketing da ABF Developments