SXSW: para além dos podcasts

Ashley Flowers, Kevin Mill e Oren Rosenbaum falaram sobre o formato em um painel do festival

Kevin Mill, Ashley Flowers e Oren Rosenbaum - Crédito: Nicola Gell

Já existem aproximadamente 2 milhões de podcasts no mundo. Há alguns anos, aqui no SXSW, só se falava nisso. ''Vai existir mais podcasts do que música no Spotify'', diziam. Essa previsão ainda não se confirmou - há mais de 60 milhões de trilhas no aplicativo -, mas o podcast já se consagrou como um formato de mídia. O Brasil é o terceiro país no mundo que mais consome produtos do gênero.

E isso fez a conversa chegar em outro patamar. O que tem para além dos podcasts? Já não é mais ''quem vai fazer'' e sim ''como fazer''. A escritora americana Ashley Flowers, que sempre gostou de ler e escutar histórias sobre crimes reais, transformou seu programa em uma rede e se tornou autora número um do New York Times com seu romance de estreia. O 'Crime Junkie', apresentado e criado por ela, é um dos mais populares que existem sobre o assunto e iniciou por acaso. Flowers era cética com o formato, mas, ao começar a consumir, apaixonou-se pelo meio e nunca mais parou. Quando se deu conta de que estava apenas esperando alguém criar um determinado tipo de programa, percebeu que talvez ''esse alguém'' fosse ela. E assim nasceu o projeto. 

No South by Southwest, ela explicou para uma grande multidão como transformou uma paixão em uma empresa de mídia, a Audiochuck, que agora produz vários programas de sucesso. Há histórias parecidas com essa no Brasil e em outros países, mas Flowers é uma das pioneiras a desbravar esse mundo. O desejo de retribuir o fascínio pelo gênero do crime fez com que a escritora construísse uma comunidade no entorno do podcast. À medida que o formato crescia em popularidade, o mesmo acontecia com os negócios, e a podcaster acabou trazendo mais apoio para que pudesse contar mais histórias e ajudar mais pessoas. Ela ainda disse que, no primeiro ano, concentrou-se na criação de conteúdo em tempo integral, depois teve que trabalhar também nos negócios, o que deixou menos tempo para a família. Porém, destacou: "Sinto-me desgastada, mas nunca esgotada, porque amo muito isso", e ainda aconselhou que "você pode ter tudo, mas terá de abrir mão de alguns pedaços seus".

Toda essa determinação para fazer acontecer fez com que Flowers mudasse o meio. No painel com ela, Kevin Mill, hoje presidente da Audiochuck, e Oren Rosenbaum, sócio e executivo de áudio da UTA, empresa líder global de talentos e entretenimento, comentaram como a escritora cresceu e mudou o meio. Eles discutiram também a introdução do vídeo em um ambiente baseado principalmente em áudio - hoje no Spotify é possível assistir a gravações, quando são disponibilizadas também, os chamados videocasts, e ainda assistir a shows. Além disso, a podcaster contou como criou uma experiência para os amantes do 'Crime Junkie', em que gravou um episódio ao vivo reunindo diversos fãs. 

Rosenbaum aconselha os aspirantes a podcasters a encontrarem uma lacuna que possam preencher, em vez de tentar copiar algo que amam. Ele explicou que os podcasts têm uma "baixa barreira de entrada" em oposição ao cinema ou à televisão, mas que os produtores de conteúdo não devem abordar um novo projeto simplesmente como uma plataforma de lançamento para o cinema ou a TV. Mills afirmou que "a consistência é realmente importante, além da qualidade" e compartilhou que a curiosidade de Flowers é a chave para seu sucesso, bem como uma "visão muito clara sobre o que estamos fazendo e por quê".


Com o apoio da Brivia Group, Coletiva.net cobre pela quinta vez o South by Southwest (SXSW). Neste ano, o evento volta a ser realizado totalmente de forma presencial em Austin, no Texas (Estados Unidos). De 10 a 14 de março a jornalista Gabriella Bordasch escreve para o portal sobre as principais atrações e bastidores do festival, além de abastecer as redes sociais com conteúdos exclusivos, bem como gravar drops de notícias do evento para a Coletiva.rádio.

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