In Forma (06/08/2025)
Por Marino Boeira

A SEMANA NA POLÍTICA
Nunca a vida política no Brasil havia chegado a um nível tão baixo como nos dias de hoje. O que a mídia tradicional e as redes sociais registram é um debate que tem de tudo, menos idéias, entre os defensores do fragilizado governo Lula e os saudosos da nefasta figura de Jair Bolsonaro.
A semana que passou mostrou Lula da Silva adotando a figura do valentão da zona a desafiar a turma do Trump para um vale-tudo verbal. Em mais de uma vez, no seu encontro com membros do PT em Brasília, repetiu que não tem medo de qualquer confronto com o norte-americano.
O tarifaço seletivo de Trump faz parte da tradicional política protecionista do imperialismo norte-americano e não se destina a atingir especificamente o Brasil, embora a menção que ele tenha feito aos "maus tratos" ao seu amigo Bolsonaro e merecia uma resposta no mesmo tom na economia e na diplomacia.
Mas para fazer isso, como fez a China, por exemplo, o Brasil não poderia ser o que é hoje: apenas uma economia dependente da exportação de matérias primas no cenário internacional.
Lula vai cumprir o seu terceiro mandato e o PT o quinto sem um grande projeto de desenvolvimento tecnológico para o País, que vive apenas de pequenos avanços em áreas específicas nas mãos da iniciativa privada, caso do agronegócio e no comércio. Enquanto isso a saúde e a educação públicas definham e a exploração da força de trabalho da massa operária só aumenta para garantir o lucro dos empresários.
Agora mesmo para enfrentar os cortes nas exportações o governo de Lula pretende oferecer créditos subsidiados e prazos longuíssimos de pagamento para os empresários que perderam exportações, tudo aquilo que o brasileiro comum não tem. Além disso, já anunciou que pretende comprar ele parte daquilo que se deixou de exportar para os Estados Unidos principalmente na área de alimentos. Ou seja, os brasileiros comuns vão mais uma vez pagar para que os empresários não percam nada, mesmo que vivam com grandes dificuldades econômicas.
Mais de 40% da população ocupada no Brasil trabalha hoje em situação de informalidade. São desde os motoristas do Uber até os catadores de papeis nas grandes cidades. Aproximadamente 37% dos trabalhadores brasileiros ganham até um salário mínimo. Em números absolutos, isso representa cerca de 36,4 milhões de pessoas, segundo o DIEESE. Além disso, quase 70% dos trabalhadores brasileiros ganham até dois salários mínimos.
E para quem não lembra, o salário mínimo hoje no Brasil do Lula e do PT é de 1.518 reais, enquanto, segundo o DIEESE, ele deveria ser de 7 mil 156 reais e 15 centavos.
Fora desses trabalhadores informais e dos que vivem com baixos salários, existe ainda a grande massa dos que já desistiram de buscar qualquer ocupação e estão presentes nas ruas das grandes cidades, vivendo da caridade pública e de algum auxílio dos chamados projetos sociais do governo.
Mas esse é o chamado "Estado Democrático de Direito" que os bolsonaristas pretenderiam destruir. Na semana que passou, eles foram para as ruas das grandes cidades criticando o governo do Lula a fúria punitivista do Xandão no Supremo e ameaçando com a volta dos seus representantes, seja ele Jair Bolsonaro ou qualquer outro em seu nome.
No momento em que o mundo inteiro se indigna com o genocídio que os sionistas promovem contra os palestinos em Gaza, alguns desses bolsonaristas idiotas ergueram a bandeira do estado criminoso de Israel em suas passeatas.
É difícil imaginar uma disputa pior para o Brasil do que essa de Lula e Bolsonaro.
Seja quem for o vencedor, perdemos nós os brasileiros.