A importância de olhar os dois lados da moeda

Por Grazi Araujo

Vamos deixar a política fora disto, ok? O objetivo do texto desta semana é refletir sobre a postura que as redações tomam em alguns momentos, o lado, a falta de cuidado e a pressa - talvez - por "manchetear".

Vamos ao caso da citação do presidente Bolsonaro no caso Marielle. Sobre o segredo de justiça e o acesso às informações, isso é fruto do acesso dos jornalistas às fontes, ao trabalho de reportagem e de interesses distintos que fazem os dados chegarem até as redações. Não me cabe julgar o tom da resposta, o conteúdo ou algo do gênero, dada por Bolsonaro, mas ouso dizer que no lugar dele eu mandaria longe também. Ainda esta semana me chamou atenção meia página de um dos nossos grandes jornais, estampando - acredito que na íntegra- resposta do ministro gaúcho Osmar Terra. O motivo? O mesmo jornal fez uma matéria contando sua trajetória política, resumidamente, sem ouvi-lo! Para pontuar mais uma, nos últimos dias fui questionada do porquê eram citadas apenas entidades contrárias a determinado assunto de governo e não também as que apoiam tal iniciativa. Esse caso, como é pessoal, prontamente o colega entrou no ar e deu "o outro lado" ou apenas a realidade dos fatos ou então apenas a informação completa, como preferirem entender.

Gente, tem certas coisas que são básicas no jornalismo, que integram as primeiras disciplinas do curso e são repetidas por respeitosos mestres da comunicação. Imparcialidade, qualidade e veracidade dos fatos, responsabilidade e ética são coisas básicas e que não devem - ou não deveriam - ser munição para a guerra de audiência.

Mas as coisas estão mais "pessoalizadas" ultimamente, salvo o posicionamento de colunistas que podem expor algum lado em seus espaços. O questionamento, a investigação, a polêmica, os furos e tudo que compõe o universo de pautas são rotinas. Agora, cadê a responsabilidade de veicular algo ouvindo os dois lados? Ou então de procurar a resposta do personagem principal da matéria? Onde está o compromisso da veracidade dos fatos? O alcance da mídia é tão imensurável que quem ouve a metade da notícia ou quem lê apenas o título, leva aquilo como verdade absoluta. Imagina quem acompanha tudo e sabe que os fatos não estão estampados por completos ou que tal assunto é mera especulação? Quantos prejudicados? Qual o saldo que fica em situações irresponsáveis? Como reverter uma mentira que foi dita em rede nacional e virou manchete nas capas do dia seguinte? O direito de resposta, devido e muitas vezes atendido, nunca alcança o mesmo público! Meu apelo é para que tenhamos de volta a imparcialidade no nosso jornalismo, sem censura, sem sensacionalismo e com o comprometimento daquele juramento que aqueles que têm o orgulho de ter levantado um diploma fizeram no dia da colação de grau.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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