A culpa é de quem protesta

Por Rafael Cechin

A arbitragem no Brasil realmente não está em grande fase. Muitos erros, o VAR mal utilizado, reclamações cada vez mais presentes nas partidas. A grande questão, no entanto, dificilmente é tratada nestes episódios: os dirigentes, que tanto protestam, são os principais responsáveis pela mediocridade no apito. Caberia a eles mudar a realidade. E não o fazem.

A tão falada profissionalização dos árbitros parece utopia. Não há iniciativas, talvez tampouco tenha-se interesse que vire realidade. Os mesmos presidentes de clubes e vices de futebol que reclamam dos erros teriam de estar exigindo uma mudança no modelo de contratação de quem apita. Em vez disso, lamentavelmente, só olham para os próprios umbigos e tornam os equívocos nos jogos úteis para esconder os próprios defeitos.

Todo mundo é prejudicado, todo mundo é beneficiado, mas o Grêmio nos últimos jogos tem sido vítima de equívocos bem grandes, tem razão em protestar muito. Só não pode esconder com isso as falhas que comete. Diante de Santos e Bragantino, os dois duelos mais recentes, o sistema defensivo voltou a ficar muito exposto e o ataque de novo foi ocasional na criação de chances de gol. Precisa melhorar muito.

O Inter teve mudanças no esquema promovidas pelo Ramon Diaz diante do Botafogo e deu certo. Era visto e anunciado que o Alan Patrick estava deixando o time lento atuando mais atrás. Como "falso 9", o último homem no ataque, a equipe se movimentou melhor e teve no próprio Alan Patrick um jogador de conclusão com muita qualidade dentro da área. A defesa também ficou mais segura com os três zagueiros.

Na classificação a dupla Gre-Nal segue como coadjuvante, bem longe de quem luta por vaga na Libertadores do ano que vem. Vamos torcer pra que o desempenho e os resultados voltem melhor depois da parada para as datas FIFA. Nossos times pelo menos respiram mais longe da zona de rebaixamento.

É pouco se contentar com a permanência na Série A? Claro que sim. Pelo menos a situação atual é um forte sinal de que não teremos emoções ruins até o fim do ano. Agora são alguns dias sem partidas para se preparar bem. Veremos o que vem depois, mantendo uma realidade aparentemente imutável de que a culpa é de quem protesta.

Autor
Jornalista graduado e pós-graduado em gestão estratégica de negócios. Atua há mais de 25 anos no mercado de comunicação, com passagem por duas décadas pelo Grupo RBS, onde ocupou diversas funções na reportagem, produção e apresentação, se tornando gestor de processos e pessoas. Comandou o esporte de GZH, Rádio Gaúcha, ZH e Diário Gaúcho até 2020, quando passou a se dedicar à própria empresa de consultoria. Ocupou também, do início de 2022 ao final de 2023, o cargo de Diretor Executivo de Comunicação no Sport Club Internacional. Atualmente mantém a própria empresa, na qual desde 2021 é sócio da Coletiva,rádio, e é Gerente de jornalismo e esporte da Rádio Guaíba.

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