Os shoppings centers como um espaço de convivência

Por Elis Radmann

O consumidor desenvolve novos comportamentos seguindo a influência da realidade em que vive. Para entender como o consumidor faz as suas escolhas e se relaciona com produtos, marcas e serviços, é vital a monitoração de suas experiências. E os cientistas do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião têm se dedicado a estudar a experiência de compra de consumidores de shoppings centers.

Cada vez mais os consumidores percebem os shoppings centers como um espaço comercial que proporciona vagas de estacionamento, clima agradável pelo ambiente climatizado e uma certa sensação de segurança. Para ele, o shopping é muito mais do que um local de compra. Quanto mais urbanizada e insegura for uma cidade, maior é a tendência de utilização do shopping center como um espaço de lazer e de convivência social. E, neste contexto, o processo de compra não é a causa, e sim, a consequência.

De forma geral, em torno de 2/3 dos consumidores costumam ir acompanhados ao shopping. O consumidor percebe o centro de compras como um espaço diversificado, que agrada a vários tipos de faixa etárias e/ou personalidades. É um local para a família, mas também para passear e encontrar amigos. E quem vai acompanhado fica mais tempo no shopping, em média, 2h30.

O shopping é visto como um local prático, com comodidade e conforto, com várias facetas e onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo:

- A galera marca um encontro no shopping sem um propósito, apenas para dar um rolé;

- Pais levam filhos para passear, buscando recreação e entretenimento que não se encontra mais na vizinhança das casas;

- Pessoas estressadas procuram o espaço para desopilar, se integrar ao movimento e ser mais um na multidão;

- Uns procuram o cinema do centro de compras para relaxar e outros gostam da 'muvuca' do cinema quando há lançamento de filmes badalados;

- A acessibilidade motiva pessoas de terceira idade a utilizar o shopping como um espaço de lazer;

- É um local muito utilizado por namorados e também é cenário para os inícios e términos de namoro;

- Um local público que dá para utilizar o celular com uma certa tranquilidade;

- Por ser um local de fácil identificação e por sua variedade de opções, reuniões de trabalho são realizadas nas praças de alimentação de shoppings;

Uma infinidade de motivos leva o consumidor ao shopping, mas uma vez no shopping, relações de consumo são estabelecidas. O consumo pode não ser o fim, mas se torna o meio. Em média, 70% dos consumidores afirmam que vão aos shoppings motivados pelo lazer, com o objetivo de passear. E, no final, mais de 70% declaram que acabam realizando compras e/ou utilizando a praça de alimentação.

Uma vez no shopping o consumidor é motivado a comprar. Os consumidores de tendência e de impulso gostam de um mix variado de lojas e de produtos. Estes consumidores vão quase que semanalmente ao shopping e são estimulados pela disposição de novos produtos nas vitrines, obrigando os lojistas a trocarem suas vitrines semanalmente.

O consumidor racional, que vai passear no shopping, é instigado por campanhas promocionais ou de fidelização ao cliente. Também calcula custo versus benefícios de um produto, como inovação, exclusividade ou durabilidade de uma marca.

Quando o consumidor está no shopping, uma coisa leva a outra. E, diante desta tendência, é vital que os shoppings centers trabalhem na atualização constante de seus espaços de lazer e entretenimento.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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