A Ferida Que Não Fecha
Por Fernando Phulmann

"Nós vamos sorrir. Sorriam."
Eunice Paiva
A ditadura é uma ferida pútrida que não fecha. Quem discorda dessa frase, ou defende a ditadura e não a considera pútrida, ou não vive no mesmo mundo que "nosotros", como dizem os castelhanos.
Passados quase 40 anos da abertura, ainda respiramos esse ar pesado que exalam os adoradores de coturnos, pessoas que acreditam que o exército serve aos seus interesses e não ao País.
Sempre fui contra a anistia, crimes contra os direitos humanos não podem ser anistiados, pois isso manda um recado direto que eles são toleráveis em momentos extremos e não podemos tolerar mães sendo estupradas na frente dos filhos.
Escuto gritos de tortura frente a um depoimento colhido em uma sala própria para isso, feito por um juiz do STF e com a presença de advogados de defesa, ao mesmo tempo, acompanho dos mesmos protestantes, um silêncio fétido sobre os porões do DOPS.
Vejo um líder da extrema direita implorando agora por anistia e lembro de um vídeo onde este mesmo ser abjeto bradava que morreram poucas pessoas no País durante os "Anos de Chumbo", que 30 mil óbitos seriam o mínimo aceitável para este período, nas palavras desse mentecapto.
Lembro de amigos que tiveram familiares ceifados pela pandemia, chorando, sem poderem ir nem ao velório dos seus entes amados e penso no sorriso irônico do presidente da República, na época, debochando de pessoas se afogando no seco, pois este mesmo ignóbil não comprou as vacinas que impediriam milhares de morte, quando teve a oportunidade.
Estes pobres exemplos são só para demonstrar a podridão com a qual estamos lidando neste País atualmente.
Se não tivéssemos tido anistia irrestrita e, sim, julgamentos justos pós abertura, isso não estaria acontecendo? Provavelmente estaria, afinal a "cadela do fascismo está sempre no cio", mas eles saberiam que teriam que pagar pelos atos em algum momento.
Assassinos, bandidos, psicopatas e mau caráteres sempre reinam em qualquer regime de exceção, seja no governo de um país continental como o Brasil ou na condução de uma favela na periferia deste mesmo. O problema é que, hoje, os mesmos milicianos que aterrorizam as favelas, tentam estender os seus tentáculos à Brasília.
Não idolatro o Alexandre de Moraes, acredito que ele tenha defeitos como todos nós. Não coloco pessoas comuns com capas de super-heróis, isso é de uma infantilidade sem tamanho, mas reconheço nele a principal virtude que necessitamos hoje no País: coragem para olhar nos olhos desse bando de marginais e não tremer.
Ditadores e bajuladores destes acreditam que todo mundo deve ser curvar aos seus desejos, e não estão acostumados a ouvir que eles não têm mais direito que os outros, precisam lidar com negativas e não sabem lidar com isso, pois acreditam que são os provedores, os senhores do dinheiro, os detentores do poder, mas precisarão aprender, por que ninguém mais vai se subjugar aos seus porões fétidos. Nós não temos mais medo de ameaças, nós crescemos, nós olhamos vocês nos olhos e, se precisar, cuspiremos em suas caras .
Vocês são sujos, pequenos, fracos, atrasados e nem o revólver que vocês carregam na cintura, como forma de afirmação, será resolutivo nesta disputa. Ainda "estamos" aqui e ninguém vai arredar o pé por que um bando de mimados se acha melhor que os outros.
Engulam o choro! Engulam a arrogância! Engulam o mau caratismo de vocês!
A gente vai passar. Aliás, a gente está passando e, dessa vez, vocês não terão anistia para se esconder dos crimes cometidos.
ANISTIA NUNCA MAIS!