Em uma gaveta de recordações, está um pouco da minha história no jornalismo: uma pasta em que minha mãe colecionou recortes das minhas primeiras matérias publicadas em Zero Hora, com meu nome sublinhado em canetinha colorida. 

Para tristeza de parte da minha família, eu nunca apareci na TV, mas minha assinatura, logo abaixo do título da reportagem impressa, era testemunho suficiente do trabalho que eu realizava. Meu nome estava lá, em maiúsculas. 

Há mais de três anos, mudei de lado no balcão para fazer um trabalho que não se assina. 

Um trabalho em que o maior indicador de sucesso é o quanto se contribui para o protagonismo do outro, o quanto se oportuniza que porta-vozes estreitem laços, que parcerias se formem, que situações potenciais de risco não prosperem. O quanto somos capazes de amplificar e reforçar posicionamentos, projetos estratégicos, produtos. O quanto podemos gerar valor, engajamento e orgulho por meio da palavra, da imagem, da experiência compartilhada, da emoção.

Este é o desafio diário em comunicação institucional e suas disciplinas de assessoria de imprensa, comunicação interna e relacionamento institucional: das pequenas ações aos grandes projetos, impactar positivamente a reputação e a relevância da empresa e de seus porta-vozes. E, para isso, mergulhar na estratégia, apropriar-se dela para melhor reverberá-la. Atuar nos bastidores, ater-se ao detalhe que talvez ninguém perceba mas que, fora de lugar, poderia comprometer todo o resto. Conhecer as pessoas, suas fortalezas, suas suscetibilidades, compreender o dito e o não dito. Exercer a arte das costuras internas e externas. Dar vida às palavras de modo que o conteúdo se torne orgânico, natural. Que prescinda de assinatura. 

Que a tua voz se torne a voz da organização. 

Hoje, minha assinatura extrapolou a página. Minha alegria está na coxia, roteiro do evento na mão, comemorando a atenção cativa de uma plateia lotada de parceiros de negócio ou de colegas da empresa. Naquilo que um dia foi mensagem-chave proposta para um projeto e agora se dissemina pela voz de outros. No release que repercute servindo de base para matérias de outros jornalistas. No card, no convite, no e-mail marketing, na newsletter, no briefing? Em cada plano de comunicação que se transforma em entregas tangíveis. Em cada pequena parte que dá consistência ao todo. 

E esse todo é feito a muitas mãos e mentes, com a interação de diferentes equipes em uma construção diária em que todos são protagonistas dos bastidores, jogando luz no palco. 

Por isso, o que guardo hoje como recordação são fotos de time sorrindo depois que o evento se encerrou com sucesso, de momentos que criamos para surpreender o público; clippings, pesquisas de satisfação; recados queridos de colegas e parceiros que se sentiram tocados, representados, valorizados.

Uma realização de muitas vozes e muitos nomes que impactam outras tantas vozes e outros tantos nomes. Todos devidamente sublinhados.

Patrícia Rocha é gerente de Comunicação Institucional do Grupo RBS.