Falo com...

Por Marino Boeira

Falo com Leon Trótski, político e revolucionário (1879/1940).

Trótski, você, até o fim de sua vida, foi um defensor da revolução socialista e sempre acreditou nela.

"Ela virá, a revolução, e trará ao povo, não só direito ao pão, mas também à poesia."

O que o leva a essa certeza?

"Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, então que morra."

O Marxismo tem a solução para a crise do capitalismo?

"O marxismo procede da economia mundial, considerada não como a simples soma das suas unidades nacionais, mas como uma poderosa realidade independente, criada pela divisão internacional do trabalho e pelo mercado mundial, que na nossa época, domina todos os mercados nacionais. As forças produtivas da sociedade capitalista ultrapassaram muito as fronteiras nacionais."

Suas divergências com Stalin marcaram a Revolução Soviética. Enquanto Stalin defendia a "revolução num só país", o seu projeto era o da "revolução permanente". O que ela significava?

"A burguesia contemporânea dos países atrasados é incapaz de realizar a revolução democrática burguesa, devido a fatores como a debilidade histórica e a sua dependência de capitais imperialistas. Portanto, é o proletariado, que deve conduzir a nação para a revolução, a começar com o trabalho democrático e continuar com o socialista."

Mas como fazer para chegar à revolução?

"Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução."

Mas, às vezes, ela parece estar muito distante.

"Toda revolução parece impossível até que ela seja inevitável."

Vale tudo para tornar a revolução vitoriosa?

"Pergunta o moralista se na luta de classes contra o capitalismo, são permissíveis todos os meios: a mentira, a falsificação, a traição, o assassínio? Respondemos: são admissíveis ou obrigatórios apenas os meios que aumentam a coesão do proletariado, inflamam sua consciência com um ódio inextinguível para com toda forma de opressão, ensinam-lhe a desprezar a moral oficial e seus arautos democráticos, dão-lhe pela consciência de sua missão histórica e aumentam sua coragem e sua abnegação."

E as ações individuais contra o sistema capitalista?

"Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador que algum dia virá cumprir sua missão."

- Voltando ao seu conflito histórico com o Stalin, o que você pensa dele?

- "Ninguém, e não faço exceção de Hitler, aplicou ao socialismo um golpe tão mortal. Hitler ataca as organizações operárias do exterior. Stalin as ataca no interior. Hitler destrói o marxismo; Stalin o prostitui."

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

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